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Bilionário Carlos Slim leva rivalidade para campo de futebol

Slim é investidor do Club León, que enfrentará o Club América, do concorrente Emilio Azcárraga, caso que gerou uma disputa entre as empresas de telecomunicações


	Carlos Slim: os torcedores foram afetados pela rixa e não poderão acompanhar a primeira final devido a um acordo para televisionar a partida apenas no cabo
 (Getty Images)

Carlos Slim: os torcedores foram afetados pela rixa e não poderão acompanhar a primeira final devido a um acordo para televisionar a partida apenas no cabo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 13h29.

Cidade do México - Os bilionários mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcárraga, que normalmente disputam cabeça a cabeça os clientes de telefonia e os espectadores de TV, estão levando sua rivalidade para o campo de futebol nesta semana em um jogo do campeonato do México.

Slim, proprietário da maior operadora de telefonia celular do país, é um investidor do Club León, que é finalista da liga nacional de futebol do México. O time está enfrentando o atual campeão Club América, controlado pelo magnata da TV Azcárraga, em uma série de dois jogos que começa amanhã no estádio do León.

As legiões de torcedores mexicanos foram pegas pelo fogo cruzado e não poderão acompanhar a primeira final devido a um acordo para televisionar a partida apenas no cabo, pela primeira vez. Depois que a América Móvil SAB, de Slim, adquiriu uma participação do León no ano passado, o clube firmou um acordo de direitos de transmissão com a emissora de TV a cabo Fox Sports.

Com isso, o primeiro jogo das finais não estará disponível no país com o sinal de TV aberta e grátis, o reino dominado pelo Grupo Televisa SAB, de Azcárraga.

“O futebol no México não é apenas um esporte popular”, disse Miguel Ángel Lara, professor de mídia e esportes da Universidade Iberoamericana, na Cidade do México. “Ele move interesses políticos e econômicos. É mais que um esporte por aqui”.

Muitos mexicanos assistem aos jogos importantes em cantinas ou se juntam ao redor de lanchonetes ambulantes, cujos donos montam pequenas TVs em seus carrinhos. Apenas 44 por cento dos lares mexicanos têm acesso a TV a cabo ou por satélite, a mais baixa penetração entre os maiores países da América Latina, segundo dados do Conselho Latino-americano de Publicidade em Multicanais de TV por Assinatura.


Colecionando ativos

O investimento no León é parte do esforço de Slim para colecionar ativos de mídia, incluindo uma participação na equipe de futebol Club Pachuca e os direitos de transmitir a Olimpíada, para atrair espectadores para o site da América Móvil com uma programação exclusiva.

Embora a empresa não tenha seu próprio serviço de TV paga, ela disse que mudanças recentes na legislação mexicana podem lhe dar a oportunidade de entrar no mercado.

Slim também transmitirá os jogos por intermédio do meio de notícias on-line da América Móvil, Uno TV Noticias, que um número crescente de mexicanos com smartphones pode acessar, segundo Lara.

A decisão está ajudando o bilionário em sua batalha contra a Televisa, de Azcárraga, que possui o canal de TV aberta mais assistido e investiu em TV a cabo e operadoras de telefonia celular, colocando-a diretamente em concorrência com Slim.

“O futebol é um daqueles cenários nos quais eles podem lutar um contra o outro abertamente”, disse Lara.

Os mexicanos sem acesso a TV paga ou internet terão que perder uma das partidas mais importantes do ano. O futebol é o esporte mais popular do país, segundo uma pesquisa de janeiro da Consulta Mitofsky.


O Club América, que está disputando seu 16º título da primeira divisão, é do tipo “ame ou odeie”. Embora 17 por cento dos entrevistados na pesquisa da Mitofsky o tenham apontado como time favorito, seguido apenas pelo Club Guadalajara, 41 por cento disseram que é o time que eles mais odeiam.

Estádio Azteca

A Televisa, a maior emissora do país, transmitirá a segunda partida da final no domingo, quando as equipes se enfrentam no Estádio Azteca, de propriedade da Televisa, na Cidade do México. Assessores de imprensa de ambas as empresas não responderam imediatamente a pedidos por comentários.

A rivalidade mostra sinais de uma maior intensificação depois que o governo aprovou uma lei neste ano pensada para criar mais concorrência nos setores de telefonia e mídia. A América Móvil tem uma opção de adquirir uma participação controladora na Dish México, a segunda maior empresa de TV por satélite, porque Slim pode obter uma licença de TV, um resultado potencial da lei de reforma.

A Televisa, enquanto isso, está contra-atacando a América Móvil por meio de uma joint venture de telefonia celular com outra emissora, a TV Azteca SAB. Esse esforço promoverá um impulso se a nova lei conseguir diminuir a participação da América Móvil no mercado de telefonia celular, hoje em 70 por cento.

“Há uma batalha aberta”, disse Lara. “Slim quer entrar na TV por meio do futebol e que forma melhor de entrar nisso?”.

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