BB: "É preciso deixar claro que não estamos demitindo ninguém"
Com reestruturação, banco irá cortar agências e, por consequência, postos de trabalho , das atuais 107.000 para 98.000.
Tatiana Vaz
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 11h16.
Última atualização em 21 de novembro de 2016 às 11h57.
São Paulo - Às 9h30 da manhã de hoje, todos os 107.000 funcionários do Banco do Brasil espalhados pelo país receberam a notícia da reorganização da instituição, com informações detalhadas sobre fechamento de agências e planos de aposentadoria e redução de jornada por meio do sistema interno do banco.
A informação foi dada pouco antes de acabar a coletiva de imprensa dada pela instituição para explicar o plano de reduzir o número de pessoas para 98.000 e adequar o negócio a uma nova realidade competitiva e mais digital.
"É preciso deixar claro que o Banco do Brasil não está demitindo ninguém", disse o presidente Paulo Caffarelli.
De acordo com a instituição, a transparência e respeito serão as diretrizes da maneira como as pessoas serão comunicadas e tratadas nesta transição.
Por meio de fato relevante na noite de ontem, domingo, o BB divulgou que faria um dos maiores ajustes operacionais da sua história. Com uma análise minuciosa, traçou o redimensionamento da sua estrutura organizacional, com o intuito de manter o guidance de 2016 e apresentar melhora de resultados já em 2017.
O fechamento de agências e plano de aposentadoria incentivada a funcionários é ainda essencial para que a instituição consiga alcançar 9,5% de capital principal em janeiro de 2019 - e se manter no índice de Basileia 3, relação entre o capital de um banco e o volume de empréstimos, exigido pelo mercado internacional.
Para tanto, o número das atuais 4.972 agências de varejo do BB será encolhido para 4.191, enquanto que as 245 agências e escritórios regionais serão expandidas para 500 no total. Os postos de atendimento também serão ampliados de 1.781 para 2.160.
"Os postos não terão mudança de endereço, mas a estrutura administrativa deve ser simplificada", explicou Caffarelli. Uma das mudanças é que essas unidades não terão mais gerentes gerais, como antes, mas sim um responsável. "Na vida do cliente, nada muda", disse outro porta-voz do banco.
A economia prevista de redução de custos administrativos com a medida é de R$ 750 milhões, sendo R$ 450 milhões da nova estrutura organizacional e R$ 300 milhões com medidas de redução de despesas, que inclui a renegociação de contratos com terceiros e a locação de espaços ociosos deixados por agências fechadas.
"Venda de ativos, entretanto, está fora de cogitação", afirmou o executivo.
Funcionários e propostas
O custo anual da folha de pagamento do BB é R$ 3 bilhões superior a dos concorrentes privados, comentou o presidente da instituição. Isso explica porque as propostas de aposentadoria voluntária e redução de jornada de trabalho pesam muito para o banco neste momento.
De acordo com Paulo Caffarelli, se todos os 18.000 funcionários com perfil dentro do quadro de pessoas aderissem ao plano de aposentadoria apresentado hoje pela empresa, o custo para o banco seria de R$ 2,7 bilhões, diluídos em sete meses.
Em linhas gerais, a regra é que os concursados tenham mais de 50 anos, mais de 15 de casa e já possam estar aposentados pelo INSS. Como estímulo, o plano de adesão dará 12 salários mais indenização pelo tempo de serviço, que vai de um a três salários, a depender do tempo de banco.
"Imaginamos que a adesão será maior do que quando fizemos a oferta de aposentadoria voluntária em 2013", disse o presidente do banco. Na época, o BB ofertava 7 salários para quem aderisse ao plano.
A adesão ao programa de aposentadoria é voluntária e tem prazo, até 9 de dezembro, para ser aceita - diferente da revisão do plano de funções, com redução de jornada de trabalho, que poderá ser feito a qualquer tempo.
Para essa possibilidade, o banco afirma contar com um público em potencial de 6.000 assessores na direção geral, superintendências e órgãos regionais. Tratam-se de profissionais com período de 8 horas de trabalho diárias e que, na maioria, são comissionados por isso.
A eles o benefício da adesão ao plano de redução jornada para seis horas será o aumento de 12% na hora trabalhada, "pois o percentual à redução de duas horas representaria 75% do valor de referência da função de 8 horas".
Uma proposta semelhante foi feita em 2013, quando 49% dos funcionários que trabalham 8 horas por dia aderiram a redução - porcentagem que, de lá para cá, subiu para 71% em um universo total de funcionários de 30.000 pessoas.
Se por um acaso, os planos não atingirem o número necessário de corte de vagas necessário para a reestruturação, Caffarelli acredita que a saída natural de pessoas do banco, em torno de 15o por mês, deve ajudar a atingir o objetivo.