Nos bastidores, Telefônica já fez duas ofertas informais pela Vivo
Operadora procurou a Portugal Telecom em duas ocasiões para comprar a brasileira, com propostas que não vieram a público
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
São Paulo - A disputa entre a espanhola Telefônica e a Portugal Telecom pelo controle da Vivo vem rendendo ruidosas declarações públicas e ameaças de ambos. Mas a briga pela operadora brasileira também acontece nos bastidores. Segundo uma fonte ligada à operadora portuguesa ouvida pelo site EXAME, a Telefônica procurou os portugueses em outras duas ocasiões com ofertas que nem vieram a público.
A primeira ocorreu há dois anos. "Ofereceram 3 bilhões de euros. Essa proposta foi logo rejeitada", diz. "O valor era um absurdo para uma empresa do tamanho da Vivo." A tentativa foi realizada dois anos depois de os espanhóis lançarem uma oferta pública de aquisição, no valor de 1,5 bilhão de euros. "Naquela altura, a oferta foi considera hostil, porque estava em desacordo com o conselho de administração", afirma a fonte.
A segunda tentativa informal foi realizada em março deste ano, dois meses antes de a Telefônica oficializar uma proposta. Na ocasião, os espanhóis se disseram dispostos a pagar 5 bilhões de euros pelos 50% da Vivo que a Portugal Telecom detém. A oferta também foi prontamente descartada pela companhia.
Teste de apetite
A negativa serviu para que a Telefônica estabelecesse um piso para sua nova oferta pública. Em maio, Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom, disse que os espanhóis pretendiam pagar 3,6 bilhões pela participação da PT na Vivo e outros 2,1 bilhões decorrentes das sinergias entre a Vivo e a Telefônica. A oferta apresentada acabou saindo por 5,7 bilhões de euros -- e detonou a disputa em torno da operadora brasileira.
O resto da história é conhecido: diante da negativa portuguesa, os espanhóis elevaram a oferta para 6,5 bilhões de euros. O aumento forçou o conselho de administração da Portugal Telecom a convocar uma assembleia de acionistas para o próximo dia 30, com o objetivo de votá-la. Ao mesmo tempo, o comando da empresa tenta convencer os investidores de que o valor não é justo para um ativo tão estratégico quanto a Vivo -- as operações no Brasil responderam por 51% da receita da Portugal Telecom no primeiro trimestre.
Apesar das constantes negativas da PT, a opinião entre os analistas é dividida. "O acordo pode sair. Trata-se apenas de melhorar a proposta", diz o analista Eduardo Tude, da consultoria Teleco. Com ele concorda o Deutsche Bank, que afirmou recentemente que a Telefônica precisa aumentar a oferta pela em, pelo menos, 50%. Eulalia Marin Sorribes, da consultoria inglesa IHS Global Insight, afirma que as negociações não irão adiante, já que a Vivo é a maior fonte de receita da PT. Procurada, a Vivo informou por meio de sua assessoria de imprensa que não se manifestará sobre o assunto enquanto se tratar apenas de especulações.