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Atacadão vira motor da retomada do Carrefour no Brasil

Crescimento das vendas entre consumidores de baixa renda ajuda o país a voltar ao posto de mercado prioritário para a companhia francesa

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2011 às 19h50.

Dois anos e meio após ser ameaçada de fechamento pela sede francesa, caso os resultados não melhorassem, a operação brasileira do Carrefour começa a reconquistar a simpatia da matriz e a retomar as perspectivas de crescimento forte no país, na esteira de um crescimento de vendas que chegou a 37% em 2007.

De uma participação de 5% no faturamento mundial da empresa, no começo do ano passado, a subsidiária do Brasil passará a ocupar ao final de 2008 o posto de terceiro mercado mais importante da rede (atrás de França e Espanha), com uma fatia entre 9% e 10% das vendas mundiais, uma guinada explicada em boa medida pela aquisição da rede de hipermercados Atacadão.

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Incorporada ao Carrefour em abril de 2007, como parte de um conjunto de medidas destinadas a retomar a liderança no varejo brasileiro, a marca transformou-se, em 2008, no maior foco de expansão da empresa no setor de hipermercados e supermercados.

Das 18 unidades já abertas ou previstas para serem inauguradas até o fim do ano, 10 levam a bandeira do Atacadão - sem contar duas unidades que já existiam sob outra marca, mas foram convertidas -, ante apenas 4 do Carrefour e 4 do Carrefour Bairro, modelo de loja de menor porte e voltada a itens de consumo mais freqüente. Em 2009, por sua vez, metade das 20 novas unidades previstas deve ser do Atacadão.

Além de responder pela maior parte dos pontos de expansão, o Atacadão começa a fazer o grupo francês de varejo se descolar da marca Carrefour, em termos de faturamento, um processo que já vinha em andamento com a entrada em setores como o de viagens, farmácias e postos de gasolina. Entre 2004 e 2008, a fatia de receita ligada às lojas Carrefour caiu de 75% para 45%, enquanto a outra marca abocanhou uma parcela de 34%.

"Os formatos que agregamos mais recentemente, como o do Atacadão, foram os que nos permitiram ter uma expansão tão positiva no Brasil, por serem dirigidos à classe C, que cresce loucamente", afirma o diretor-presidente do Carrefour no Brasil, Jean-Marc Pueyo.


Por causa do alcance das novas marcas entre consumidores de renda mais baixa, o Carrefour também pôde adotar, a partir de 2008, uma estratégia mais ligada à expansão das bandeiras já existentes do que à aquisição de concorrentes.

"Não descartaremos boas oportunidades de negócio, mas a aposta hoje é no crescimento orgânico, não temos mais a mesma necessidade de buscar crescimento externo no Brasil", diz o presidente mundial da companhia, José Luis Duran.

A compra de redes menores, mas de forte apelo local, é apontada pelos analistas do setor de varejo como a principal responsável pela queda no ritmo de crescimento do grupo, entre 2000 e 2004, período em que o ritmo de inauguração de unidades chegou a apenas dois hipermercados por ano.

A dificuldade em integrar as aquisições à rede já existente esbarrou em problemas como a informalidade das empresas adquiridas - algumas apresentavam alto grau de sonegação de impostos - e dificuldade em encontrar um modelo de abastecimento e logística mais adequado a lojas menores. Com a lentidão para reagir ao avanço das concorrentes, o Carrefour, que já havia perdido a liderança do mercado para o Pão de Açúcar, em 2000, permitiu que o Wal-Mart chegasse ao segundo lugar da lista, em 2006.

O impulso para voltar à liderança incluiu, então, três medidas principais. A primeira foi a definição de uma meta mais ambiciosa de abertura de hipermercados, entre sete e dez por ano.

Para impulsionar as vendas nas lojas já abertas, o grupo estabeleceu um posicionamento mais agressivo de preços e passou, ainda, a investir em modernização da marca, pela entrada no varejo de produtos não-alimentares, como agências de viagem (hoje já são 35), drogarias (102) e postos de gasolina (74).

Na seqüência vieram as outras apostas, como a adaptação a lojas menores e mais próximas do consumidor, as do Carrefour Bairro, e no segmento das chamadas lojas de descontos, com a marca Dia.

Investimentos no país

A boa fase pós-reestruturação levou a operação brasileira de volta para o centro das atenções da matriz francesa. Numa tradução financeira do que isso significa, a empresa divulgou recentemente que seus investimentos em expansão no país ultrapassarão a cifra de 1 bilhão de reais, entre compra de terrenos e abertura de novas unidades.

Com participação de 14,1% no mercado brasileiro, o Carrefour prevê faturar cerca de 22 bilhões de reais em 2008, um aumento de 14% em relação a 2007. Os números superlativos animam os executivos da empresa a pensar em exportação do modelo do Atacadão, um misto de varejo com venda no atacado, muitas vezes capaz de garantir preços abaixo dos encontrados num hipermercado comum. Os planos ainda estão em fase inicial, mas o foco seriam países subdesenvolvidos com potencial de consumo significativo, como Índia, Indonésia e Colômbia.

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