ARTIGO: PPP é a senha da inovação no Canadá, escreve Telmo Costa, CEO da Meta
Fundador da empresa gaúcha de transformação digital está no festival de inovação Collision, que termina nesta quinta (29), em Toronto, e conta o que explica o apelo do Canadá em tecnologias como inteligência artificial
Redação Exame
Publicado em 29 de junho de 2023 às 13h52.
Última atualização em 29 de junho de 2023 às 17h31.
Telmo Costa, CEO da Meta
Com 38 milhões de habitantes, população menor do que a do Estado de São Paulo, o Canadá hoje é o segundo maior hub de inovação da América do Norte, atrás apenas do Vale do Silício.
Conta com 45.000 empresas de tecnologia, centenas de incubadoras, fundos de venture capital e aceleradoras.
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Esse vibrante ecossistema de inovação nos últimos anos conduziu o país do ponto extremo do continente a um lugar de destaque entre os centros globais para desenvolvimento de negócios.
Como o Canadá virou um hub de tecnologia?
Infraestrutura de primeiro mundo, população com altos índices de educação e uma comunidade científica de excelência podem até explicar grande parte do avanço, mas não contam a história inteira.
É que, há alguns anos, o setor de tecnologia se tornou prioridade nacional e, na base das políticas públicas, o governo canadense vem transformando o país em um dos mais atrativos do mundo para empresas prosperarem.
Nessa fórmula, tem papel estratégico o que no Brasil chamamos de Parceria Público-Privada (PPP) — e lá é definido como integração entre múltiplas instâncias tanto no público quanto do privado em busca de um objetivo comum.
“Faremos tudo o que pudermos para posicionar o Canadá como o local onde suas ideias podem se tornar realidade", disse o ministro da imigração canadense, Sean Fraser, ao anunciar uma série de mudanças na política imigratória para incentivar a entrada de profissionais de inovação e tecnologia.
Por que o país está bem preparado para a era da IA
Essa nova geração tecnológica, aliás, foi o principal tema da conferência. Alguns dos principais pontos comentados:
- Investidores identificaram a IA como a tecnologia com maior potencial de disrupção
- No ano passado, fintech e blockchain foram os destaques.
- Desde 2017, o número de empresas que usam IA mais que do dobrou (dados da McKinsey).
- A expansão despertou o apetite dos fundos de Venture Capital (VC).
- No ano passado, 75% dos VC globais investiram em IA, confirma pesquisa do Pitchbook divulgada no evento em Toronto.
Baixo custo de operação, créditos fiscais e multiculturalidade, são muitos os incentivos ao empreendedorismo mais ao Norte do continente americano. Sem falar no fácil acesso a mercados globais, garantido por acordos firmados com outras 40 nações.
Não é à toa que algumas das maiores empresas de tecnologia têm adotado o Canadá como base. O país tem facilitado a instalação de empresas estrangeiras em seu território e oferece oportunidades para profissionais do mundo todo.
Quais lições o Canadá oferece ao Brasil?
Com a parceria do setor público e da iniciativa privada com instituições de ensino de ponta, a nação da bandeira com a folha de bordo figura na 15ª posição do Índice Global de Inovação (enquanto o Brasil é o 54º), consolida-se como uma potência tecnológica, e o setor está ganhando cada vez mais representatividade no PIB.
Com seu foco em transformação digital, a Meta é um exemplo de que essa forma de impulsionar negócios funciona.
A Meta foi uma das primeiras empresas brasileiras a se estabelecer na região de Waterloo, cinturão de inovação canadense, em 2020.
Chegamos cheios de planos e abrimos as portas uma semana antes de a pandemia fechar as portas. Decidimos ajustar a rota e ficar, investimos para suportar a crise, reinventamos o nosso negócio e conseguimos nos desenvolver.
Hoje contamos com 100 funcionários na operação daquele país, atendemos 35 empresas entre os nossos 300 clientes, e a expectativa é de dobrar de tamanho até o fim deste ano. Os dados nos levam a acreditar que, até 2025, o escritório do Canadá será responsável por 20% da nossa receita.
Uma afinidade entre a estratégia canadense e a cultura da Meta certamente facilitou essa conexão. Assim como a empresa brasileira cresceu investindo em hubs de inovação, o Canadá espalhou os seus pelo interior.
Eles nasceram com apoio dos governos no fomento e na integração entre empresas, startups e universidades, para desenvolver ecossistemas sólidos fora dos grandes centros.
Atraídas por menores custos, startups têm migrado para pequenas cidades — exemplo que, assim como o estímulo a PPPs voltadas à inovação, poderia ser seguido pelo Brasil para descentralizar oportunidades e gerar riqueza.