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Argentino Los Grobo amplia negócios com foco no Brasil

São Paulo - O grupo argentino Los Grobo, um dos maiores do setor agrícola no Mercosul, tem planos ambiciosos para a próxima safra (2010/11), em um projeto que coloca o Brasil no foco principal de suas atividades, considerando a força do país no segmento. Segundo o presidente do Los Grobo, Gustavo Grobocopatel, a companhia deverá […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - O grupo argentino Los Grobo, um dos maiores do setor agrícola no Mercosul, tem planos ambiciosos para a próxima safra (2010/11), em um projeto que coloca o Brasil no foco principal de suas atividades, considerando a força do país no segmento.

Segundo o presidente do Los Grobo, Gustavo Grobocopatel, a companhia deverá ampliar a "originação" de grãos na Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai para 3 milhões de toneladas na nova temporada, 500 mil toneladas a mais do que na safra anterior.

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E uma boa parte do aumento na negociação de grãos da companhia virá do Brasil, onde o Los Grobo, por meio de sua controlada Ceagro, deverá originar 800 mil toneladas, contra 600 mil previstas em 2009/10, revelou ele nesta quarta-feira.

O grupo, que também presta serviços agrícolas para produtores, deverá aumentar sua área arrendada no Brasil de 50 mil hectares para até 80 mil em 10/11, principalmente na região conhecida por Mapito, nos Estados de Maranhão, Piauí e Tocantins. Mas também há terras na Bahia, Goiás e Minas Gerais.

"Na próxima safra vamos plantar entre 70 e 80 mil hectares, fundamentalmente no Mapito... O maior crescimento é no Mapito", afirmou o presidente após conferência sobre soja sustentável.

O Los Grobo deve contar com uma área plantada de cerca de 300 mil hectares em todo o Mercosul em 2010/11. A maior parte da produção da empresa é de soja, assim como entre 60 a 70 por cento da originação também é concentrada na oleaginosa.

Pronto para aquisições

O empresário afirmou que prevê ampliar sua atuação no Brasil também por aquisições. "Estamos sempre estudando negócios em todos os lugares, especialmente no Brasil, que hoje é o nosso foco principal para o crescimento da companhia."


Segundo ele, "o Brasil vai produzir o dobro de grãos nos próximos 30 anos, e, para ser competitivo, é preciso estar bem organizado".

"Para ter mais competitividade, a nossa companhia está construindo uma plataforma para isso no Brasil", disse ele, negando que pretenda investir no setor de cana-de-açúcar.

Em janeiro, a companhia aumentou sua participação na Ceagro para cerca de 60 por cento.

Apesar da sanha por crescimento, a companhia, com faturamento anual de 700 milhões de dólares --metade do total proveniente de terras brasileiras--, ainda aguardará mais um tempo para abrir seu capital na bolsa, mas isso um dia certamente acontecerá.

"No futuro, uma companhia como Los Grobo tem que ser aberta, mas não no curto prazo. Ela está capitalizada agora, e é preciso dar um tempo (para o IPO). Não é possível ser um adulto sem passar pela adolescência", declarou.

Aposta em serviços

No Brasil, assim como no Mercosul, a companhia presta aos produtores agrícolas serviços financeiros, de logística, de gestão de risco, fornecimento de insumos e de armazenagem --a prestação desses trabalhos faz parte das parcerias com os agricultores, especialmente para arrendamentos.

"Queremos que eles (produtores) consumam mais serviços de gestão de risco. Achamos que há tanta volatilidade nos resultados porque há má gestão de risco, e podemos ajudar os produtores com isso", afirmou o presidente.

Assim, ele espera crescer no Brasil com esse modelo de negócio, em um país em que o produtor ainda tem muito para desenvolver quando se trata de gestão de riscos. "Temos um sistema mais moderno, mais flexível e mais inovador."


Argentina

A soja responde pela maior parte da movimentação de grãos do Los Grobo no Mercosul, mas o trigo e o milho também têm participação importante.

O trigo, entretanto, poderia estar em melhores condições na Argentina, o principal fornecedor ao Brasil, disse ele.

"O sistema de imposto gera uma diferença entre o preço dos insumos e o do produto. O trigo é mais prejudicado do que a soja pelo sistema tarifário, pois consome mais fertilizantes, e tudo isso tem mais custos", destacou Grobocopatel.

De acordo com ele, a agricultura da Argentina necessita do trigo para o sistema de rotação de culturas, e precisa produzir mais para ser o "natural fornecedor" do Brasil.

Nos últimos anos, os moinhos brasileiros têm recorrido com mais frequência a fornecedores alternativos do cereal.

"Minha ideia é que a Argentina tem que produzir 20 milhões de toneladas", afirmou ele, concordando com recente previsão do governo de que o país produzirá em 2010/11 cerca de 11 milhões de toneladas. "As chuvas têm sido boas para o plantio."

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