Negócios

Apple e IBM defendem supervisão sobre uso de dados do Facebook

O pedido foi feito após a revelação de que informações de 50 milhões de usuários da rede social foram utilizadas indevidamente pela Cambridge Analytica

Tim Cook: o presidente-executivo da Apple disse que regulamentação "bem elaborada" é necessária (Drew Angerer/Getty Images)

Tim Cook: o presidente-executivo da Apple disse que regulamentação "bem elaborada" é necessária (Drew Angerer/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 26 de março de 2018 às 12h56.

Pequim - Executivos da Apple e da IBM pediram mais supervisão sobre como dados pessoais são usados, após a revelação de que informações de cerca de 50 milhões de usuários do Facebook foram utilizadas indevidamente pela consultoria Cambridge Analytica.

Falando no Fórum de Desenvolvimento da China em Pequim, o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, disse que regulamentação "bem elaborada" é necessária, enquanto a presidente da IBM, Virginia Rometty, disse que os usuários devem ter mais atuação sobre seus próprios dados.

"Está claro para mim que algo, alguma grande mudança profunda é necessária", disse o chefe da Apple, Tim Cook, no sábado.

"Eu,pessoalmente, não sou um grande fã da regulação porque às vezes a regulamentação pode ter conseqüências inesperadas, mas acho que essa situação é tão terrível e se tornou tão grande que provavelmente é necessária uma regulamentação bem elaborada", disse Cook, que copresidiu o evento este ano.

O Facebook está sob intensas críticas de usuários, legisladores e investidores após denúncia de que permitiu que a consultoria britânica Cambridge Analytica utilizasse indevidamente dados da rede social para construir perfis de eleitores que depois foram usados para ajudar a eleger o presidente dos EUA, Donald Trump, em 2016.

Na sexta-feira, parlamentares dos EUA solicitaram oficialmente que Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, explique em uma audiência do Congresso do país como os dados dos usuários foram liberados para a consultoria.

A violação provocou um intenso debate sobre a responsabilidade das grandes empresas de tecnologia em informar adequadamente os usuários sobre como seus dados são usados.

"Se você vai usar essas tecnologias, precisa dizer às pessoas que está fazendo isso, e elas nunca devem se surpreender", disse a presidente-executiva da IBM.

"(Temos que permitir) que as pessoas optem por entrar e optem por sair, e que seja claro que a propriedade dos dados pertence ao criador deles", disse Rometty.

A China, onde o fórum está sendo realizado, também está buscando reforçar as regras sobre privacidade pessoal após uma série de erros cometidos pelas principais empresas de tecnologia, incluindo a firma de buscas Baidu e a afiliada de pagamento do Alibaba Group Holding, a Ant Financial.

"A China tem se tornado cada vez mais consciente desse problema e tem reforçado as leis relevantes de forma mais clara e forte", disse o chefe da Baidu, Robin Li, no mesmo evento.

"Eu acho que o povo chinês é mais aberto, ou menos sensível à questão da privacidade. Se eles são capazes de trocar(privacidade) por conveniência, segurança ou eficiência - em muitos casos eles estão dispostos a fazer isso", disse Li.

Em janeiro, um grupo de consumidores de Jiangsu, no leste da China, entrou com uma ação contra a Baidu alegando que a empresa estava coletando dados pessoais ilegalmente.

Acompanhe tudo sobre:AppleCambridge AnalyticaFacebookIBM

Mais de Negócios

A malharia gaúcha que está produzindo 1.000 cobertores por semana — todos para doar

Com novas taxas nos EUA e na mira da União Europeia, montadoras chinesas apostam no Brasil

De funcionária fabril, ela construiu um império de US$ 7,1 bilhões com telas de celular para a Apple

Os motivos que levaram a Polishop a pedir recuperação judicial com dívidas de R$ 352 milhões

Mais na Exame