Anatel barra assinatura de suporte ao plano de recuperação da Oi
Foi determinado cautelarmente que a empresa se abstenha de celebrar qualquer contrato de suporte ao plano de recuperação judicial
Reuters
Publicado em 28 de novembro de 2017 às 08h30.
Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 14h20.
São Paulo/Brasília - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determinou que a operadora de telefonia Oi se abstenha de assinar o contrato de suporte ao plano recuperação judicial (PSA), em resposta aos ajustes apresentados na segunda-feira para o documento.
A Anatel determinou que a empresa "não celebre o contrato de suporte ao Plano de Recuperação Judicial nos termos da minuta submetida ao escrutínio desta agência" e que "se abstenha de celebrar qualquer contrato de suporte ao plano de recuperação judicial ou documento similar...em vista de seu potencial ruinoso aos interesses da companhia e da coletividade".
O conselheiro da Anatel Leonardo Euler, relator do caso, explicou que, mesmo após os ajustes no PSA, foram identificadas cláusulas que geram incertezas sobre a realização do aumento de capital na companhia.
A Oi divulgou ao mercado nesta terça-feira uma nova versão do plano de recuperação judicial, prevendo um aumento de capital de entre 7,1 bilhões e 11,16 bilhões de reais. Desse montante, credores que optarem por participar mediante conversão de dívida vão aportar entre 3,5 bilhões e 5,5 bilhões de reais em dinheiro. Além da nova versão do plano, a empresa divulgou os termos do PSA.
Cláusulas do documento de suporte divulgado colocam inclusive restrições a uma eventual intervenção na empresa, como a que compromete o caixa com o pagamento de taxas aos credores em caso de intervenção, segundo Euler. Há ainda cláusula que impede abertura de processos judiciais.
"Não estabelecemos um prazo para realizar novos ajustes, porque a Anatel também não é um revisor de PSAs. Mas eles não podem assinar outro acordo que tenha cláusulas análogas às que apontamos", disse o conselheiro da Anatel.
Na sexta-feira passada, o presidente-executivo da Oi Marco Schroeder renunciou. O executivo estava lidando com as negociações com credores, acionistas e integrantes do governo federal desde o pedido de recuperação da empresa em junho do ano passado. Schroeder foi substituído pelo diretor jurídico da operadora,Eurico de Jesus Teles Neto, que vai acumular a presidência-executiva da empresa.
Nesta terça-feira, o membro do conselho de administração da Oi e ex-presidente do BNDES, Demian Fiocca, se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia. Ele evitou fazer comentários a jornalistas na saída do encontro, afirmando apenas que "foi uma reunião boa" e que o assunto tratado foi o andamento das "questões da Oi". Fontes do governo afirmaram na semana passada que o governo federal tinha sido surpreendido pela saída de Schroeder do cargo.
Questionado na saída do encontro com Fiocca, Guardia também evitou fazer comentários, mas disse que a Fazenda tem acompanhando toda a discussão da Oi e que tem falado com todos os envolvidos, como acionistas e detentores de bônus. A Oi deve 11 bilhões de reais para a Anatel e outros bilhões para os bancos estatais Banco do Brasil, Caixa e BNDES.
As ações ordinárias da Oi tinham alta de 3 por cento às 13:59, enquanto os papéis preferenciais tinham alta de 0,5 por cento.
A Anatel também determinou que, se considerar oportuno, a Superintendência de Competição do órgão poderá enviar representante para acompanhar as reuniões do conselho de administração e da diretoria da Oi, com acesso a todas as informações contábeis, jurídicas, econômicos-financeiras e operacionais da companhia.
"O descumprimento das determinações ensejará a aplicação das sanções cabíveis à Oi e, se for o caso, também aos membros do conselho de administração e aos diretores signatários de qualquer contrato de suporte ao Plano de Recuperação Judicial ou documento similar", determinou a Anatel.
A agência já havia determinado a suspensão da assinatura do PSA no início do mês, até que concluísse a análise do documento. A Oi entregou na segunda-feira uma versão ajustada do plano, cuja assinatura foi novamente negada pela agência.