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Air France lança nova empresa aérea para hipsters

Marca pretende ter comissários de bordo que manjam de tecnologia e de moda e oferecem itens como suco de baobá e salada de quinoa orgânica aos clientes.

Joon: nova companhia aérea criada pela Air France com foco na geração Y (Air France/Divulgação)

Joon: nova companhia aérea criada pela Air France com foco na geração Y (Air France/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 2 de dezembro de 2017 às 08h00.

O que falta à França corporativa em potencial de redução de custos, ela tem de sobra em estilo. Pelo menos, esta parece ser a receita da Joon, a mais recente iniciativa de aviação do grupo Air France-KLM, que começa a operar nesta semana.

O discurso de vendas é assim: comissários de bordo que manjam de tecnologia e de moda oferecem itens como suco de baobá e salada de quinoa orgânica, enquanto jovens vão de Paris a Barcelona e ao Brasil com passagens com desconto, assistindo a vídeos por streaming sobre as nuvens.

A realidade, é claro, é um pouco menos glamorosa: o discurso hipster simplesmente doura a pílula. Sob as aparências, Joon, uma maneira de dizer “jeune”, que em francês significa “jovem”, é o resultado de uma mentalidade realista na maior companhia aérea da Europa, concebida para aumentar os resultados reduzindo mais os custos do que os preços das passagens.

O que está em jogo é a capacidade da Air France de defender as rotas europeias contra novas investidas das empresas sem frescura, lideradas pela Ryanair Holdings, ao mesmo tempo em que combate o crescente desafio dos descontos nos lucrativos mercados de longa distância. A Joon representa a segunda tentativa recente do grupo para reduzir os custos, já que a primeira foi descartada em meio a protestos em que os funcionários atacaram os gerentes.

Segundo analistas, a empresa precisa que essa nova tentativa dê certo antes que os preços do petróleo se recuperem — ou colocará em risco um ressurgimento de seu negócio, que levou o lucro operacional a dar um salto de 44 por cento nos primeiros nove meses e fez com que o preço das ações dobrasse graças à recuperação do número de visitantes franceses após uma série de ataques terroristas.

Menos benigno

“A Air France precisa melhorar seu desempenho de custos em relação aos concorrentes, a fim de prosperar em um ambiente que pode não ser tão benigno quanto o que temos hoje”, disse Andrew Lobbenberg, analista de aviação do HSBC Holdings em Londres. “É isso que a Joon busca.”

A nova unidade, a quarta marca da Air France, junto com a aérea principal, a unidade de distâncias curtas Transavia e o braço regional Hop!, terá como sede o aeroporto de Paris Charles de Gaulle e seus voos deverão começar na sexta-feira.

Inicialmente, a empresa voará para Barcelona, Berlim, Lisboa e Porto, antes de adicionar, a partir do próximo ano, destinos mais distantes, como Seychelles e Fortaleza, no Brasil, e solicitou voos aos EUA. Entre outras rotas previstas estão Roma, Nápoles e Oslo, além de Istambul, Cairo e Teerã, no Oriente Médio, e Cidade do Cabo, na África do Sul, disse o CEO da Joon, Jean Michel Mathieu, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

Os preços das passagens não estarão na faixa mais barata. Um trecho de ida para Lisboa no dia 8 de janeiro custa a partir de 50 euros (US$ 59), de acordo com o site da Joon.

Daí o foco em ser cool (a tripulação de cabine usará uma camiseta polo azul vibrante e tênis branco parecido com o famoso modelo Stan Smith, da Adidas), porque a Joon pretende atrair uma clientela atenta ao preço, mas que também atribua um alto valor à tecnologia e a aspectos do estilo de vida.

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