Negócios

Acelerado pelo isolamento social, PicPay chega a 20 milhões de clientes

Medidas de quarentena para conter a pandemia do coronavírus aceleraram a busca por serviços financeiros digitais

PicPay: maior carteira digital de pagamentos do país, a empresa vinha abrindo cerca de 500 mil contas mensalmente (Rogério Cassimiro/Divulgação)

PicPay: maior carteira digital de pagamentos do país, a empresa vinha abrindo cerca de 500 mil contas mensalmente (Rogério Cassimiro/Divulgação)

R

Reuters

Publicado em 12 de maio de 2020 às 16h57.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 17h25.

O PicPay atingiu 20 milhões de contas no começo de maio, uma vez que as medidas de isolamento social para conter a pandemia do coronavírus aceleraram a busca por serviços financeiros digitais e anteciparam a meta da empresa de meios de pagamento inicialmente prevista para dezembro.

Maior carteira digital de pagamentos do país, o PicPay vinha abrindo cerca de 500.000 contas mensalmente. No fim de 2019 eram 13,4 milhões. A partir da segunda metade de março, o fechamento de milhares de estabelecimentos pelo país fez esse ritmo subir seis vezes, disse o presidente do PicPay, Gueitiro Genso.

"O isolamento social acelerou a tendência de digitalização", disse o executivo, explicando que pequenos negócios, como bares e restaurantes, um dos segmentos mais diretamente atingidos pela política de distanciamento social, passaram a recorrer mais a pagamentos digitais.

Além disso, explicou, governos regionais e comunidades também passaram a usar o aplicativo para fazer o pagamento de benefícios sociais, ao mesmo tempo em que marcas de serviços digitais que ganharam força com o distanciamento social, como o Netflix, de streaming de vídeo, e o iFood, de entrega de comida, também passaram a aceitar o PicPay como forma de pagamento.

Os comentários ilustram como as mudanças derivadas da Covid-19 atingiram de maneira distinta os diversos participantes do efervescente mercado de pagamentos eletrônicos no país.

Na semana passada, o Mercado Livre, que tem seu braço de pagamentos Mercado Pago, reafirmou plano de investir 4 bilhões de reais no país em 2020, mesmo com a esperada recessão provocada pela crise, uma vez que a maior demanda por entregas de produtos cobra uma aceleração na estrutura logística.

Por outro lado, a empresa de máquinas de pagamentos Stone&Co anunciou nesta terça-feira um corte de 20% da força de trabalho, na esteira do efeito da crise sobre pequenos e médios negócios, no qual é especializada. A empresa afirmou também que vai acelerar investimento sem serviços financeiros e ferramentas de venda online para "ir além da maquininha."

E assim como o Mercado Livre, o PicPay também está acelerando contratações. Atualmente, são 1.400 empregados, ante 1.200 no fim de 2019.

"A previsão é chegarmos a 2.000 colaboradores até o final do ano", disse Genso.

Criado em Vitória (ES) há sete anos como carteira digital, o PicPay foi comprado pelo Banco Original, da J&F, também dona da JBS, em 2015. Com a chegada de Genso, um veterano da indústria financeira, há quase um ano, o negócio vem se transformando num marketplace financeiro, incluindo investimentos, crédito, seguros e assessoria financeira.

Para o executivo, o atual cenário pode antecipar uma consolidação no setor de pagamentos, uma vez que o poder de investimento, o tamanho da base de clientes e a capacidade de operar financeiramente no azul, que ele diz ser o caso do PicPay, se mostram decisivos para conseguir se manter no mercado.

"Vão ficar uns cinco ou seis 'players' que conseguirem oferecer valor para os clientes", disse Genso. Mesmo com a crise, ele reafirmou a meta de que o PicPay atingirá um volume de transações processadas superior a 31 bilhões de reais em 2020, montante cerca de seis vezes superior ao do ano passado.

Acompanhe tudo sobre:meios-de-pagamento

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões