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Yoshihiko Noda será novo premiê de um Japão abatido pela crise

Ministro de Finanças do atual governo assumirá o cargo de primeiro-ministro, no lugar do fragilizado Naoto Kan

Noda enumerou os sérios problemas que a terceira maior economia do mundo enfrenta atualmente, entre eles a crise nuclear e o desafio da reconstrução após o terremoto (Chung Sung-Jun/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2011 às 08h33.

Tóquio - O ministro de Finanças japonês, Yoshihiko Noda, foi eleito nesta segunda-feira líder do governante Partido Democrático (PD) do Japão em uma votação interna que o transforma em virtual novo primeiro-ministro, o sexto nos últimos cinco anos.

Está previsto que Noda seja nomeado no Parlamento amanhã, terça-feira, e substitua assim a Naoto Kan, que anunciou sua renúncia na sexta-feira passada após pouco mais de um ano no poder, acossado pelas críticas a sua gestão da crise aberta por causa do terremoto e tsunami de março.

Noda, um discreto tecnocrata de 54 anos que desponta como continuísta das políticas de Kan, venceu por 38 votos o ministro do Comércio e Indústria, Banri Kaieda, seu rival na segunda rodada de uma votação na qual participaram quase 400 legisladores do PD.

Na primeira rodada, poucas horas antes, tinham sido eliminados os outros três aspirantes: o ex-ministro de Exteriores Seiji Maehara; o titular de Agricultura, Michihiko Kano, e o ex-ministro dos Transportes Sumio Mabuchi.

Nunca antes tinham participado de uma eleição interna do PD tantos candidatos, em um reflexo da profunda fragmentação de um partido com 13 anos de história e só dois de governo.

Talvez por isso uma das primeiras mensagens de Noda após sua vitória foi um apelo à unidade da legenda, que carrega a duras penas um programa afetado pela crise suscitada pelo terremoto e pelo devastador tsunami do dia 11 de março.

"Agora já não há facções", afirmou o novo líder do PD, que inicialmente não tinha apoio dos principais barões do partido, entre eles o ex-primeiro-ministro Yukio Hatoyama e o poderoso ex-secretário-geral Ichiro Ozawa, que apoiavam Kaieda.

"A crise nuclear, a reconstrução (das áreas arrasadas pelo tsunami), a alta do iene e a deflação: há várias questões para abordar", admitiu Noda ao término da votação, realizada em um hotel de Tóquio.

Em uma sala abarrotada pelos parlamentares do PD e mais de 500 jornalistas, o próximo chefe do governo japonês prometeu redobrar os esforços para a reconstrução do nordeste do Japão, embora sem se referir à espinhosa questão de uma eventual alta de impostos para financiá-la.


Ao contrário de seu oponente Kaieda, o ministro das Finanças é partidário de aplicar a impopular medida de aumentar as taxas para cobrir as despesas da reconstrução, em vez de fazê-lo com a emissão de nova dívida.

Igual a Naoto Kan, Noda defende uma ferrenha disciplina fiscal para velar pela maltratada saúde das contas públicas do Japão, o país industrializado com maior dívida do mundo, o dobro de seu Produto Interno Bruto.

O setor empresarial japonês, no entanto, teme o impacto que essa medida pode ter na recuperação de uma economia golpeada pelo terremoto e isso se refletiu na Bolsa de Valores de Tóquio, que imediatamente depois da escolha de Noda freou sua alta.

O mercado fechou em leve alta de 0,68%, aos 8.851,35 pontos, abaixo dos 8.926 pontos que tinha chegado a alcançar temporariamente antes da votação.

Os investidores se mostraram cautelosos perante a próxima nomeação como primeiro-ministro de um político que, além de defender a alta de impostos, se comprometeu a batalhar para conter a valorização do iene, cuja força prejudica seriamente os exportadores japoneses.

Com um cenário dominado por dificuldades econômicas, crise nuclear e reconstrução do nordeste do país, Yoshihiko Noda se enfrenta além disso ao desafio de conseguir um governo estável, algo que não parece fácil em um país que teve cinco primeiros-ministros desde 2006.

Deles, o único que conseguiu ficar mais de um ano no poder foi Naoto Kan, que assumiu seu cargo no dia 8 de junho de 2010.

Anteriormente lideraram o gabinete japonês Yukio Hatoyama (setembro 2009-junho 2010), Taro Aso (setembro 2008-setembro 2009), Yasuo Fukuda (setembro 2007-setembro 2008) e Shinzo Abe (setembro 2006-setembro 2007).

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Tóquio - O ministro de Finanças japonês, Yoshihiko Noda, foi eleito nesta segunda-feira líder do governante Partido Democrático (PD) do Japão em uma votação interna que o transforma em virtual novo primeiro-ministro, o sexto nos últimos cinco anos.

Está previsto que Noda seja nomeado no Parlamento amanhã, terça-feira, e substitua assim a Naoto Kan, que anunciou sua renúncia na sexta-feira passada após pouco mais de um ano no poder, acossado pelas críticas a sua gestão da crise aberta por causa do terremoto e tsunami de março.

Noda, um discreto tecnocrata de 54 anos que desponta como continuísta das políticas de Kan, venceu por 38 votos o ministro do Comércio e Indústria, Banri Kaieda, seu rival na segunda rodada de uma votação na qual participaram quase 400 legisladores do PD.

Na primeira rodada, poucas horas antes, tinham sido eliminados os outros três aspirantes: o ex-ministro de Exteriores Seiji Maehara; o titular de Agricultura, Michihiko Kano, e o ex-ministro dos Transportes Sumio Mabuchi.

Nunca antes tinham participado de uma eleição interna do PD tantos candidatos, em um reflexo da profunda fragmentação de um partido com 13 anos de história e só dois de governo.

Talvez por isso uma das primeiras mensagens de Noda após sua vitória foi um apelo à unidade da legenda, que carrega a duras penas um programa afetado pela crise suscitada pelo terremoto e pelo devastador tsunami do dia 11 de março.

"Agora já não há facções", afirmou o novo líder do PD, que inicialmente não tinha apoio dos principais barões do partido, entre eles o ex-primeiro-ministro Yukio Hatoyama e o poderoso ex-secretário-geral Ichiro Ozawa, que apoiavam Kaieda.

"A crise nuclear, a reconstrução (das áreas arrasadas pelo tsunami), a alta do iene e a deflação: há várias questões para abordar", admitiu Noda ao término da votação, realizada em um hotel de Tóquio.

Em uma sala abarrotada pelos parlamentares do PD e mais de 500 jornalistas, o próximo chefe do governo japonês prometeu redobrar os esforços para a reconstrução do nordeste do Japão, embora sem se referir à espinhosa questão de uma eventual alta de impostos para financiá-la.


Ao contrário de seu oponente Kaieda, o ministro das Finanças é partidário de aplicar a impopular medida de aumentar as taxas para cobrir as despesas da reconstrução, em vez de fazê-lo com a emissão de nova dívida.

Igual a Naoto Kan, Noda defende uma ferrenha disciplina fiscal para velar pela maltratada saúde das contas públicas do Japão, o país industrializado com maior dívida do mundo, o dobro de seu Produto Interno Bruto.

O setor empresarial japonês, no entanto, teme o impacto que essa medida pode ter na recuperação de uma economia golpeada pelo terremoto e isso se refletiu na Bolsa de Valores de Tóquio, que imediatamente depois da escolha de Noda freou sua alta.

O mercado fechou em leve alta de 0,68%, aos 8.851,35 pontos, abaixo dos 8.926 pontos que tinha chegado a alcançar temporariamente antes da votação.

Os investidores se mostraram cautelosos perante a próxima nomeação como primeiro-ministro de um político que, além de defender a alta de impostos, se comprometeu a batalhar para conter a valorização do iene, cuja força prejudica seriamente os exportadores japoneses.

Com um cenário dominado por dificuldades econômicas, crise nuclear e reconstrução do nordeste do país, Yoshihiko Noda se enfrenta além disso ao desafio de conseguir um governo estável, algo que não parece fácil em um país que teve cinco primeiros-ministros desde 2006.

Deles, o único que conseguiu ficar mais de um ano no poder foi Naoto Kan, que assumiu seu cargo no dia 8 de junho de 2010.

Anteriormente lideraram o gabinete japonês Yukio Hatoyama (setembro 2009-junho 2010), Taro Aso (setembro 2008-setembro 2009), Yasuo Fukuda (setembro 2007-setembro 2008) e Shinzo Abe (setembro 2006-setembro 2007).

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