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Wikileaks: EUA consideram o Mercosul um organismo "anti-americano"

Segundo relatório de embaixadores americanos escrito em 2007, o país teme a incorporação da Venezuela ao bloco

Hugo Chávez: "militares deverão empunhar sua espada para defender as garantias sociais" (Paulo Vitale/VEJA)
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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2011 às 19h27.

Buenos Aires - Os Estados Unidos consideram o Mercosul um organismo "antinorte-americano" e teme a incorporação da Venezuela ao bloco integrado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, segundo uma nota do Wikileaks publicada nesta segunda-feira pelo jornal argentino Página 12.

"O Mercosul gradualmente foi se transformando de uma união alfandegária em uma organização mais restritiva e antinorte-americana", assinala um texto que é o resumo de uma reunião de embaixadores americanos no Cone Sul realizada no Rio de Janeiro, em maio de 2007.

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Os diplomatas consideraram que a "entrada da Venezuela no Mercosul altera claramente o balanço e a dinâmica da organização", segundo o documento da conferência "Uma perspectiva do Cone Sul sobre a Influência Chávez".

A entrada da Venezuela no Mercosul continua bloqueada, apesar de um protocolo de adesão ter sido assinado em março de 2006. Mas até agora não entrou em vigor porque um país associado passa a ser membro pleno quando conta com a ratificação dos congressos de todos os países membros.

Os diplomatas analisaram também o peso de Chávez na região e concluíram que "a campanha para expandir sua influência no Cone Sul é multifacetada e repousa em boa parte, mas não totalmente, em uma generosa assistência energética e em acordos de investimentos".

Neste sentido, entendem que "poucos países provaram ser capazes de resistir à atração da ajuda venezuelana e de seus pacotes de investimentos", mas destacam que, apesar de "a influência de Chávez na região se expandir significativamente, os líderes regionais suspeitam de seus motivos e objetivos".

"Os Estados Unidos não podem esperar que os líderes da região acudam em nossas defesa", segundo os embaixadores, que avaliam que a "resposta correta a Chávez" é uma comunidade democrática e, inclusive, que assegure futuro mais próspero para os cidadãos.

A nota assinala uma suposta rivalidade pelo protagonismo na região entre Chávez e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirma que "essa fricção proporciona uma oportunidade".

"O que levou o Brasil a apoiar a admissão da Venezuela ao Mercosul foi a crença de que Chávez poderia ser controlado mais facilmente se estivesse dentro do organismo do que se o deixasse a sua própria inspiração fora ele", afirma o texto.

A informação foi publicada pelo Página12 como parte de 2.000 cabos sigilosos da diplomacia americana sobre a Argentina que foram entregues pela organização WikiLeaks.

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