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Voto de latinos dos EUA pesa, mas não basta para barrar Trump

A ex-secretária de Estado obteve cerca de 66 por cento dos votos latinos em toda a nação, e Trump 28 por cento

Latinos americanos votando nas eleições nos EUA (Saul Martinez/Reuters)
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Reuters

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 14h00.

Miami - Grupos de ativistas latinos dos Estados Unidos esperavam demonstrar seu poder político crescente na eleição presidencial barrando o republicano Donald Trump em Estados-pêndulo e impedindo-o de colocar em prática suas opiniões radicais sobre a imigração.

Os eleitores compareceram, mas Trump venceu mesmo assim.

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"Muita gente vai sair apontando o dedo", disse Frank Sharry, diretor-executivo do grupo de defesa de imigrantes America's Voice. Mas, acrescentou ele, "os latinos fizeram sua parte".

Uma pesquisa Reuters/Ipsos feita no dia da eleição mostrou que grande parte da população cada vez maior de eleitores hispânicos dos EUA preferiu a democrata Hillary Clinton em uma série de Estados intensamente disputados, mas que pode ter sido surpreendida pelo apoio subestimado a Trump.

A ex-secretária de Estado obteve cerca de 66 por cento dos votos latinos em toda a nação, e Trump 28 por cento, de acordo com uma pesquisa com cerca de 45 mil pessoas que foram às urnas.

Mas esse apoio foi menor do que os 70 por cento que o presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu dos hispânicos em sua campanha de reeleição de 2012, e não bastou para se contrapor à avalanche do eleitorado padrão de Trump: eleitores mais velhos, brancos e sem diploma universitário.

"Acho que houve uma subestimação geral do comparecimento dos brancos em apoio a Donald Trump", disse Luis Ricardo Fraga, co-diretor do Instituto de Estudos Latinos da Universidade de Notre Dame.

"Há alguns indícios de que o comparecimento dos latinos em Estados cruciais aumentou substancialmente, mas o comparecimento dos brancos aumentou ainda mais."

Os índices de comparecimento na eleição de terça-feira ainda não estão disponíveis.

O resultado da votação é um golpe em um segmento da população que avança rapidamente, mesmo se resignando à periferia da política norte-americana durante décadas, e que pretendia usar sua oposição à retórica anti-imigração feroz de Trump para ampliar sua influência.

Os hispânicos representavam 17,6 por cento da população do país em 2015, de acordo com o Censo dos EUA, o que faz deles a minoria étnica mais expressiva da nação. A cifra era de 12 por cento em 2012, e até 2060 mais de um em cada quatro habitantes será latino.

"Donald Trump foi um para-raios para novos eleitores e um novo engajamento", afirmou Steve Slugocki, presidente do conselho dos democratas do condado de Maricopa, no Arizona.

O relacionamento do magnata com os eleitores hispânicos começou com o pé esquerdo quando Trump lançou sua campanha presidencial em junho de 2015 pedindo maior controle nas fronteiras e acusando o México de enviar estupradores e traficantes de droga aos EUA.

Ele insistiu que iria obrigar o México a pagar por um muro multibilionário na divisa para manter estrangeiros indesejados fora do território norte-americano, e prometeu deportar 11 milhões de imigrantes sem documentos já no país.

Estas posições, que se tornaram um alicerce de sua campanha, ecoaram no eleitorado na terça-feira.

(Reportagem adicional de David Alire Garcia e Joanna Bernstein)

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