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Veteranos de Kyoto dizem que metas estão fugindo do controle

Segundo diplomatas que lideraram as negociações, existe pouca chance de que o próximo tratado do clima evite o aquecimento do planeta

Aquecimento Global: objetivo específico, de manter os aumentos de temperatura em 2 graus Celsius, foi endossado por enviados de 190 países em 2010 (Stock.Xchange)
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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2013 às 22h41.

Londres - Os únicos três diplomatas vivos que lideraram as negociações a respeito de aquecimento global da Organização das Nações Unidas disseram que existe pouca chance de que o próximo tratado do clima evite o aquecimento do planeta.

O objetivo específico, de manter os aumentos de temperatura em 2 graus Celsius, foi endossado por enviados de 190 países em 2010. É considerado o máximo que o meio ambiente pode aguentar antes que as mudanças do clima se tornem mais perigosas. Delegados da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, UNFCCC na sigla em inglês, se reunirão em Varsóvia a partir de 11 de novembro para trabalhar em um tratado que possa ser aprovado em 2015.

Os comentários da atual secretária executiva da UNFCCC –e os comentários do secretário anterior– dão tom de urgência às conversas em Varsóvia. Os humanos já emitiram mais da metade dos gases de efeito estufa necessários para superar o objetivo de 2 graus, concluiu um painel de cientistas reunido pela ONU em setembro.

O Banco Mundial disse, no ano passado, que o planeta está a caminho de aquecer 4 graus neste século, um nível que elevaria os oceanos, pioraria as secas e tornaria as tempestades mais violentas.

“Nada que possa ser definido em 2015 poderia ser consistente com os 2 graus”, disse Yvo de Bóer, que foi secretário-executivo da UNFCCC em 2009, quando tentativas de se chegar a um acordo em uma cúpula em Copenhagen foram arruinadas por uma divisão entre países industrializados e em desenvolvimento. “A única forma de que um acordo para 2015 possa atender a um objetivo de 2 graus é paralisar toda a economia global”.

Negociações do tratado

A reunião de Varsóvia continuará o trabalho por um tratado para limitar as emissões de dióxido de carbono em todos os países. O objetivo é concluir o texto em 2015 e que as metas entrem em vigor em 2020. Até mesmo o diplomata que gerencia o processo atualmente diz que o sucesso exigirá novos passos além do tratado.


“Eu não acredito que um acordo em 2015 possa resultar, da noite para o dia, em uma via para os 2 graus”, disse a repórteres Christiana Figueres, a atual secretária-executiva da UNFCCC, em 21 de outubro, na organização de análise política Chatham House, em Londres. “Não existe um acordo que seja um milagre”.

Figueres, 57, que sucedeu de Bóer, 59, em 2010, disse na ocasião que ela duvidava que visse em vida um acordo final a respeito de mudança de clima. Na conferência de Londres, ela disse que um tratado em 2015 precisa “afetar de forma muito visível e palpável a trajetória das emissões”, levando-as a um pico nesta década, antes de caírem para uma emissão líquida zero após 2050.

Toneladas de carbono

O Programa Ambiental da ONU, Unep, na sigla em inglês, disse no ano passado que sob as políticas atuais as emissões anuais de carbono estão a caminho de atingir 58 gigatons (58 bilhões de toneladas) em 2020, acima dos 50 gigatons de 2010. Mais de 50 países fizeram promessas de que reduziriam o nível de 2020 para 52 gigatons. Para continuar no caminho de limitar o aquecimento a 2 graus, as emissões em 2020 não podem exceder 44 gigatons, disse o Unep.

O preço em queda da energia renovável pode acelerar a mudança dos combustíveis fósseis e reduzir as emissões, disse o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore.

“A diferença entre energia renovável a preços acima dos de combustíveis fósseis comparada com a energia renovável a preços menores que o de combustíveis fósseis é um limite” semelhante ao ponto de fusão do gelo, disse Gore em 17 de outubro, em uma entrevista por telefone. “O crescimento da produção e a implantação irão acelerar à medida que os preços continuarem caindo”.

Para chegar à meta de 2 graus, cerca de dois terços das reservas provadas de combustíveis fósseis precisam continuar no solo, principalmente o carvão, segundo o economista-chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol. De acordo com a previsão central da agência com sede em Paris, em torno de metade das reservas continuará intocada, colocando o planeta na rota para aquecer 3,6 graus, disse ele.

“Paris 2015 é talvez a última chance antes que digamos que a meta de 2 graus será quase impossível de atingir”, disse Birol em entrevista por telefone. “Se nós chegarmos a um acordo em Paris, teoricamente ainda poderemos ter uma chance de mudar o destino”.

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O objetivo específico, de manter os aumentos de temperatura em 2 graus Celsius, foi endossado por enviados de 190 países em 2010. É considerado o máximo que o meio ambiente pode aguentar antes que as mudanças do clima se tornem mais perigosas. Delegados da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, UNFCCC na sigla em inglês, se reunirão em Varsóvia a partir de 11 de novembro para trabalhar em um tratado que possa ser aprovado em 2015.

Os comentários da atual secretária executiva da UNFCCC –e os comentários do secretário anterior– dão tom de urgência às conversas em Varsóvia. Os humanos já emitiram mais da metade dos gases de efeito estufa necessários para superar o objetivo de 2 graus, concluiu um painel de cientistas reunido pela ONU em setembro.

O Banco Mundial disse, no ano passado, que o planeta está a caminho de aquecer 4 graus neste século, um nível que elevaria os oceanos, pioraria as secas e tornaria as tempestades mais violentas.

“Nada que possa ser definido em 2015 poderia ser consistente com os 2 graus”, disse Yvo de Bóer, que foi secretário-executivo da UNFCCC em 2009, quando tentativas de se chegar a um acordo em uma cúpula em Copenhagen foram arruinadas por uma divisão entre países industrializados e em desenvolvimento. “A única forma de que um acordo para 2015 possa atender a um objetivo de 2 graus é paralisar toda a economia global”.

Negociações do tratado

A reunião de Varsóvia continuará o trabalho por um tratado para limitar as emissões de dióxido de carbono em todos os países. O objetivo é concluir o texto em 2015 e que as metas entrem em vigor em 2020. Até mesmo o diplomata que gerencia o processo atualmente diz que o sucesso exigirá novos passos além do tratado.


“Eu não acredito que um acordo em 2015 possa resultar, da noite para o dia, em uma via para os 2 graus”, disse a repórteres Christiana Figueres, a atual secretária-executiva da UNFCCC, em 21 de outubro, na organização de análise política Chatham House, em Londres. “Não existe um acordo que seja um milagre”.

Figueres, 57, que sucedeu de Bóer, 59, em 2010, disse na ocasião que ela duvidava que visse em vida um acordo final a respeito de mudança de clima. Na conferência de Londres, ela disse que um tratado em 2015 precisa “afetar de forma muito visível e palpável a trajetória das emissões”, levando-as a um pico nesta década, antes de caírem para uma emissão líquida zero após 2050.

Toneladas de carbono

O Programa Ambiental da ONU, Unep, na sigla em inglês, disse no ano passado que sob as políticas atuais as emissões anuais de carbono estão a caminho de atingir 58 gigatons (58 bilhões de toneladas) em 2020, acima dos 50 gigatons de 2010. Mais de 50 países fizeram promessas de que reduziriam o nível de 2020 para 52 gigatons. Para continuar no caminho de limitar o aquecimento a 2 graus, as emissões em 2020 não podem exceder 44 gigatons, disse o Unep.

O preço em queda da energia renovável pode acelerar a mudança dos combustíveis fósseis e reduzir as emissões, disse o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore.

“A diferença entre energia renovável a preços acima dos de combustíveis fósseis comparada com a energia renovável a preços menores que o de combustíveis fósseis é um limite” semelhante ao ponto de fusão do gelo, disse Gore em 17 de outubro, em uma entrevista por telefone. “O crescimento da produção e a implantação irão acelerar à medida que os preços continuarem caindo”.

Para chegar à meta de 2 graus, cerca de dois terços das reservas provadas de combustíveis fósseis precisam continuar no solo, principalmente o carvão, segundo o economista-chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol. De acordo com a previsão central da agência com sede em Paris, em torno de metade das reservas continuará intocada, colocando o planeta na rota para aquecer 3,6 graus, disse ele.

“Paris 2015 é talvez a última chance antes que digamos que a meta de 2 graus será quase impossível de atingir”, disse Birol em entrevista por telefone. “Se nós chegarmos a um acordo em Paris, teoricamente ainda poderemos ter uma chance de mudar o destino”.

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