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Venezuelanos pressionam por eleições; manifestações continuam

As principais demandas da oposição do governo de Maduro são a convocação de eleições, a libertação de ativistas presos e a autonomia do Congresso

Venezuela: o governo socialista de Maduro acusa os opositores de buscarem um golpe violento com a conivência dos EUA, enquanto a oposição diz que ele é um ditador que repreende protestos pacíficos (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)
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Reuters

Publicado em 24 de abril de 2017 às 20h39.

Caracas - Venezuelanos ergueram barricadas com latas de lixo e até mesmo banheiras nesta segunda-feira e pararam o trânsito ao sentar-se ao longo das principais avenidas para pressionar por eleições antecipadas, com os protestos contra o governo entrando na quarta semana.

Um funcionário do governo local foi morto a tiros no Estado andino de Mérida em uma manifestação de apoio ao governo socialista, enquanto outro homem foi ferido por uma bala e estava lutando "entre a vida e a morte", afirmou Tarek Saab, ombusdsman do Estado.

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Se confirmada a morte, sobe para 11 o número de vítimas fatais durante os confrontos quase diários neste mês entre forças da segurança, armadas com balas de borracha e gás lacrimogêneo, e manifestantes, que muitas vezes lançavam pedras e coquetéis molotov.

Ao menos 10 pessoas também morreram em saques realizados durante a noite.

Há também informação de um funcionário regional do partido de oposição de mais duas mortes ocorreram nesta segunda-feira durante os protestos no Estado agrícola de Barinas.

O governo socialista do presidente Nicolás Maduro acusa os opositores de buscarem um golpe violento com a conivência dos Estados Unidos, enquanto a oposição diz que ele é um ditador que repreende protestos pacíficos.

As principais demandas da oposição são a convocação de eleições, a libertação de ativistas presos e a autonomia do Congresso, liderado pela oposição.

Mas manifestantes também são impulsionados pela crise econômica no país de 30 milhões de pessoas.

"Estou com o estômago vazio porque não consigo encontrar comida", disse Jeanette Canozo, dona de casa de 66 anos, que disse que a polícia disparou balas de borracha contra manifestantes que bloqueavam uma avenida de Caracas com latas de lixo e banheiras no início desta manhã.

Manifestantes vestiam as cores da bandeira da Venezuelaamarelo, azul e vermelho e levavam cartazes denunciando a escassez de produtos e remédios, a inflação e os crimes violentos, enquanto gritavam "Este governo caiu!".

Na capital, eles saíram de diversos pontos em direção a uma importante rodovia, onde centenas de pessoas sentaram-se, com sacolas de suprimentos, jogos de cartas e se protegendo do sol com chapéus e sombrinhas.

Em Tachira, em outra manifestação sentada, algumas pessoas jogaram jogos de tabuleiro na rua, enquanto outros jogavam futebol ou acompanhavam um teatro de rua.

Manifestações sentadas estavam planejadas para ocorrer em todos os 23 Estados da Venezuela.

Em manifestações no Estado de Bolívar, no sul do país, um professor universitário deu uma aula sobre política enquanto algumas pessoas se sentaram para jogar jogos de tabuleiro e outras cozinhavam sopa em pequenas fogueiras acesas nas ruas.

As manifestações foram em grande parte pacíficas até o meio da tarde, embora tenha havido relatos dispersos de forças da segurança usando gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.

A agitação deste mês na Venezuela é a pior desde 2014, quando 43 pessoas morreram em meses de caos gerados por manifestantes contra Maduro, sucessor de 54 anos do falecido líder esquerdista Hugo Chávez.

Os protestos mais recentes ocorreram quando o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, pró-governo, assumiu os poderes do Congresso, controlado pela oposição.

O tribunal rapidamente reverteu a decisão, mas o ato foi amplamente condenado pela oposição.

A decisão do governo de suspender de cargos públicos Henrique Capriles, duas vezes candidato presidencial que seria o favorito da oposição para substituir Maduro, deu maior ímpeto às manifestações.

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