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Venezuela prendeu 14 militares por traição nos protestos em abril

Documentos afirmam que os militares, entre eles coronéis e capitães, estão detidos na prisão de Ramo Verde, nas colinas dos arredores de Caracas

Venezuela: Guarda Nacional, uma unidade militar, está na linha de frente do policiamento dos protestos (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)

Venezuela: Guarda Nacional, uma unidade militar, está na linha de frente do policiamento dos protestos (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)

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Reuters

Publicado em 6 de junho de 2017 às 09h53.

Caracas - As forças de segurança da Venezuela prenderam ao menos 14 oficiais do Exército pela suspeita de "rebelião" e "traição" na primeira semana dos protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro no início de abril, de acordo com documentos militares obtidos pela Reuters.

Os militares, entre eles coronéis e capitães, estão detidos na prisão de Ramo Verde, nas colinas dos arredores de Caracas, de acordo com uma lista que está sendo circulada entre os militares.

Os documentos afirmam que os casos estão sendo "processados", e não ficou claro se os oficiais foram acusados formalmente.

As listas vieram à tona depois de alegações de líderes da oposição venezuelana de que existe um expurgo em curso entre os militares para evitar a dissidência devido à maneira como se estão tratando as manifestações em massa contra o governo desde o início de abril.

Os documentos vistos pela Reuters só cobriam o período até 8 de abril, data após a qual líderes opositores e ativistas de direitos humanos dizem que muitos outros soldados foram detidos.

A Guarda Nacional, uma unidade militar, está na linha de frente do policiamento dos protestos, usando gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha contra jovens mascarados que atiram pedras, coquetéis molotov e excremento contra as linhas de segurança.

Ao menos 65 pessoas já morreram, e as vítimas incluem apoiadores do governo e da oposição, transeuntes e membros das forças de segurança. Centenas mais ficaram feridas.

Os líderes opositores dizem haver uma inquietação crescente entre os militares por causa do uso da força contra os manifestantes, que exigem eleições gerais, ajuda humanitária do exterior e a libertação de ativistas presos.

Em público, militares de alta patente vêm apoiando a acusação de Maduro de que uma "insurreição armada" está sendo preparada por conspiradores violentos que almejam dar um golpe com apoio dos Estados Unidos.

Mas, privadamente, membros da Guarda Nacional têm se queixado de exaustão e desilusão, e alguns soldados foram a público manifestar seu descontentamento.

Três tenentes fugiram para a Colômbia e pediram asilo no mês passado, levando Caracas a exigir sua extradição para que sejam acusados de planejar um golpe.

Na semana passada a mídia opositora publicou um suposto vídeo de um sargento da Marinha expressando sua discórdia e exortando colegas a desobedecerem superiores "abusivos" e "corruptos".

"Rejeito o senhor Nicolás Maduro Moros como presidente ilegítimo e me recuso a reconhecer seu regime e governo ditatorial", disse Giomar Flores no vídeo de sete minutos.

A Reuters não conseguiu confirmar seu caso ou paradeiro. Nem o Ministério da Informação nem as Forças Armadas responderam a pedidos de informações.

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