Veja trechos dos primeiros e-mails de Snowden sobre a NSA
O então funcionário do governo norte-americano trocou durante meses e-mails com a documentarista Laura Poitras e com o jornalista Glenn Greenwald
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2014 às 21h41.
No meio do ano passado, Edward Snowden vazou uma série de documentos que revelaram ao mundo o esquema de espionagem em massa mantido pela NSA .
Mas antes de conseguir divulgar os arquivos, o então funcionário do governo norte-americano trocou durante meses e-mails com a documentarista Laura Poitras e com o jornalista Glenn Greenwald – e partes das primeiras mensagens, enviadas à diretora, foram divulgadas.
Os textos foram publicados em uma reportagem da Wired, que obteve autorização de Laura para transcrevê-los a partir do áudio do documentário " Citizenfour ".
Boa parte do conteúdo também será lida pela diretora no filme, que tratará justamente da história de Snowden – identificado apenas como Citizen Four nas primeiras vezes em que contatou a produtora.
As mensagens são de um teor digno das maiores conspirações de filmes.
Na primeira, o ex-funcionário da área de inteligência do governo ressalta os riscos que ele mesmo corria ao contatar a documentarista – e também menciona seu cargo, mas sem dizer realmente quem é.
Já na segunda, ele explica o porquê de ter escolhido a diretora, que na época já era um alvo prioritário dos norte-americanos, graças ao documentário My Country, My Country, lançado em 2006.
Os e-mails seguintes mantêm essa tensão, com Snowden reforçando a necessidade do uso de criptografia na comunicação entre os dois e dando os primeiros detalhes sobre os documentos que viria a passar.
Ele conta, por exemplo, que todas as fronteiras, compras, ligações, torres de celular, amigos, textos e sites estão nas mãos de um sistema cujo alcance é ilimitado, mas cujas garantias não.
Segundo o então funcionário do governo, a NSA nunca havia coletado tantos dados assim antes – e, para ele, os EUA estariam construindo a maior arma de opressão da história da humanidade, e isso era algo que precisava ser divulgado.
Glenn Greenwald, repórter do The Guardian responsável por publicar os vazamentos, é mencionado apenas em um dos últimos textos revelados pela Wired.
Ele aparece como um homem em que Snowden parecia confiar – tanto que ele sugere o envolvimento do jornalista nas investigações e na leitura dos documentos, para ajudar a diretora em um esforço que seria sobre-humano para um só.
Nas últimas mensagens publicadas – não necessariamente em ordem cronológica –, o agora ex-funcionário do governo marca o primeiro dos encontros com a diretora e o repórter, em Hong Kong.
O texto é um dos pouco que tivera o conteúdo revelado anteriormente, e nele o administrador de sistemas menciona o cubo mágico e a senha que os ajudaria a identificá-lo.
Por fim, ele pede que as possíveis reportagens citem apenas ele – pintem o alvo nas minhas costas –, para evitar que suspeitas caiam sobre as pessoas próximas.
Citizenfour foi apresentado em uma pré-estreia na última sexta-feira, no Festival de Cinema de Nova York, mas só chega aos cinemas dos EUA no dia 24 deste mês.
O único trailer divulgado até agora você confere abaixo, assim como a tradução do que é narrado. O material completo divulgado pela Wired está disponível aqui, mas apenas em inglês.
//www.youtube.com/embed/XiGwAvd5mvM
"Neste ponto, eu não posso oferecer nada além de minha palavra. Sou um funcionário sênior do governo dentro da área de Inteligência. Espero que você entenda que contatá-la é algo de risco extremamente alto.
Por ora, saiba que toda fronteira que você cruzar, toda compra que você fizer, todo número que você discar, toda torre de celular pela qual você passar, amigo que você mantiver, site que você visitar e assunto que você escrever está nas mãos de um sistema cujo alcance é ilimitado, mas cujas garantias não.
No fim, se você publicar o material de origem, eu gostaria de ser imediatamente envolvido. Eu peço apenas que você se assegure de que essa informação chegue ao público americano.
Obrigado e tenha cuidado,
Citizen Four"
No meio do ano passado, Edward Snowden vazou uma série de documentos que revelaram ao mundo o esquema de espionagem em massa mantido pela NSA .
Mas antes de conseguir divulgar os arquivos, o então funcionário do governo norte-americano trocou durante meses e-mails com a documentarista Laura Poitras e com o jornalista Glenn Greenwald – e partes das primeiras mensagens, enviadas à diretora, foram divulgadas.
Os textos foram publicados em uma reportagem da Wired, que obteve autorização de Laura para transcrevê-los a partir do áudio do documentário " Citizenfour ".
Boa parte do conteúdo também será lida pela diretora no filme, que tratará justamente da história de Snowden – identificado apenas como Citizen Four nas primeiras vezes em que contatou a produtora.
As mensagens são de um teor digno das maiores conspirações de filmes.
Na primeira, o ex-funcionário da área de inteligência do governo ressalta os riscos que ele mesmo corria ao contatar a documentarista – e também menciona seu cargo, mas sem dizer realmente quem é.
Já na segunda, ele explica o porquê de ter escolhido a diretora, que na época já era um alvo prioritário dos norte-americanos, graças ao documentário My Country, My Country, lançado em 2006.
Os e-mails seguintes mantêm essa tensão, com Snowden reforçando a necessidade do uso de criptografia na comunicação entre os dois e dando os primeiros detalhes sobre os documentos que viria a passar.
Ele conta, por exemplo, que todas as fronteiras, compras, ligações, torres de celular, amigos, textos e sites estão nas mãos de um sistema cujo alcance é ilimitado, mas cujas garantias não.
Segundo o então funcionário do governo, a NSA nunca havia coletado tantos dados assim antes – e, para ele, os EUA estariam construindo a maior arma de opressão da história da humanidade, e isso era algo que precisava ser divulgado.
Glenn Greenwald, repórter do The Guardian responsável por publicar os vazamentos, é mencionado apenas em um dos últimos textos revelados pela Wired.
Ele aparece como um homem em que Snowden parecia confiar – tanto que ele sugere o envolvimento do jornalista nas investigações e na leitura dos documentos, para ajudar a diretora em um esforço que seria sobre-humano para um só.
Nas últimas mensagens publicadas – não necessariamente em ordem cronológica –, o agora ex-funcionário do governo marca o primeiro dos encontros com a diretora e o repórter, em Hong Kong.
O texto é um dos pouco que tivera o conteúdo revelado anteriormente, e nele o administrador de sistemas menciona o cubo mágico e a senha que os ajudaria a identificá-lo.
Por fim, ele pede que as possíveis reportagens citem apenas ele – pintem o alvo nas minhas costas –, para evitar que suspeitas caiam sobre as pessoas próximas.
Citizenfour foi apresentado em uma pré-estreia na última sexta-feira, no Festival de Cinema de Nova York, mas só chega aos cinemas dos EUA no dia 24 deste mês.
O único trailer divulgado até agora você confere abaixo, assim como a tradução do que é narrado. O material completo divulgado pela Wired está disponível aqui, mas apenas em inglês.
//www.youtube.com/embed/XiGwAvd5mvM
"Neste ponto, eu não posso oferecer nada além de minha palavra. Sou um funcionário sênior do governo dentro da área de Inteligência. Espero que você entenda que contatá-la é algo de risco extremamente alto.
Por ora, saiba que toda fronteira que você cruzar, toda compra que você fizer, todo número que você discar, toda torre de celular pela qual você passar, amigo que você mantiver, site que você visitar e assunto que você escrever está nas mãos de um sistema cujo alcance é ilimitado, mas cujas garantias não.
No fim, se você publicar o material de origem, eu gostaria de ser imediatamente envolvido. Eu peço apenas que você se assegure de que essa informação chegue ao público americano.
Obrigado e tenha cuidado,
Citizen Four"