Vargas Llosa comemora que populismo esteja em decadência
Para o autor, "há manifestações muito claras" de que o populismo está em retirada no continente, como na Venezuela, Bolívia e Equador ou na Argentina
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2016 às 13h20.
Buenos Aires - Perto de completar 80 anos e com um livro recém-lançado, "Cinco esquinas", o peruano Mario Vargas Llosa celebrou o fim do kirchnerismo na Argentina e destacou as "manifestações muito claras" de que o populismo está em decadência na América Latina, em entrevista publicada nesta quinta-feira.
"Há muito mais razões para ser otimista do que pessimista na América Latina. Quando eu era jovem, a América Latina era terra de ditadores. O que sobra agora das ditaduras, como Cuba ou Venezuela, está em fiapos, se desfazendo", disse o Nobel de Literatura ao jornal argentino "La Nación".
Para o autor de "A festa do bode", "há manifestações muito claras" de que o populismo está em retirada no continente, como na Venezuela, Bolívia e Equador ou na Argentina, com o fim do kirchnerismo (o período entre 2003 e 2015 das presidências de Néstor Kirchner e de Cristina Kirchner).
"Foi muito interessante a derrota dos Kirchner. Para mim parece importantíssimo, porque acredito que o país estava engarrafado com este casal. Eu tenho a impressão que a democracia está começando a funcionar outra vez na Argentina. É muito importante, porque é um país que pode excerer um efeito de gravidade sobre o resto dos América latina", manifestou Vargas Llosa.
Para o escritor, "a Argentina se deu mal com o peronismo, porque introduziu uma espécie de nacionalismo que fechou o país".
"Era um país do Primeiro Mundo no começo do século XX e veja no que se transformou a Argentina. Eu acho que isso tem um nome e é peronismo. O país foi empobrecido, mas não houve nenhuma catástrofe natural nem nenhuma guerra", precisou.
"Tenho a impressão que o país é tão próspero que com uma boa política pode se recuperar e voltar a crescer. Para a América latina seria formidável. O Brasil está afundando na corrupção e na demagogia. Vamos precisamos de um país que seja líder regional", continuou.
Vargas Llosa destacou que o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, está "cumprindo com seu programa, desafiando inclusive a impopularidade, e suas reformas estão muito bem encaminhadas"
Além disso, garantiu que um de seus "sonhos secretos era viver algum tempo em Buenos Aires" mas contou que uma vez foi convidado para a Feira do Livro e o diretor da Biblioteca Nacional "pediu" que "me proibissem falar por minhas ideias políticas".
"Nenhum escritor digno desse nome escreve romances só para fazer propaganda de suas convicções políticas. A literatura fica muito deformada se for julgada somente pela ideologia de seu autor", acrescentou.
Vargas Llosa está trabalhando na promoção de lançamento de "Cinco esquinas", romance que retrata o uso da imprensa sensacionalista pelo governo do ex-presidente peruano (1990-2000) Alberto Fujimori e como a máquina de uma ditadura "tritura" personagens, como um dos protagonistas, Juan Peineta.
"Queria escrever uma história que mostrasse esse submundo jornalístico, que era a pior cara do regime. Essa era a ideia original, mas foi escapando das minhas mãos e terminou sendo uma imagem do que era a sociedade de Lima", indicou.
Neste momento, em que estampa capas de revistas de fofocas por seu relacionamento com a socialite filipina, ex-mulher do cantor Julio Iglesias, Isabel Preysler, o escritor acredita que o atual momento que o jornalismo atravessa também é "muito ruim".
"Não há uma valorização da seriedade da informação, é possíve passar gato por lebre com facilidade. Não se sabe se o jornalismo de papel sobreviverá. Felizmente acredito que os livros, sim, vão sobreviver", opinou.
O peruano, que completa 80 anos no dia 28 de março, garantiu que a idade não atrapalha sua relação com a literatura, porque ele não concebe a vida sem escrever. "Resisto a me transformar em uma estátua", finalizou.
Buenos Aires - Perto de completar 80 anos e com um livro recém-lançado, "Cinco esquinas", o peruano Mario Vargas Llosa celebrou o fim do kirchnerismo na Argentina e destacou as "manifestações muito claras" de que o populismo está em decadência na América Latina, em entrevista publicada nesta quinta-feira.
"Há muito mais razões para ser otimista do que pessimista na América Latina. Quando eu era jovem, a América Latina era terra de ditadores. O que sobra agora das ditaduras, como Cuba ou Venezuela, está em fiapos, se desfazendo", disse o Nobel de Literatura ao jornal argentino "La Nación".
Para o autor de "A festa do bode", "há manifestações muito claras" de que o populismo está em retirada no continente, como na Venezuela, Bolívia e Equador ou na Argentina, com o fim do kirchnerismo (o período entre 2003 e 2015 das presidências de Néstor Kirchner e de Cristina Kirchner).
"Foi muito interessante a derrota dos Kirchner. Para mim parece importantíssimo, porque acredito que o país estava engarrafado com este casal. Eu tenho a impressão que a democracia está começando a funcionar outra vez na Argentina. É muito importante, porque é um país que pode excerer um efeito de gravidade sobre o resto dos América latina", manifestou Vargas Llosa.
Para o escritor, "a Argentina se deu mal com o peronismo, porque introduziu uma espécie de nacionalismo que fechou o país".
"Era um país do Primeiro Mundo no começo do século XX e veja no que se transformou a Argentina. Eu acho que isso tem um nome e é peronismo. O país foi empobrecido, mas não houve nenhuma catástrofe natural nem nenhuma guerra", precisou.
"Tenho a impressão que o país é tão próspero que com uma boa política pode se recuperar e voltar a crescer. Para a América latina seria formidável. O Brasil está afundando na corrupção e na demagogia. Vamos precisamos de um país que seja líder regional", continuou.
Vargas Llosa destacou que o novo presidente da Argentina, Mauricio Macri, está "cumprindo com seu programa, desafiando inclusive a impopularidade, e suas reformas estão muito bem encaminhadas"
Além disso, garantiu que um de seus "sonhos secretos era viver algum tempo em Buenos Aires" mas contou que uma vez foi convidado para a Feira do Livro e o diretor da Biblioteca Nacional "pediu" que "me proibissem falar por minhas ideias políticas".
"Nenhum escritor digno desse nome escreve romances só para fazer propaganda de suas convicções políticas. A literatura fica muito deformada se for julgada somente pela ideologia de seu autor", acrescentou.
Vargas Llosa está trabalhando na promoção de lançamento de "Cinco esquinas", romance que retrata o uso da imprensa sensacionalista pelo governo do ex-presidente peruano (1990-2000) Alberto Fujimori e como a máquina de uma ditadura "tritura" personagens, como um dos protagonistas, Juan Peineta.
"Queria escrever uma história que mostrasse esse submundo jornalístico, que era a pior cara do regime. Essa era a ideia original, mas foi escapando das minhas mãos e terminou sendo uma imagem do que era a sociedade de Lima", indicou.
Neste momento, em que estampa capas de revistas de fofocas por seu relacionamento com a socialite filipina, ex-mulher do cantor Julio Iglesias, Isabel Preysler, o escritor acredita que o atual momento que o jornalismo atravessa também é "muito ruim".
"Não há uma valorização da seriedade da informação, é possíve passar gato por lebre com facilidade. Não se sabe se o jornalismo de papel sobreviverá. Felizmente acredito que os livros, sim, vão sobreviver", opinou.
O peruano, que completa 80 anos no dia 28 de março, garantiu que a idade não atrapalha sua relação com a literatura, porque ele não concebe a vida sem escrever. "Resisto a me transformar em uma estátua", finalizou.