Uso de energia como arma pela Rússia preocupa EUA e UE
Estados Unidos e União Europeia expressaram preocupação com o que consideram o uso por Moscou da arma energética contra a Ucrânia
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2014 às 14h20.
Bruxelas - União Europeia e Estados Unidos prometeram ajudar a Ucrânia a lidar com a escassez de energia e expressaram preocupação com o que consideram o uso por Moscou da "arma energética", após uma decisão russa de deixar sem efeito o desconto ao gás importado por Kiev.
"Nenhum país deveria utilizar a energia para impedir as aspirações da população. Não deveria ser usada como uma arma", declarou o secretário americano de Estado, John Kerry.
"Não podemos permitir que seja utilizada como uma arma política ou um instrumento de agressão", declarou Kerry em Bruxelas um dia após o gigante russo Gazprom, controlado pelo Kremlin, anunciar que colocava fim ao desconto acordado em dezembro às compras ucranianas do gás russo.
Kerry participava junto à chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, de uma reunião do conselho energético EUA-UE, um fórum bilateral destinado a avaliar as prioridades no setor da energia que também contou com a presença do vice-secretário americano de Energia, Dan Poneman, e do comissário europeu do setor, Günther Oettinger.
Em um comunicado conjunto ao término do encontro, as duas partes afirmam que a "segurança energética" levanta desafios e que são necessários esforços comuns para ultrapassá-los.
A dependência da Ucrânia e da UE ao gás russo, os meios de reduzi-la diversificando o fornecimento e a possibilidade de que os Estados Unidos inundem o mercado com gás natural liquefeito (GNL) foram os temas abordados durante o encontro, que esteve dominado pela inquietação.
Isso se refletiu na declaração de um funcionário americano de alto escalão que disse, pedindo o anonimato, que "estamos diante de uma situação crítica".
A Ucrânia consome 50 bilhões de m3 de gás por ano, 30 bilhões dos quais compra da Rússia. Pelos gasodutos ucranianos também transitam 65 bilhões de m3 dos 133 bilhões que a UE compra da Rússia, segundo dados da Comissão europeia.
Imediatamente, a UE e os Estados Unidos não podem fazer muito para reduzir esta dependência. A possibilidade de que Washington autorize a comercialização de GNL, a preços de mercado, suprimiria uma parte das necessidades europeias em 2015 ou 2016, uma vez terminadas as infraestruturas necessárias para injetá-lo à rede de distribuição (terminais de GNL e os gasodutos necessários).
Além disso, a possibilidade de reverter nos gasodutos o sentido do fluido, isto é, do Oeste para o Leste, para suprir as necessidades da Ucrânia, é real, embora necessite de um investimento, de seis a oito meses de trabalho e, para realizar isso, da autorização das duas empresas envolvidas na interconexão, uma eslovaca e a outra ucraniana, ambas controladas pelo gigante russo Gazprom.
Mensagem ambígua do Ocidente
Nesta quarta-feira a Rússia acusou a Otan de incorrer nos instintos da Guerra Fria.
"Os instintos da Guerra Fria foram despertados na Otan e também afetam sua retórica", declarou o representante da Rússia na organização, Alexander Grushko, em sua conta no Twitter.
Na terça-feira, a Aliança Atlântica decidiu durante uma reunião de ministros de seus 28 membros suspender a "cooperação prática civil e militar" com a Rússia.
Esta decisão já havia sido adotada pela Otan no início de março, antes que a Crimeia realizasse o referendo de secessão da Ucrânia e que Moscou anexasse a península à Federação da Rússia.
Interrogado na terça-feira em uma coletiva de imprensa, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, reconheceu que a Rússia seguirá participando no programa de luta contra o terrorismo, assim como no programa de cooperação que a Aliança mantém com Moscou no Afeganistão para lutar contra o narcotráfico.
Embora tenha sido dada a ordem às instâncias militares da Otan de analisar e atualizar planos de mobilização de tropas e reforço aéreo nos países da Europa Oriental, os canais diplomáticos dentro da Aliança permanecem abertos com Moscou.
Uma fonte diplomática na Otan garantiu na terça-feira que o objetivo era que a Aliança "mantenha o low-profile" para dar uma oportunidade ao diálogo iniciado entre Kerry e seu colega russo Serguei Lavrov para encontrar uma saída diplomática para a crise.
A Ucrânia também declarou que não ambiciosa se incorporar à Otan, uma das condições de Moscou para diminuir as tensões na região.
No entanto, em Washington a Câmara de Representantes aprovou um pacote de ajuda para a Ucrânia que inclui sanções contra a Rússia pela incorporação da Crimeia e garantias de crédito para Kiev no valor de 1 bilhão de dólares. O Senado já o havia aprovado na semana passada e resta agora a promulgação pelo presidente Barack Obama.
Bruxelas - União Europeia e Estados Unidos prometeram ajudar a Ucrânia a lidar com a escassez de energia e expressaram preocupação com o que consideram o uso por Moscou da "arma energética", após uma decisão russa de deixar sem efeito o desconto ao gás importado por Kiev.
"Nenhum país deveria utilizar a energia para impedir as aspirações da população. Não deveria ser usada como uma arma", declarou o secretário americano de Estado, John Kerry.
"Não podemos permitir que seja utilizada como uma arma política ou um instrumento de agressão", declarou Kerry em Bruxelas um dia após o gigante russo Gazprom, controlado pelo Kremlin, anunciar que colocava fim ao desconto acordado em dezembro às compras ucranianas do gás russo.
Kerry participava junto à chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, de uma reunião do conselho energético EUA-UE, um fórum bilateral destinado a avaliar as prioridades no setor da energia que também contou com a presença do vice-secretário americano de Energia, Dan Poneman, e do comissário europeu do setor, Günther Oettinger.
Em um comunicado conjunto ao término do encontro, as duas partes afirmam que a "segurança energética" levanta desafios e que são necessários esforços comuns para ultrapassá-los.
A dependência da Ucrânia e da UE ao gás russo, os meios de reduzi-la diversificando o fornecimento e a possibilidade de que os Estados Unidos inundem o mercado com gás natural liquefeito (GNL) foram os temas abordados durante o encontro, que esteve dominado pela inquietação.
Isso se refletiu na declaração de um funcionário americano de alto escalão que disse, pedindo o anonimato, que "estamos diante de uma situação crítica".
A Ucrânia consome 50 bilhões de m3 de gás por ano, 30 bilhões dos quais compra da Rússia. Pelos gasodutos ucranianos também transitam 65 bilhões de m3 dos 133 bilhões que a UE compra da Rússia, segundo dados da Comissão europeia.
Imediatamente, a UE e os Estados Unidos não podem fazer muito para reduzir esta dependência. A possibilidade de que Washington autorize a comercialização de GNL, a preços de mercado, suprimiria uma parte das necessidades europeias em 2015 ou 2016, uma vez terminadas as infraestruturas necessárias para injetá-lo à rede de distribuição (terminais de GNL e os gasodutos necessários).
Além disso, a possibilidade de reverter nos gasodutos o sentido do fluido, isto é, do Oeste para o Leste, para suprir as necessidades da Ucrânia, é real, embora necessite de um investimento, de seis a oito meses de trabalho e, para realizar isso, da autorização das duas empresas envolvidas na interconexão, uma eslovaca e a outra ucraniana, ambas controladas pelo gigante russo Gazprom.
Mensagem ambígua do Ocidente
Nesta quarta-feira a Rússia acusou a Otan de incorrer nos instintos da Guerra Fria.
"Os instintos da Guerra Fria foram despertados na Otan e também afetam sua retórica", declarou o representante da Rússia na organização, Alexander Grushko, em sua conta no Twitter.
Na terça-feira, a Aliança Atlântica decidiu durante uma reunião de ministros de seus 28 membros suspender a "cooperação prática civil e militar" com a Rússia.
Esta decisão já havia sido adotada pela Otan no início de março, antes que a Crimeia realizasse o referendo de secessão da Ucrânia e que Moscou anexasse a península à Federação da Rússia.
Interrogado na terça-feira em uma coletiva de imprensa, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, reconheceu que a Rússia seguirá participando no programa de luta contra o terrorismo, assim como no programa de cooperação que a Aliança mantém com Moscou no Afeganistão para lutar contra o narcotráfico.
Embora tenha sido dada a ordem às instâncias militares da Otan de analisar e atualizar planos de mobilização de tropas e reforço aéreo nos países da Europa Oriental, os canais diplomáticos dentro da Aliança permanecem abertos com Moscou.
Uma fonte diplomática na Otan garantiu na terça-feira que o objetivo era que a Aliança "mantenha o low-profile" para dar uma oportunidade ao diálogo iniciado entre Kerry e seu colega russo Serguei Lavrov para encontrar uma saída diplomática para a crise.
A Ucrânia também declarou que não ambiciosa se incorporar à Otan, uma das condições de Moscou para diminuir as tensões na região.
No entanto, em Washington a Câmara de Representantes aprovou um pacote de ajuda para a Ucrânia que inclui sanções contra a Rússia pela incorporação da Crimeia e garantias de crédito para Kiev no valor de 1 bilhão de dólares. O Senado já o havia aprovado na semana passada e resta agora a promulgação pelo presidente Barack Obama.