O Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia (UE) ficou estagnado no quarto trimestre de 2024, surpreendendo analistas. O resultado foi impactado principalmente pelas quedas na Alemanha (-0,2%) e na França (-0,1%), que puxaram o desempenho do bloco para baixo.
União Europeia estagna com principais economias prejudicadas pela situação política
PIB alemão e francês recuaram, puxando o bloco econômico para baixo
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Vincenzo Calcopietro
Redator na Exame
Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 09h11.
Vários fatores estão travando o crescimento europeu, mas os problemas nas duas maiores economias da UE são os mais preocupantes. A Alemanha enfrenta turbulências políticas e um setor industrial enfraquecido, enquanto a França lida com desafios fiscais e instabilidade governamental.
Além disso, as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas sobre produtos europeus aumentam a incerteza no continente, afetando a confiança de investidores e empresas, segundo a Bloomberg. O bloco já começou a se preparar para possíveis sanções, mas o impacto econômico ainda é incerto.
Banco Central Europeu deve cortar juros
Para tentar reverter esse cenário, o Banco Central Europeu (BCE) deve reduzir a taxa de juros para 2,75% na reunião desta quinta-feira (30). O corte busca estimular a economia ao baratear o crédito e incentivar investimentos, mas pode trazer desafios no controle da inflação.
Entre os países da Zona do Euro, Itália e Áustria mantiveram crescimento estável, enquanto Portugal e Lituânia registraram forte alta no PIB. O maior destaque positivo foi a Espanha, que avançou 0,6%. No entanto, a inflação no país subiu para 2,9% em janeiro, o que pode preocupar analistas.
Alemanha: crise política e segundo ano seguido de recessão
A Alemanha, maior economia da Europa, segue em crise. O país passará por novas eleições no fim de fevereiro, e a expectativa é que o chanceler Olaf Scholz seja substituído por Friedrich Merz, líder do bloco conservador CDU/CSU.
Merz promete cortes de impostos e menos regulamentação para impulsionar a economia, mas há ceticismo sobre sua capacidade de reverter a recessão. A Continental AG, gigante do setor automotivo, já alertou que o mercado segue desafiador, e que a empresa terá que reduzir custos para manter a lucratividade.
Esse foi o segundo ano consecutivo de retração do PIB alemão. Com isso, o governo revisou sua projeção de crescimento para 2025, reduzindo a expectativa de 1,1% para apenas 0,3%.
França: crise fiscal e desconfiança no setor privado
Na França, a queda do PIB foi uma surpresa negativa, já que analistas esperavam uma estagnação. O resultado foi impactado pelo enfraquecimento do consumo e redução dos investimentos empresariais.
A situação se agrava com uma crise fiscal crescente. O déficit público de 2024 deve atingir 6% do PIB, forçando o governo a recorrer a medidas emergenciais para evitar um colapso nas contas públicas. Na próxima semana, o primeiro-ministro François Bayrou levará ao parlamento novas propostas de impostos e gastos, além do orçamento de 2025.
O cenário tem gerado frustração entre as empresas francesas. O presidente do grupo empresarial Medef, Patrick Martin, declarou que há uma "deterioração real da economia francesa". Já o economista Bert Colijn, do ING, afirmou que a Europa parece estar em crise e pode não sair dessa recessão neste inverno.
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