De acordo com informações, nesta terça "forças combinadas" do governo mantinham isolada a cidade Masaya, que oferece grande resistência a Ortega (Oswaldo Rivas/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 17 de julho de 2018 às 16h02.
A Alta Representante para Assuntos Exteriores e Políticos de Segurança da União Europeia (UE) e vice-presidente da Comissão Europeia, a italiana Federica Mogherini, pediu hoje (17) ao governo da Nicarágua que ponha "um fim imediato à violência".
O Departamento de Estado dos Estados Unidos apelou "energicamente" ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que impeça os ataques contra a cidade de Masaya, no oeste do país, um dos redutos de resistência da oposição ao governo.
Em mensagem no Twitter, o secretário de Estado adjunto interino para América Latina, Paco Palmieri, exigiu o fim imediato do ataque que teria sido cometido pelas chamadas "forças combinadas" do governo, integrada por policiais e paramilitares.
Desde 18 abril, manifestações são diárias em várias cidades da Nicarágua. Há embates entre civis e forças policiais. Mas de 350 morreram em consequência dos confrontos.
A delegação da União Europeia na Nicarágua informou que Mogherini escreveu ao ministro das Relações Exteriores nicaraguense, Denis Moncada, pedindo o fim imediato da violência, da repressão e das detenções arbitrárias, respeitando as liberdades fundamentais.
De acordo com informações, nesta terça-feira "forças combinadas" do governo da Nicarágua mantinham isolada a cidade nicaraguense de Masaya e realizavam um forte ataque armado à comunidade de Monimbó, uma das que oferece maior resistência a Ortega.
Horas antes, as mesmas forças tinham atacado a cidade vizinha de Nindirí, situada entre Manágua e Masaya.
A União Europeia "está disposta a acompanhar e apoiar o diálogo, em particular a Comissão sobre Democratização e Assuntos Eleitorais, visando as reformas necessárias e um processo eleitoral plenamente democrático e oportuno", acrescentou o bloco.
A UE também anunciou que destinou 300 mil euros (US$ 349.854) para apoiar o atendimento médico aos feridos, e o reforço ao apoio às organizações de direitos humanos, incluindo o Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) e o Mecanismo de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni, na sigla em espanhol).
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) responsabilizaram o governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país", mas o governo nicaraguense nega.
Nos últimos dias, o governo de Ortega iniciou a chamada "Operação Limpeza", que consiste em ataques às cidades que instalaram bloqueios nas estradas para protestar contra o presidente e impedir a movimentação das chamadas "forças combinadas".
Grupos de ativistas denunciaram que ataques foram registrados contra as cidades de Diriá, Diriomo, Masaya e Niquinhomo.