Um teste de fogo para a liderança turca no Oriente Médio
ÀS SETE - Recep Tayyip Erdogan tem um desafio nos próximos dias: se colocar como uma nova liderança na região mais conflituosa do planeta
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2017 às 06h25.
Última atualização em 14 de novembro de 2017 às 07h13.
Uma série de encontros agendados para os próximos dias deve testar a capacidade do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de se colocar como uma nova liderança na região mais conflituosa do planeta, o Oriente Médio .
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Erdogan chega nesta terça-feira ao Kuwait, onde vai assinar acordos bilaterais com o país. Ontem, ele viajou à Rússia e se encontrou com o presidente Vladimir Putin, com quem discutiu a guerra civil da síria e a manutenção das tropas militares no país. Durante o encontro, Erdogan afirmou que a solução para a guerra seria militar, e não pacífica.
A rodada de viagens termina na quinta-feira, no Catar, onde o presidente turco vai participar do Comitê Estratégico Turquia-Catar (em que os países irão discutir questões econômicas, estratégicas e de infraestrutura).
O périplo de Erdogan vem em um momento de renovadas tensões políticas na região. O epicentro da crise são as relações entre Arábia Saudita, Líbano e Irã. Na semana passada, o primeiro-ministro iraniano Saad Hariri, sunita, renunciou ao cargo durante uma viagem à Arábia Saudita onde está até hoje.
A inesperada renúncia realizada no país (islâmico de maioria sunita) que tem um histórico nada amigável com o Irã (também islâmico, mas de maioria xiita) causou um desconforto ainda maior com o pronunciamento do grupo fundamentalista libanês Hezbolllah, aliado antigo do Irã.
Sayyed Hassan Nasrallah, líder do grupo, acusou a Arábia Saudita de manter Hariri preso. O Líbano sofre grande influência do Irã, e é governado com o apoio “compulsório” do Hezbollah (que domina o Parlamento do país).
Na mesma semana, o governo da Arábia Saudita acusou o Iêmen (país com quem está em conflito desde 2015) da lançar uma bomba contra seus país. A Turquia e o Kuwait condenaram o lançamento da bomba.
Numa região em que pequenos gestos passam grandes mensagens, o pedido demonstrou de que lado está o Kuwait, e consequentemente de que lado a Turquia pode estar.
Uma aliança com os sauditas pode ser estratégica para o governo turco, que se afasta da Europa e reconstrói seus acordos no Oriente. É sair de um vespeiro para pular em outro ainda maior.