Derradeiro jornal venezuelano contra Maduro publica última edição impressa
Jornal disse que irá retomar sua edição impressa "quando o país voltar a ser uma democracia", em referência ao regime de Nicolás Maduro
Reuters
Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 21h15.
Última atualização em 14 de dezembro de 2018 às 21h16.
Caracas - O jornal venezuelano El Nacional, um crítico pesado do governo do governista Partido Socialista, publicou nesta sexta-feira sua última edição impressa após anos lutando contra a pressão do governo e uma economia em colapso.
O jornal, que está fazendo sua transição para um formato digital, tem tido cada vez mais dificuldades para conseguir tinta para impressão devido a controles de câmbio que tornam as importações praticamente impossíveis, além de dever uma série de pagamentos em um processo de difamação contra o número dois do Partido Socialista, Diosdado Cabello.
"Eu quero pensar que isso é uma pausa", disse a editora-chefe do jornal, Patricia Spadaro, em uma entrevista coletiva na redação vazia do jornal.
O El Nacional disse que irá retomar sua edição impressa "quando o país voltar a ser uma democracia", em referência às crescentes críticas globais de que o presidente Nicolás Maduro criou uma ditadura.
Marcos Ruiz, secretário-geral do Sindicato de Funcionários da Imprensa da Venezuela, descreveu o fim da edição impressa do El Nacional como parte do tratamento hostil dado à imprensa pelo governo.
O jornal enfrentou críticas ao longo dos anos, primeiro por ter apoiado abertamente o fundador do Partido Socialista, o ex-presidente Hugo Chávez, em sua campanha em 1998.
Em 2002, depois que o editor do jornal se desentendeu com Chávez, o El Nacional celebrou um golpe frustrado feito por militares dissidentes contra Chávez, o que os críticos classificaram como uma evidência de que a publicação havia colocado a política à frente da objetividade.
O jornal era frequentemente atacado por alimentar a polarização na política do país ao ignorar apoiadores do governo e favorecer sem questionamento seus críticos. Com a inflação chegando a 1,3 milhão por cento atualmente, o jornal teve dificuldades para manter sua equipe.