As lideranças da União Europeia organizam nesta segunda-feira, 29, uma conferência virtual sobre o futuro da Síria. o encontro ocorre no mês em que a guerra civil síria completa dez anos (Ali Hashisho/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2021 às 06h40.
Última atualização em 29 de março de 2021 às 06h44.
As lideranças da União Europeia organizam nesta segunda-feira, 29, a quinta conferência de lideranças políticas e agências humanitárias sobre o futuro da Síria.
Feito de maneira virtual por causa da pandemia, o encontro ocorre no mês em que a guerra civil síria completa dez anos sem atingir o objetivo de tirar do poder o ditador Bashar al-Assad e promover uma reforma política no país.
Em uma década de confrontos entre tropas governistas e várias frentes rebeldes – que incluem de curdos a forças jihadistas –, o saldo de mortos chega a 550.000.
O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor
Além disso, mais de 5 milhões de sírios fugiram para o exterior e 6 milhões de sírios mudaram de residência dentro do próprio país. É, na visão de especialistas em conflitos, a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.
Na conferência que começa hoje e deve ir até a quarta-feira, as lideranças europeias devem manter a intenção de encontrar uma saída diplomática para o conflito.
O esforço diplomático, contudo, depende de uma cooperação com a Rússia, um dos principais aliados do regime de Assad e que mantém uma relação distante das lideranças europeias desde 2014, com a aplicação de sanções por parte da UE por causa da anexação da província da Crimeia, então da Ucrânia, ao território russo.
Ao mesmo tempo, os custos de guerra e, mais recentemente, a pandemia, vêm impactando com força a economia da Síria. Os danos à infraestrutura do país por causa do conflito já causaram perdas de 117 bilhões de dólares, segundo o IEP, consultoria europeia de mediação de conflitos. O PIB atual do país, de 20 bilhões de dólares, é menos de 50% do patamar pré-guerra.
Na visão de especialistas, a condição miserável do país pode abrir uma janela de oportunidades para uma solução diplomática para o conflito.
Ao longo do fim de semana os líderes europeus condenaram a escalada do conflito em Mianmar, no sudeste asiático. O país vive uma onda de protestos desde o golpe militar de 1º de fevereiro deste ano que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi, vencedora do prêmio Nobel.
Segundo um balanço local, o número de mortos pela repressão desde o golpe de Estado em Mianmar é de 423. Apenas ontem, 107 pessoas perderam a vida, entre elas sete crianças, segundo dados da ONU. No total, 35 crianças teriam morrido desde o golpe, apontou a diretora do Unicef.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenaram neste domingo a repressão violenta às manifestações em Mianmar, que deixou 107 mortos apenas ontem.
"É terrível", disse Biden em Delaware. "É absolutamente intolerável. Segundo informações que recebi, uma grande quantidade de pessoas foi morta de forma totalmente desnecessária."
A União Europeia (UE) também condenou hoje o que considerou uma "escalada inaceitável da violência, um caminho sem sentido" escolhido pela junta militar birmanesa.
Os comandantes militares de várias nações, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e Alemanha, condenaram o uso de força letal contra manifestantes desarmados em Mianmar.
"Um militar profissional segue padrões internacionais de conduta e é responsável por proteger - não agredir - as pessoas às quais serve", afirmaram em um comunicado conjunto, no qual fazem um "apelo" às Forças Armadas birmanesas para que "cessem a violência e trabalhem para restaurar seu respeito e credibilidade ante a população de Mianmar".
Enquanto as forças de ordem reprimiam ontem as manifestações, que coincidiram com o Dia das Forças Armadas, o chefe do Exército e da junta militar, Min Hlaing, e a mulher recebiam com pompa várias personalidades, entre elas o vice-ministro da Defesa russo, Alexandre Fomine, na capital, Naypyidaw.
País vizinho de Mianmar, Bangladesh também teve mortes relacionadas a manifestações políticas neste domingo. Duas pessoas morreram em confrontos entre a polícia e manifestantes islamitas, o que eleva a 13 o número de vítimas fatais em três dias de protestos contra a visita do primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Os manifestantes, muitos deles membros do grupo radical islamita Hefazat-e-Islam, criticam a visita de Modi, um nacionalista hindu que acusam de estimular a violência contra os muçulmanos em seu país.
Cinco pessoas morreram na sexta-feira e seis faleceram no sábado, quando a polícia atirou contra os manifestantes em várias cidades do país de maioria muçulmana, que tem 168 milhões de habitantes.
Outras duas pessoas - um jovem de 19 anos e outro de 23 - faleceram neste domingo depois que a polícia abriu fogo em confrontos na cidade de Sarail (leste).
Os manifestantes atacaram "um posto policial da estrada, incendiaram o local e feriram pelo menos 35 agentes. A polícia abriu fogo em legítima defesa", afirmou um porta-voz das forças de segurança.
Quase 3.000 manifestantes bloquearam uma rodovia e atacaram a polícia com tijolos e pedras.
O ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, pediu o fim dos protestos.
A visita do nacionalista indiano Modi, que chegou na sexta-feira em Dacca, foi recebida com protestos. Ele é acusado de incitar a violência antimuçulmana na Índia que provocou mil mortes no estado de Gujarat em 2002, quando ela era o governador da região.
Bangladesh celebra o aniversário de 50 anos de sua independência do Paquistão. O governo destaca os êxitos econômicos do país, ofuscados, segundo os grupos de defesa dos direitos humanos, pelas violações dos direitos.