UE evita falar sobre Trump, mas lembra que se opõe ao racismo
Trump culpou na terça-feira os "dois grupos" pela violência ocorrida no sábado em Charlottesville e pôs especial ênfase na responsabilidade da esquerda
EFE
Publicado em 16 de agosto de 2017 às 11h54.
Bruxelas - A União Europeia lembrou nesta quarta-feira que se opõe universalmente ao racismo, mas evitou se pronunciar sobre as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas quais culpava os "dois grupos" pela violência em Charlottesville, onde um neonazista assassinou uma mulher e feriu várias pessoas.
"Acredito que estaríamos muito ocupados se tivéssemos que comentar todas as declarações como essa. O nosso trabalho se baseia nos tratados e nos valores da UE", declarou a porta-voz Annika Breidthardt durante a coletiva de imprensa diária do Executivo comunitário, após ser perguntada pelas declarações de Trump.
Assim, a porta-voz se limitou a lembrar que "a UE condena e se opõe a todas as formas de racismo, ódio e violência na Europa e no mundo" e que o seu trabalho se baseia "nos valores de respeito à dignidade humana, à liberdade, à democracia, à igualdade, ao Estado de direito e ao respeito dos direitos humanos, incluídos os direitos das pessoas pertencentes a minorias".
A porta-voz se referiu, além disso, à Carta dos Direitos Fundamentais da UE, onde especifica que está proibida a discriminação por motivos de sexo, raça, cor, origem étnica e social, características genéticas, idioma, religião ou crença, pertinência a uma minoria nacional, idade e orientação sexual, entre outras.
Trump culpou na terça-feira os "dois grupos" pela violência ocorrida no sábado em Charlottesville (Virgínia) e pôs especial ênfase na responsabilidade da esquerda por ter atacado, disse, os neonazistas.
"Que acontece com a alt-left (esquerda alternativa) que atacou uma senhora alt-right (direita alternativa, racista)? Têm alguma culpa?", disse o presidente durante uma coletiva de imprensa em Nova York.
As palavras de Trump foram bem recebido pela ultradireita americana, e o histórico dirigente do Ku Klux Klan, David Duke, elogiou o presidente por "dizer a verdade" sobre o que ocorreu em Charlottesville e condenar os terroristas "de esquerda", ao mesmo tempo que provocaram uma onda de críticas inclusive no Partido Republicano ao que pertence o presidente americano.