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UE aumenta ajuda contra ebola; primeiro caso em Nova York

União Europeia vai aumentar ajuda para a luta contra o ebola, que chegou a Nova York e ameaça outros países africanos

Médico se prepara para atender a pacientes com febre ebola, na Guiné (AFP)
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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2014 às 18h09.

Nova York - A União Europeia (UE) vai aumentar a ajuda a um bilhão de euros para a luta contra o ebola , que chegou a Nova York e ameaça dois novos países africanos: Mali e Costa do Marfim.

Um médico de Nova York que voltou aos Estados Unidos recentemente, depois de trabalhar com pacientes de ebola na Guiné para a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), foi diagnosticado com o vírus, anunciou o prefeito Bill de Blasio na quinta-feira à noite.

O Mali também registrou um primeiro caso de ebola, o de uma menina de dois anos que chegou ao país após uma viagem à vizinha Guiné com a avó. As duas estão em quarentena e outras 43 pessoas estão em observação, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na Costa do Marfim, que tem fronteiras com duas das três nações mais afetadas, Guiné e Serra Leoa, um trabalhador guineano da área da saúde era procurado sob suspeita de ter sido contaminado e de ter entrado de maneira clandestina no país.

Com o avanço da epidemia, a UE decidiu aumentar a ajuda financeira a um bilhão de euros para lutar contra o ebola, anunciou nesta sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, durante uma reunião de cúpula de chefes de Governo e de Estado em Bruxelas.

A promessa de contribuição europeia era de 600 milhões de euros até agora.

O novo comissário europeu de Assuntos Humanitários, o cipriota Christos Stylianides, vai coordenar a resposta europeia à epidemia.

Ao mesmo tempo, a França decidiu ampliar os controles, que já aconteciam nos aeroportos, a todos os meios de transporte, incluindo as viagens marítimas.

A presidente da Libéria, o país mais afetado, Ellen Johnson Sirleaf, exigiu um controle mais rígido das fronteiras dos três países afetados para impedir um retorno do vírus nas poucas regiões em que a epidemia registra queda.

Sirleaf recebeu a presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, que depois visitou a Guiné para concluir a viagem pelos três países mais afetados.

Antes, na capital de Serra Leoa, Freetown, Dlamini-Zuma anunciou que a República Democrática do Congo (RDC) se comprometeu a enviar 1.000 auxiliares de enfermagem, que se unirão aos quase 600 prometidos pelos países da África do Leste.

"A comunidade internacional reagiu sobretudo com infraestruturas, mas não trabalhadores. As infraestruturas são vitais para ter centros de tratamento, mas sem profissionais de saúde dentro, vira um desperdício", advertiu.

"É extremamente difícil encontrar trabalhadores suficientes para lutar contra o ebola", disse o diretor-geral adjunto da OMS, o médico Keiji Fukuda.

Fukuda considera possível "inverter a curva" da progressão da doença até o fim do ano, apesar do ebola praticamente ter alcançado a marca de 10.000 casos, com 4.900 mortes.

O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, afirmou que espera conter, mas não eliminar, a epidemia no país até o fim do ano.

Uma pequena empresa japonesa anunciou nesta sexta-feira que vai oferecer 10.000 máscaras de proteção para os países africanos mais afetados.

Nos Estados Unidos, o empresário Paul Allen, cofundador da Microsoft, anunciou que doará 100 milhões de dólares para o combate ao ebola.

Primeiro caso em NY

O médico Craig Spencer, 32, foi hospitalizado na quinta-feira em Nova York com o vírus ebola, no primeiro caso de ebola na maior cidade americana.

"Os exames realizados confirmaram que um paciente aqui na cidade de Nova York teve um resultado positivo para ebola", disse De Blasio.

"Queremos deixar claro, desde o início, que não há razão para que os nova-iorquinos fiquem alarmados", destacou De Blasio, insistindo que a cidade de 8,4 milhões de habitantes está preparada para enfrentar o problema.

"O ebola é muito difícil de se contrair. Se transmite apenas pelo contato com o sangue e outros fluidos corporais" da pessoa infectada, recordou o prefeito.

Craig Spencer, recém chegado da África, foi internado de urgência com febre alta e dores abdominais, e os exames revelaram a presença do ebola.

O médico esteve na Guiné, um dos três países afetados pela epidemia de ebola, junto à Serra Leoa e Libéria.

Spencer trabalhou para a Médicos sem Fronteiras na Guiné e tratou de pacientes com o vírus até 12 de outubro, antes de viajar para a Europa, dois dias depois.

O médico está internado no hospital Bellevue de Manhattan, preparado especialmente para tratar casos de ebola em Nova York, a cidade mais povoada dos Estados Unidos.

As autoridades de Nova York iniciaram uma investigação sobre as pessoas que mantiveram contato com Spencer desde seu regresso a Nova York, há dez dias, e que podem estar com a doença.

A namorada e dois amigos de Spencer - que não apresentam sintomas - foram colocados em quarentena. O apartamento do médico no Harlem está lacrado.

A Médico Sem Fronteiras (MSF) relatou que Spencer, que trabalhou para a organização "em um dos países da África afetados pelo ebola, informou à organização que apresentava febre, cumprindo com as estritas determinações observadas pelo pessoal que retorna de uma missão ebola...".

Imediatamente após o comunicado de Spencer, a MSF informou a situação aos serviços de saúde de Nova York, com base nos protocolos adotados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o ebola já matou 4.877 pessoas (das 9.936 contaminadas), principalmente na Libéria, Serra Leoa e Guiné, foco da atual epidemia, iniciada em dezembro de 2013.

São Paulo - Ebola é uma doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
  • 2. A origem

    2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)

  • Veja também

    A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
  • 3. A epidemia atual

    3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)

  • Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
  • 4. Os sintomas

    4 /13(AFP)

    Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
  • 5. Transmissão

    5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)

    O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
  • 6. O tratamento

    6 /13(Cellou Binani/AFP)

    Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
  • 7. Como se proteger

    7 /13(AFP)

    A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
  • 8. Epidemia global

    8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)

    O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
  • 9. Vacina experimental

    9 /13(sxc.hu)

    Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
  • 10. Fronteiras fechadas

    10 /13(Gary Cameron/Reuters)

    Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
  • 11. Não há mercado para a vacina

    11 /13(AFP)

    Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
  • 12. Medicação

    12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)

    Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
  • 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde

    13 /13(Reuters)

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