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Ucrânia responde papa e diz que 'nunca' levantará bandeira branca para negociar com a Rússia

Líder religioso ressaltou que não pode haver 'vergonha' em um diálogo pela paz, para evitar que a situação piore

Papa Francisco, pontífice é o líder da Igreja Católica (Clément MELKI/AFP)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 11 de março de 2024 às 17h36.

A Ucrânia criticou no domingo, 10, o papa Francisco pelas declarações sugerindo que Kiev deveria ter coragem para negociar o fim da guerra com a Rússia. O país de Volodmir Zelenski e seus aliados declarou que nunca se renderá à Rússia e que a bandeira do país é "amarela e azul", em referência à expressão "bandeira branca" usada por Francisco.

Em uma entrevista divulgada pela televisão pública suíça RTS no sábado, 9, o líder religioso foi questionado sobre as possibilidades de resolução do conflito na Ucrânia e pediu para que não haja vergonha em negociar "antes que as coisas piorem". "Acredito que são mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar", declarou o papa.

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Como reação, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, escreveu em uma publicação na rede social X: "Nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfaremos. Nunca levantaremos outras bandeiras".

"No que diz respeito à bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século 20. Peço-lhe que evite repetir os erros do passado e que apoie a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida", acrescentou, sugerindo uma relação entre a sede da Igreja Católica e a Alemanha nazista.

Kuleba afirmou, entretanto, que espera que o pontífice argentino "encontre a oportunidade de fazer uma visita canônica à Ucrânia".

O chefe da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, o arcebispo Sviatoslav Shevchuk, disse no domingo que a rendição não está na mente dos ucranianos. "A Ucrânia está exausta, mas resiste e resistirá. Acredite, nunca passou pela cabeça de ninguém se render", disse Shevchuk em um evento em Nova York.

Da mesma forma, Radek Sikorski, ministro dos Negócios Estrangeiros da Polônia, um dos países aliados da Ucrânia, publicou no X: "Que tal, para equilibrar, encorajar Putin a ter a coragem de retirar o seu exército da Ucrânia? A paz aconteceria imediatamente sem a necessidade de negociações."

'Fim das hostilidades'

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, esclareceu no sábado, que o papa apoiava "o fim das hostilidades (e) uma trégua alcançada com a coragem das negociações", em vez de uma rendição total da Ucrânia.

Bruni disse que o jornalista que entrevistou Francisco usou o termo "bandeira branca" na pergunta que motivou os comentários polêmicos.

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