Reino Unido na UE: "O Conselho Europeu de dezembro deveria abordar todos os dilemas políticos relacionados a este processo" (Toby Melville / Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 13h59.
Bruxelas - O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse nesta segunda-feira que acredita na possibilidade de firmar em fevereiro uma proposta que satisfaça as "difíceis" reivindicações do Reino Unido para permanecer na União Europeia (UE).
"O Conselho Europeu de dezembro deveria abordar todos os dilemas políticos relacionados a este processo. Sobre a base de uma substancial discussão política, deveríamos poder preparar uma proposta concreta para ser finalmente adotada em fevereiro", declarou Tusk em carta enviada aos líderes da UE para fazer um balanço das negociações com Londres.
O político polonês destacou que as conversas em nível técnico com a Comissão Europeia (CE), membros da Eurocâmara e os Estados-membros mostraram que os assuntos propostos pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, são "difíceis".
Tusk ressaltou que há uma "forte vontade de todas as partes para encontrar soluções que respondam ao pedido britânico e ao mesmo tempo beneficiem o conjunto da UE".
O dirigente se pronunciou em carta para fazer uma avaliação da situação antes da cúpula dos duas 17 e 18 de dezembro, quando a questão britânica será discutida.
No dia 10 de novembro, Cameron abriu formalmente a negociação da relação do Reino Unido com a UE ao enviar a Tusk uma carta com seus planos de reformas do bloco, antes de convocar o prometido referendo sobre a filiação britânica à União Europeia, previsto para antes do fim de 2017.
Londres baseia suas propostas de reformas em quatro pilares que incluem assuntos como mercado único, imigração dos comunitários, competitividade e integração europeia.
Em primeiro lugar, Tusk considera necessário ter princípios que garantam que a zona do euro possa continuar a se desenvolver e ser eficaz, além de evitar discriminar os Estados-membros que ainda não pertencem ou que nunca farão parte da moeda única.
Nesse contexto, defende um mecanismo para que os países que não estejam no euro, como o Reino Unido, expressem suas preocupações sem que cheguem a adquirir um "direito de veto".
Tusk também diz que há uma "forte determinação" de promover a competitividade e usar todo o potencial do mercado interno, assim como de promover uma regulação melhor e apressar cargas a empresas, e ressalta especialmente a importância dos acordos comerciais com países e regiões do mundo em expansão econômica.
No que diz respeito à soberania, Tusk defende que os países que desejarem se aprofundar em integração possam fazê-lo com respeito aos que não queiram seguir em frente.
Por último, Tusk reconhece que o trecho sobre benefícios sociais e o livre movimento de pessoas é "o mais delicado" e "requereria um debate político substantivo" em dezembro.
"Em qualquer caso, minha avaliação é que fizemos bons progressos", considerou Tusk, que pediu mais tempo para preparar estes assuntos e elaborar a forma legal do acordo.
Para Tusk, a "incerteza" sobre o futuro do Reino Unido na UE é "um fator desestabilizador", por isso "é preciso encontrar uma maneira de responder às preocupações britânicas o mais rápido possível".