Refugiados na fronteira entre a Áustria e a Turquia: "Cada intervenção adicional, especialmente essa da Rússia e seus bombardeios contra posições da oposição moderada, dará muita força ao regime" (REUTERS/Leonhard Foeger)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2015 às 09h32.
Ancara - O governo da Turquia teme que a intervenção militar da Rússia na Síria desestabilize ainda mais o país vizinho, fazendo com que até 1 milhão de pessoas cruzem a fronteira para fugir da guerra e se somem aos 2,5 milhões de refugiados que já vivem em território turco.
O vice-primeiro-ministro da Turquia, Numan Kurtulmus, indicou que os bombardeios russos podem fortalecer o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, e aumentar a pressão sobre a oposição moderada.
"O oeste da Síria é a região mais populosa. Lá há equilíbrio agora, dentro da guerra civil multilateral. Cada intervenção adicional, especialmente essa da Rússia e seus bombardeios contra posições da oposição moderada, dará muita força ao regime", disse Kurtulmus nesta terça-feira ao jornal "Hürriyet".
O vice-primeiro-ministro turco indicou que, nesse cenário, Assad intensificará seus ataques.
"Nesse caso, novas mudanças de equilíbrios nessas cidades muito populosas provocaram uma nova onda de centenas de milhares de refugiados, talvez um milhão, em direção à Turquia", alertou.
As autoridades turcas estão há meses protestando pelo pouco envolvimento do Ocidente na situação dos refugiados da guerra civil síria. Centenas deles passam todos os dias pelo litoral turco rumo à Grécia em embarcações precárias.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse recentemente que a Guarda Costeira do país já resgatou mais de 60 mil pessoas no mar e alertou que há um limite para as ações do governo.
Erdogan afirmou que a Turquia gastou US$ 7,5 bilhões para atender os refugiados e só recebeu US$ 419 milhões da comunidade internacional.