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Turquia libertará 38 mil presos para abrir lugar a golpistas

O ministro da Justiça, Bekir Bozda, destacou que não se trata de uma "anistia", mas de um cumprimento da condenação fora da prisão

Golpe: medida parece responder à necessidade de abrir espaço nas já saturadas prisões do país (Murad Sezer / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2016 às 08h45.

Istambul - O governo da Turquia decidiu nesta quarta-feira criar uma nova diretriz para libertar condicionalmente 38 mil presos, que abririam espaço nas saturadas prisões do país para os mais de 20 mil detidos depois do fracassado golpe de Estado do dia 15 de julho.

Um decreto, publicado hoje no Diário Oficial ao amparo do estado de emergência, modifica duas provisões na lei penal para permitir a saída em liberdade condicional de vários presos, explicou o ministro da Justiça, Bekir Bozda, em uma série de 19 mensagens de Twitter.

Por um lado, se antes todo preso para o qual só faltava um ano de pena a cumprir podia se beneficiar da liberdade condicional, agora esta medida se estende aos dois últimos anos da sentença.

Por outro, antes podiam se beneficiar da liberdade antecipada quem tinha cumprido dois terços de sua pena, enquanto agora se abre esta opção a quem cumpriu a metade.

Estas duas medidas possibilitarão a saída em liberdade condicional de cerca de 38 mil presos, disse Bozdag, destacando que não se trata de uma "anistia", mas de um cumprimento da condenação fora da prisão.

Desta medida se excluem todos os réus de uma dezena de crimes: homicídio premeditado, agressão com lesões corporais graves a familiares ou incapacitados, agressões sexuais, atentado contra a privacidade, tráfico de drogas, atentado contra a segurança do Estado, contra a Constituição, a defesa nacional ou os segredos de Estado, e finalmente todos os julgados sob a lei antiterrorista.

Além disso, só se pode aplicar a pessoas condenadas por crimes cometidos antes do dia 1º de julho passado, explicou Bozdag.

A medida parece responder à necessidade de abrir espaço nas já saturadas prisões do país, para acomodar as mais de 23 mil pessoas detidas em consequência do golpe de Estado fracassado do dia 15 de julho passado.

Embora inicialmente tenham sido detidas 35 mil pessoas, cerca de 11 mil foram liberadas, e atualmente há cerca de 17 mil em prisão preventiva, enquanto outras 5.600 ainda esperam a decisão de um juiz.

Ao amparo do estado de emergência, a Polícia tem até 30 dias para levar um detido ao tribunal que deve confirmar ou anular sua detenção preventiva.

"Em muitos casos colocaram seis ou nove detidos em celas de dez metros quadrados, projetadas para um preso", assegurou à Efe um advogado dos acusados, Efkan Albayrak.

Outros muitos se amontoam em ginásios de esportes, delegacias policiais e até estábulos, segundo denunciou a organização Anistia Internacional.

O opositor Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata) vem denunciando a saturação das prisões turcas e o enorme aumento da população carcerária.

Desde o ano 2000, quando havia 49.500 presos, a população carcerária subiu para os 179.600 recenseados em janeiro passado, enquanto a população da Turquia só cresceu 24% no mesmo período, segundo declararam à Efe deputados do CHP.

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Um decreto, publicado hoje no Diário Oficial ao amparo do estado de emergência, modifica duas provisões na lei penal para permitir a saída em liberdade condicional de vários presos, explicou o ministro da Justiça, Bekir Bozda, em uma série de 19 mensagens de Twitter.

Por um lado, se antes todo preso para o qual só faltava um ano de pena a cumprir podia se beneficiar da liberdade condicional, agora esta medida se estende aos dois últimos anos da sentença.

Por outro, antes podiam se beneficiar da liberdade antecipada quem tinha cumprido dois terços de sua pena, enquanto agora se abre esta opção a quem cumpriu a metade.

Estas duas medidas possibilitarão a saída em liberdade condicional de cerca de 38 mil presos, disse Bozdag, destacando que não se trata de uma "anistia", mas de um cumprimento da condenação fora da prisão.

Desta medida se excluem todos os réus de uma dezena de crimes: homicídio premeditado, agressão com lesões corporais graves a familiares ou incapacitados, agressões sexuais, atentado contra a privacidade, tráfico de drogas, atentado contra a segurança do Estado, contra a Constituição, a defesa nacional ou os segredos de Estado, e finalmente todos os julgados sob a lei antiterrorista.

Além disso, só se pode aplicar a pessoas condenadas por crimes cometidos antes do dia 1º de julho passado, explicou Bozdag.

A medida parece responder à necessidade de abrir espaço nas já saturadas prisões do país, para acomodar as mais de 23 mil pessoas detidas em consequência do golpe de Estado fracassado do dia 15 de julho passado.

Embora inicialmente tenham sido detidas 35 mil pessoas, cerca de 11 mil foram liberadas, e atualmente há cerca de 17 mil em prisão preventiva, enquanto outras 5.600 ainda esperam a decisão de um juiz.

Ao amparo do estado de emergência, a Polícia tem até 30 dias para levar um detido ao tribunal que deve confirmar ou anular sua detenção preventiva.

"Em muitos casos colocaram seis ou nove detidos em celas de dez metros quadrados, projetadas para um preso", assegurou à Efe um advogado dos acusados, Efkan Albayrak.

Outros muitos se amontoam em ginásios de esportes, delegacias policiais e até estábulos, segundo denunciou a organização Anistia Internacional.

O opositor Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata) vem denunciando a saturação das prisões turcas e o enorme aumento da população carcerária.

Desde o ano 2000, quando havia 49.500 presos, a população carcerária subiu para os 179.600 recenseados em janeiro passado, enquanto a população da Turquia só cresceu 24% no mesmo período, segundo declararam à Efe deputados do CHP.

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