Trump preocupa maioria dos afro-americanos, diz pesquisa
Um total de 84% dos negros americanos entrevistados disseram que sentem que o país está no caminho errado
AFP
Publicado em 27 de setembro de 2017 às 18h20.
Quase dois terços dos afro-americanos se declaram preocupados com a presidência de Donald Trump , e uma quantidade ainda maior acredita que o país está indo na direção errada, segundo uma pesquisa.
Um total de 84% dos negros americanos entrevistados disseram que sentem que o país está no caminho errado, enquanto somente 15% acreditam que está indo na direção correta.
Os afro-americanos representam 13% da população adulta do país, mas a PerryUndem, a empresa com sede em Washington que realizou a sondagem, ressaltou que as pesquisas de opinião pública focadas nesse segmento da sociedade são relativamente raras.
Uma amostragem de 1.003 afro-americanos maiores de 18 anos foi entrevistada entre 18 de julho e 7 de agosto pela PerryUndem. O estudo foi realizado para o grupo Our Own Voice: National Black Women's Reproductive Justice Agenda (Nossa própria voz: Agenda nacional pela justiça reprodutiva das mulheres negras).
Os entrevistados foram questionados sobre como se sentiam naquele momento em relação a Trump, que obteve pouco apoio da comunidade negra na eleição presidencial de 2016.
Um total de 63% deles disseram estar preocupados - 69% das mulheres e 56% dos homens -, 45% disseram que tinham medo e 42% afirmaram que estavam com raiva.
Somente 12% disseram estar otimistas e 7% que tinham esperança.
Apenas 5% dos entrevistados disseram que achavam que as decisões políticas de Trump afetarão positivamente a população negra, enquanto 64% opinaram que o impacto será negativo.
Os entrevistados também foram perguntados sobre em quem confiavam para tratar das questões que são importantes para eles.
Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, e a ex-primeira-dama Michelle Obama ficaram no topo da lista, com um fator de confiança idêntico, de 92%.
O movimento Black Lives Matter (As vidas dos negros importam), que denuncia a violência policial que afeta particularmente esta comunidade, obteve 81% no mesmo índice.
A sondagem foi realizada antes de dois dos últimos eventos de racismo que envolveram Trump.
Em 12 de agosto, supremacistas brancos e neonazistas entraram em confronto com manifestantes antirracistas em Virgínia, nos quais uma mulher morreu após ser atingida intencionalmente pelo veículo de um nacionalista branco.
Trump foi criticado por diversos setores depois de insistir, inicialmente, em que os supremacistas e os manifestantes antirracistas compartilhavam a responsabilidade pela violência.
Na semana passada o presidente criticou reiteradamente os jogadores de futebol americano que ajoelham durante o hino nacional para protestar contra a injustiça racial.
Trump se referiu aos atletas que participam deste protesto como "sons of bitches" (filhos da puta) que devem ser despedidos.
O presidente negou que seu insulto aos jogadores tenha a ver com raça, mas até agora a maioria esmagadora dos atletas que participaram desse protesto é negra.