Trump defende leite em pó após defesa da OMS do aleitamento materno
Representantes americanos tentaram eliminar um trecho da resolução sobre alimentação de bebês e crianças pequenas
AFP
Publicado em 9 de julho de 2018 às 21h48.
O presidente americano, Donald Trump , defendeu na segunda-feira (9) o uso do leite em pó, depois que uma reportagem acusou os Estados Unidos de tentarem atenuar uma resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS) , favorável ao aleitamento materno.
Publicada pelo jornal The New York Times, a reportagem diz que os representantes americanos, em uma reunião anual da OMS em Genebra no mês de maio, tentaram eliminar um trecho da resolução sobre alimentação de bebês e crianças pequenas.
O trecho convidava os Estados-membros a "proteger, promover e apoiar" o aleitamento materno.
Os americanos teriam feito pressão sobre o Equador a fim de que o país deixasse de propor a resolução. Caso os equatorianos tivessem renunciado, a Rússia teria sugerido uma resolução parecida com a de Quito.
A frase foi finalmente aprovada e figura em um documento disponível na internet.
"O artigo do New York Times sobre o aleitamento deve ser denunciado. Os Estados Unidos apoiam profundamente o aleitamento, mas nós pensamos que as mulheres não devem ser impedidas de usar o leite em pó. Muitas mulheres precisam dessa opção, devido à desnutrição e à pobreza", escreveu Donald Trump em sua conta no Twitter.
O Departamento de Estado americano qualificou como "falsa" a ideia de que Washington teria ameaçado um país parceiro. Entretanto, um representante diplomático concordou que os EUA estimam que "a resolução, tal como está redigida, convocava os Estados a colocar obstáculos para as mães que gostariam de alimentar seus filhos".
"Nem todas as mães podem amamentar por várias razões", adicionou esse representante.
O Equador, por sua vez, diz ter lutado para que a resolução fosse aprovada. "Nós nunca sucumbimos aos interesses particulares ou comerciais, nem a nenhum outro tipo de pressão", declarou a ministra da Saúde, Veronica Espinosa.
A OMS incentiva o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebê, e o parcial quando a criança tem entre seis meses e dois anos ou mais, especialmente em países pobres, onde as mulheres amamentam mais frequentemente e durante mais tempo que em países desenvolvidos.
Em 2015, O mercado do leite em pó foi avaliado em 47 bilhões de dólares em 2015, segundo Euromonitor International. Ele é dominado por alguns grupos, principalmente americanos, e está em forte crescimento.