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Trump anuncia que mais um país árabe vai normalizar relações com Israel

Antes do Sudão, Emirados Árabes Unidos e Bahrein normalizaram suas relações com Israel

Donald Trump e Benjamin Netanyahu: (Brendan McDermid/Reuters)

Donald Trump e Benjamin Netanyahu: (Brendan McDermid/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 18h26.

Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 19h33.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira, 23, a normalização das relações diplomáticas entre Israel e Sudão, afirmando que os dois países "fizeram as pazes". As duas nações concordaram em adotar medidas para normalizar as relações, em um acordo mediado com a ajuda dos EUA, que faz do país africano o terceiro governo árabe a abandonar as hostilidades contra Israel nos últimos dois meses.

Jornalistas na Casa Branca presenciaram uma conversa telefônica no Salão Oval entre Trump, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o premiê sudanês, Abdalla Hamdok, e o chefe do Conselho de Transição, Abdel Fattah al-Burhan. "Fizeram as pazes", disse Trump.

"Sudão e Israel concordaram com a normalização das relações, outro passo importante para a construção da paz no Oriente Médio com outra nação que se soma aos Acordos de Abraão", envolvendo Bahrein e Emirados Árabes Unidos, tuitou Judd Deere, assistente de Trump.

O Sudão confirmou, nesta sexta-feira, a normalização de suas relações com Israel. "Sudão e Israel concordaram em normalizar suas relações e encerrar o estado de agressão entre eles", informou a televisão estatal sudanesa, ao referir-se a um comunicado conjunto de Sudão, Estados Unidos e Israel.

Israel e Sudão planejam iniciar a nova fase com relações econômicas e comerciais, com foco inicial na agricultura, disse o comunicado conjunto. Uma autoridade de alto escalão dos EUA, que falou sob anonimato, disse que questões como o estabelecimento formal de laços diplomáticos serão resolvidas mais tarde.

Trump, em campanha para sua reeleição, afirmou que está preparando "muitos, muitos outros" acordos. "Estamos expandindo o círculo da paz tão rápido, graças à sua liderança", disse ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. "Temos ao menos cinco países que querem se juntar", acrescentou Trump.

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, elogiou o acordo. "Saúdo os esforços conjuntos dos Estados Unidos, Sudão e Israel para a normalização das relações entre Sudão e Israel. Agradeço todos os esforços para alcançar estabilidade e a paz na região", disse Al-Sissi no Twitter. O Egito normalizou suas relações com o Estado judaico em 1979.

O movimento islâmico palestino Hamas pronunciou-se nesta sexta-feira e disse que a normalização entre Israel e Sudão é um "pecado político" que prejudica tanto os palestinos quanto os sudaneses.

"É um pecado político que prejudica o povo palestino e sua justa causa, prejudica também o interesse nacional do Sudão e beneficia apenas (Binyamin) Netanyahu", declarou Hazem Qasem, porta-voz oficial do Hamas, o movimento no poder na Faixa de Gaza.

Sudão fora da lista negativa dos EUA

Antes do Sudão, Emirados Árabes Unidos e Bahrein normalizaram suas relações com Israel. Trump disse também que espera que os sauditas se juntem às normalizações.

Pouco antes, a Casa Branca havia anunciado a intenção de Trump de retirar o Sudão da lista de Estados que apoiam o terrorismo. Hamdok agradeceu a Trump na ligação e saudou o grande impacto que essa medida terá na economia sudanesa.

 

Desde a queda do regime de Omar al-Bashir, em abril de 2019, o Sudão está governado por um governo de transição em que militares e civis compartilham o poder até as eleições previstas para 2022.

Esse governo enfrenta dificuldades econômicas com uma forte desvalorização da libra sudanesa. Por causa disso, pediu aos Estados Unidos para retirar o Sudão da lista de países que apoiam o terrorismo, considerado um obstáculo para os investimentos.

A Casa Branca disse que, como parte do acordo para sair da lista o governo de transição do Sudão depositou US$ 335 milhões para compensar os sobreviventes e parentes dos ataques contra Estados Unidos, que ocorreram quando o ex-ditador acolheu a rede terrorista Al-Qaeda.

Os tribunais dos EUA responsabilizaram o Sudão por ser cúmplice dos ataques da Al-Qaeda, em 1998, contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, e do ataque a bomba, em 2000, contra o destroier USS Cole no Porto de Áden, no Iêmen.

O dinheiro da indenização sudanesa para as famílias das vítimas do terrorismo será depositado em uma conta e será acessível assim que o Congresso dos EUA conceder imunidade legal ao Estado sudanês.

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