Tiros cancelam enterro de vítimas de tufão nas Filipinas
O registro de mortes deve chegar a milhares, e os corpos continuam espelhados pelas ruas em algumas regiões
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2013 às 19h35.
Tacloban (Filipinas) - Milhares de pessoas tentavam desesperadamente nesta quarta-feira deixar as áreas mais afetadas pelo tufão Haiyan nas Filipinas, enquanto um enterro coletivo de vítimas era adiado após tiros contra o veículo que transportava os corpos.
O registro de mortes deve chegar a milhares, e os corpos continuam espelhados pelas ruas em algumas regiões, onde um forte odor de decomposição começa a pairar no ar.
As autoridades foram forçadas nesta quarta-feira a adiar um enterro coletivo na cidade de Tacloban, devido a disparos de armas de fogo.
"Tínhamos acabado de cavar a fossa comum para o enterro coletivo. Tínhamos carregado o caminhão com os corpos quando (...) ouvimos tiros" e a polícia pediu para o comboio retornar, explicou o prefeito Alfred Romualdez.
Acidentes relacionados à catástrofe climática são registrados com frequência. As autoridades filipinas anunciaram as mortes de oito pessoas no desabamento de parte de um depósito de arroz que era saqueado por uma multidão em Alangalang, na ilha de Leyte, a 17 km de Tacloban, uma das localidades mais afetadas pela catástrofe.
Policiais e soldados protegiam o local, que pertence a uma agência do governo, mas não conseguiram impedir a invasão da multidão desesperada. Mais de 100.000 sacas de arroz foram roubadas, cada uma com 50 kg.
Seis dias depois da passagem de um dos tufões mais potentes da história do país, que foi acompanhado por ventos de mais de 300km/h e ondas de 5 metros, muitos desabrigados perderam a esperança e buscam a todo custo sair de uma situação apocalíptica.
"Podemos morrer de fome"
Alguns deles, esgotados, traumatizados, famintos, invadiram nesta quarta-feira o aeroporto da cidade, destruído, para implorar por vagas nos aviões militares que transportam ajuda humanitária e equipamentos.
"Todo mundo tem medo. Dizem que não há alimentos, que não há água, que desejam ir embora", afirmou o capitão Emily Chang, médico militar que tem cuidado dos feridos no complexo do aeroporto.
Um menina de sete anos desaparece em meio à multidão. "Estamos aqui há três dias, mas ainda não conseguimos pegar um voo", explicou sua mãe Angeline. "Podemos morrer de fome".
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou nesta quarta para os riscos de epidemias ligadas à água.
Apesar das promessas de doações da comunidade internacional e do envio de uma frota de navios de guerra ocidentais, a ajuda chega lentamente, mesmo com as autoridades tendo assegurado que todas as estradas haviam sido desbloqueadas nas duas ilhas mais afetadas.
A ONU, que pediu na terça-feira 301 milhões de dólares para ajudar as vítimas, indica a morte de 10.000 pessoas apenas na cidade de Tacloban, mas o presidente filipino Benigno Aquino considerou esse número "elevado demais", citando de "2.000 a 2.500" mortos.
O último registro oficial é de 2.275 mortos e 80 desaparecidos.
As Nações Unidas não quiseram entrar nessa polêmica. "Nós nos concentramos nos vivos, não nos mortos", declarou Valerie Amos, chefe das operações humanitárias da ONU.
"Sacos mortuários insuficientes"
O secretário de Governo, Rene Almendras, admitiu que as autoridades estavam sobrecarregadas pelo número de mortes. "A razão para a coleta de corpos estar parada é que os sacos mortuários são insuficientes", disse nesta quarta-feira. "Mas nós temos 4.000 sacos agora. Nós nos esforçamos para termos mais do que o necessário".
A ONU estima que mais de 11 milhões de pessoas, mais de 10% da população, foram atingidas pelo desastre, 673.000 das quais foram deslocadas. E, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de três milhões de pessoas perderam temporariamente ou permanentemente o seu sustento.
Nesta quarta-feira anúncios ou promessas de ajuda, financeira ou material, continuavam a chegar.
O porta-aviões americano George Washington e vários outros navios da Marinha dos Estados Unidos deixaram Hong Kong na terça-feira, com 7.000 marinheiros a bordo, para chegar o mais rápido possível ao arquipélago. E os Estados Unidos anunciaram nesta quarta o envio de dois navios adicionais com capacidade de dessalinização da água do mar
Por falta de água, alimentos, medicamentos e abrigo, os sobreviventes pegaram em armas em algumas áreas para saquear prédios ainda de pé.
Para deter os saqueadores, um toque de recolher foi anunciado em Tacloban e cerca de 2.000 soldados e policiais foram mobilizados.
Se a situação na cidade é "angustiante", a preocupação também é grande para algumas ilhas nas proximidades, considerou Patrick Fuller, porta-voz regional da Cruz Vermelha Internacional. "Eu acredito que vai demorar dias, se não semanas, antes de termos uma imagem precisa da situação."
Tacloban (Filipinas) - Milhares de pessoas tentavam desesperadamente nesta quarta-feira deixar as áreas mais afetadas pelo tufão Haiyan nas Filipinas, enquanto um enterro coletivo de vítimas era adiado após tiros contra o veículo que transportava os corpos.
O registro de mortes deve chegar a milhares, e os corpos continuam espelhados pelas ruas em algumas regiões, onde um forte odor de decomposição começa a pairar no ar.
As autoridades foram forçadas nesta quarta-feira a adiar um enterro coletivo na cidade de Tacloban, devido a disparos de armas de fogo.
"Tínhamos acabado de cavar a fossa comum para o enterro coletivo. Tínhamos carregado o caminhão com os corpos quando (...) ouvimos tiros" e a polícia pediu para o comboio retornar, explicou o prefeito Alfred Romualdez.
Acidentes relacionados à catástrofe climática são registrados com frequência. As autoridades filipinas anunciaram as mortes de oito pessoas no desabamento de parte de um depósito de arroz que era saqueado por uma multidão em Alangalang, na ilha de Leyte, a 17 km de Tacloban, uma das localidades mais afetadas pela catástrofe.
Policiais e soldados protegiam o local, que pertence a uma agência do governo, mas não conseguiram impedir a invasão da multidão desesperada. Mais de 100.000 sacas de arroz foram roubadas, cada uma com 50 kg.
Seis dias depois da passagem de um dos tufões mais potentes da história do país, que foi acompanhado por ventos de mais de 300km/h e ondas de 5 metros, muitos desabrigados perderam a esperança e buscam a todo custo sair de uma situação apocalíptica.
"Podemos morrer de fome"
Alguns deles, esgotados, traumatizados, famintos, invadiram nesta quarta-feira o aeroporto da cidade, destruído, para implorar por vagas nos aviões militares que transportam ajuda humanitária e equipamentos.
"Todo mundo tem medo. Dizem que não há alimentos, que não há água, que desejam ir embora", afirmou o capitão Emily Chang, médico militar que tem cuidado dos feridos no complexo do aeroporto.
Um menina de sete anos desaparece em meio à multidão. "Estamos aqui há três dias, mas ainda não conseguimos pegar um voo", explicou sua mãe Angeline. "Podemos morrer de fome".
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou nesta quarta para os riscos de epidemias ligadas à água.
Apesar das promessas de doações da comunidade internacional e do envio de uma frota de navios de guerra ocidentais, a ajuda chega lentamente, mesmo com as autoridades tendo assegurado que todas as estradas haviam sido desbloqueadas nas duas ilhas mais afetadas.
A ONU, que pediu na terça-feira 301 milhões de dólares para ajudar as vítimas, indica a morte de 10.000 pessoas apenas na cidade de Tacloban, mas o presidente filipino Benigno Aquino considerou esse número "elevado demais", citando de "2.000 a 2.500" mortos.
O último registro oficial é de 2.275 mortos e 80 desaparecidos.
As Nações Unidas não quiseram entrar nessa polêmica. "Nós nos concentramos nos vivos, não nos mortos", declarou Valerie Amos, chefe das operações humanitárias da ONU.
"Sacos mortuários insuficientes"
O secretário de Governo, Rene Almendras, admitiu que as autoridades estavam sobrecarregadas pelo número de mortes. "A razão para a coleta de corpos estar parada é que os sacos mortuários são insuficientes", disse nesta quarta-feira. "Mas nós temos 4.000 sacos agora. Nós nos esforçamos para termos mais do que o necessário".
A ONU estima que mais de 11 milhões de pessoas, mais de 10% da população, foram atingidas pelo desastre, 673.000 das quais foram deslocadas. E, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de três milhões de pessoas perderam temporariamente ou permanentemente o seu sustento.
Nesta quarta-feira anúncios ou promessas de ajuda, financeira ou material, continuavam a chegar.
O porta-aviões americano George Washington e vários outros navios da Marinha dos Estados Unidos deixaram Hong Kong na terça-feira, com 7.000 marinheiros a bordo, para chegar o mais rápido possível ao arquipélago. E os Estados Unidos anunciaram nesta quarta o envio de dois navios adicionais com capacidade de dessalinização da água do mar
Por falta de água, alimentos, medicamentos e abrigo, os sobreviventes pegaram em armas em algumas áreas para saquear prédios ainda de pé.
Para deter os saqueadores, um toque de recolher foi anunciado em Tacloban e cerca de 2.000 soldados e policiais foram mobilizados.
Se a situação na cidade é "angustiante", a preocupação também é grande para algumas ilhas nas proximidades, considerou Patrick Fuller, porta-voz regional da Cruz Vermelha Internacional. "Eu acredito que vai demorar dias, se não semanas, antes de termos uma imagem precisa da situação."