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Talibãs decapitam 17 pessoas por festa no Afeganistão

Em mais um dia sangrento no país, 10 soldados afegãos faleceram e dois integrantes da Otan foram mortos a tiros


	O principal mercado do distrito de Kajaki, no Afeganistão, destruído pela violência: os talibãs eram famosos durante seu governo por execuções públicas e pela proibição de músicas e festas
 (Bronwen Roberts/AFP/AFP)

O principal mercado do distrito de Kajaki, no Afeganistão, destruído pela violência: os talibãs eram famosos durante seu governo por execuções públicas e pela proibição de músicas e festas (Bronwen Roberts/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2012 às 12h35.

Kandahar - Insurgentes islamitas talibãs decapitaram 17 pessoas que participavam de uma festa, enquanto 10 soldados afegãos faleceram e dois integrantes da Otan foram mortos a tiros em um novo ataque interno em um dia sangrento no Afeganistão.

Os talibãs foram responsáveis por decapitar os civis, incluindo duas mulheres, que estavam em uma festa com música em uma cidade do sul do Afeganistão, informaram autoridades.

"Eu posso confirmar que isto é trabalho dos talibãs", afirmou o porta-voz do governador da província de Helmand, Daud Ahmadi, à AFP.

"Duas mulheres e 15 homens foram decapitados. Eles participavam em uma festa com música em uma área sob o controle dos talibãs".

Os talibãs eram famosos durante seu governo por execuções públicas e pela proibição de músicas e festas.

Nematullah Khan, o chefe do distrito de Musa Qala, confirmou que os moradores organizaram uma festa com música, e um funcionário local disse suspeitar de que as duas mulheres dançaram.

Durante seu governo, de 1996 a 2001, no Afeganistão, os talibãs, que agora travam uma insurgência feroz contra o governo do presidente Hamid Karzai, apoiado pelo Ocidente, também tentaram deter o contato de homens e mulheres que não fossem parentes.

Os insurgentes foram acusados no passado de decapitar moradores locais, a maioria deles por acusações de espionar para as forças afegãs e para as tropas da Otan, lideradas pelos Estados Unidos.

Haji Musa Khan, um líder tribal do distrito de Musa Qala, afirmou que a região viu um surto de assassinatos deste tipo nos últimos meses.

"Tivemos três pessoas decapitadas durante o mês do Ramadã. Outra pessoa, o filho de um líder tribal, foi decapitado recentemente", disse.


Khan afirmou que as mortes se seguiram a grandes operações militares realizadas pelas tropas afegãs e da Otan na região.

Horas antes das decapitações, insurgentes talibãs invadiram um posto do Exército afegão na mesma província em um ataque realizado nesta segunda-feira antes do amanhecer, matando 10 soldados, disseram autoridades.

Quatro soldados também ficaram feridos e outros seis estavam desaparecidos após o ataque no distrito de Washir, em Helmand, informou o coronel Mohammad Ismael Hotak à AFP.

O porta-voz de Helmand, Ahmadi, confirmou o incidente e disse que o ataque foi uma "conspiração interna" na qual alguns soldados do exército ajudaram os rebeldes a atacar o posto.

Se for confirmado que o ataque foi facilitado por soldados, isso marcará uma nova escalada na série de atentados internos contra forças afegãs e da Otan.

Dois soldados da Otan também foram mortos nesta segunda-feira quando um soldado do exército afegão voltou sua arma contra eles em um ataque na província de Laghman, afirmou a Força Internacional de Assistência à Segurança, Isaf, liderada pelos Estados Unidos.

"Soldados da Isaf responderam com tiros e mataram o atacante", disse a Isaf.

As últimas mortes de membros da Otan aumentam o balanço de ataques internos para 12 apenas neste mês e para 42 no ano de 2012, o que representa 13% de todas as mortes de membros da Otan neste ano.

A Otan, que tem cerca de 130 mil tropas no Afeganistão, luta para conter os ataques e eles se tornaram um grande problema na guerra do Afeganistão, provocando desconfianças entre as duas forças.

Os insurgentes talibãs reivindicam a autoria de muitos dos ataques, mas a Otan aponta que eles ocorrem, em sua maioria, devido a diferenças culturais, estresse e animosidade pessoal entre as tropas afegãs e seus aliados internacionais.

O porta-voz da Isaf, general Gunter Katz, afirmou nesta segunda-feira à imprensa que os ataques não vão prejudicar a cooperação com as tropas afegãs, num momento em que a Otan se prepara a deixar o país em 2014.

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