Talibãs afegãos querem cobrar imposto de telefonia móvel
A direção dos talibãs exigiu esta taxa a quatro operadoras durante uma reunião secreta organizada no mês passado na cidade paquistanesa de Quetta
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2016 às 10h09.
Os talibãs afegãos pretendem atenuar a queda de seus recursos financeiros aplicando uma "taxa de proteção" às operadoras de telefonia móvel, um dos poucos setores lucrativos no Afeganistão, indicaram à AFP fontes das empresas e dos insurgentes.
A direção dos talibãs exigiu esta taxa a quatro operadoras durante uma reunião secreta organizada no mês passado na cidade paquistanesa de Quetta, onde vivem muitos dirigentes da organização.
Em troca deste imposto, os talibãs se comprometem a não atacar as infraestruturas e os funcionários das empresas.
Os talibãs se inspiraram no imposto aos operadores instaurado pelo governo, que permitiu recuperar em poucos dias 1,14 milhão de dólares, indicaram dois executivos que participaram da reunião em Quetta.
"Querem que entreguemos a eles a mesma soma que damos ao governo", disse à AFP uma das fontes.
"Dissemos a eles que isso afundaria o negócio, mas eles nos responderam: 'é a única garantia de que seus funcionários e as infraestruturas não serão atacados'", contou a fonte.
Uma fonte na shura de Quetta, o órgão central dos talibãs, confirmou este projeto e indicou que os insurgentes esperavam uma resposta dos operadores.
"Dissemos a eles: 'temos o direito de impor isso para proteger as torres de transmissão no Afeganistão. Devem pagar'", explicou o líder talibã.
Há algum tempo os insurgentes talibãs tomam como alvos operadores de telecomunicações privados, sequestrando engenheiros ou destruindo torres de transmissão.
No entanto, a oficialização de uma taxa deste tipo seria uma novidade e mostraria que a direção dos talibãs atua cada vez mais como um "governo fantasma".
Este imposto tende a compensar a queda da arrecadação em outras fontes de renda, em particular a produção de ópio, num momento em que os talibãs realizam uma vigorosa ofensiva contra o governo e precisam resistir à pressão do grupo Estado Islâmico (EI).
As empresas afetadas são Elisalat, baseada em Abu Dhabi, a sul-africana MTN e as locais Roshan e Afghan Wireless Communication Company.
Nenhuma empresa quis responder às perguntas da AFP oficialmente, mas o representante de uma delas confirmou o conteúdo da reunião.
"Uma taxa de 10% para os talibãs? Isso quer dizer que temos que mostrar nossas contas aos insurgentes", comentou esta fonte que pediu o anonimato.
"Isso não é possível. Dissemos que não", acrescentou.
No entanto, outro executivo presente na reunião não é tão categórico e admite que é uma ilusão pensar que poderão se abster de pagar, considerando que, no máximo, podem conseguir um desconto.
"O que podemos fazer? As infraestruturas e os investimentos estão em risco", disse à AFP.
"Mas temo que se começarmos a pagar a um grupo insurgente, outros virão nos perseguir", acrescentou.
Os operadores de telefonia já cederam a exigências dos talibãs, em particular cortando o serviço durante a noite nas zonas onde os insurgentes estão implantados.
"Com exceção do operador governamental Salaam, todas as companhias privadas cortaram o serviço", afirmou à AFP o diretor de telecomunicações da província de Helmand (sul), Omaidullah Zaheer.
"Os operadores privados nos suplicaram: 'façam algo, perdemos dinheiro a cada dia'. Mas não podemos fazer nada", acrescentou Zaheer.
O Afeganistão, com 30 milhões de habitantes, tem 18,5 milhões de usuários de telefonia móvel.
Os talibãs afegãos pretendem atenuar a queda de seus recursos financeiros aplicando uma "taxa de proteção" às operadoras de telefonia móvel, um dos poucos setores lucrativos no Afeganistão, indicaram à AFP fontes das empresas e dos insurgentes.
A direção dos talibãs exigiu esta taxa a quatro operadoras durante uma reunião secreta organizada no mês passado na cidade paquistanesa de Quetta, onde vivem muitos dirigentes da organização.
Em troca deste imposto, os talibãs se comprometem a não atacar as infraestruturas e os funcionários das empresas.
Os talibãs se inspiraram no imposto aos operadores instaurado pelo governo, que permitiu recuperar em poucos dias 1,14 milhão de dólares, indicaram dois executivos que participaram da reunião em Quetta.
"Querem que entreguemos a eles a mesma soma que damos ao governo", disse à AFP uma das fontes.
"Dissemos a eles que isso afundaria o negócio, mas eles nos responderam: 'é a única garantia de que seus funcionários e as infraestruturas não serão atacados'", contou a fonte.
Uma fonte na shura de Quetta, o órgão central dos talibãs, confirmou este projeto e indicou que os insurgentes esperavam uma resposta dos operadores.
"Dissemos a eles: 'temos o direito de impor isso para proteger as torres de transmissão no Afeganistão. Devem pagar'", explicou o líder talibã.
Há algum tempo os insurgentes talibãs tomam como alvos operadores de telecomunicações privados, sequestrando engenheiros ou destruindo torres de transmissão.
No entanto, a oficialização de uma taxa deste tipo seria uma novidade e mostraria que a direção dos talibãs atua cada vez mais como um "governo fantasma".
Este imposto tende a compensar a queda da arrecadação em outras fontes de renda, em particular a produção de ópio, num momento em que os talibãs realizam uma vigorosa ofensiva contra o governo e precisam resistir à pressão do grupo Estado Islâmico (EI).
As empresas afetadas são Elisalat, baseada em Abu Dhabi, a sul-africana MTN e as locais Roshan e Afghan Wireless Communication Company.
Nenhuma empresa quis responder às perguntas da AFP oficialmente, mas o representante de uma delas confirmou o conteúdo da reunião.
"Uma taxa de 10% para os talibãs? Isso quer dizer que temos que mostrar nossas contas aos insurgentes", comentou esta fonte que pediu o anonimato.
"Isso não é possível. Dissemos que não", acrescentou.
No entanto, outro executivo presente na reunião não é tão categórico e admite que é uma ilusão pensar que poderão se abster de pagar, considerando que, no máximo, podem conseguir um desconto.
"O que podemos fazer? As infraestruturas e os investimentos estão em risco", disse à AFP.
"Mas temo que se começarmos a pagar a um grupo insurgente, outros virão nos perseguir", acrescentou.
Os operadores de telefonia já cederam a exigências dos talibãs, em particular cortando o serviço durante a noite nas zonas onde os insurgentes estão implantados.
"Com exceção do operador governamental Salaam, todas as companhias privadas cortaram o serviço", afirmou à AFP o diretor de telecomunicações da província de Helmand (sul), Omaidullah Zaheer.
"Os operadores privados nos suplicaram: 'façam algo, perdemos dinheiro a cada dia'. Mas não podemos fazer nada", acrescentou Zaheer.
O Afeganistão, com 30 milhões de habitantes, tem 18,5 milhões de usuários de telefonia móvel.