Suspeito-chave de corrupção no Parlamento Europeu firma acordo de cooperação judicial
Por esse acordo de cooperação, Panzeri deverá oferecer informações sobre o modus operandi e os "arranjos financeiros com outros países envolvidos"
AFP
Publicado em 17 de janeiro de 2023 às 18h16.
Última atualização em 17 de janeiro de 2023 às 18h54.
O ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, um suspeito-chave no escândalo de corrupção conhecido como "Catargate", firmou um acordo de colaboração premiada com a Justiça, anunciou o Ministério Público da Bélgica nesta terça-feira, 17.
O acordo refere-se ao compromisso pelo qual um arrependido oferece testemunho "substancial, revelador, verdadeiro e completo sobre a participação de terceiros e, em seu caso, a sua própria, em crimes dentro do âmbito coberto no caso", assinalou o MP.
Por esse acordo de cooperação, Panzeri deverá oferecer informações sobre o modus operandi e os "arranjos financeiros com outros países envolvidos", assim como as estruturas financeiras utilizadas.
Panzeri também comprometeu-se a oferecer informações sobre a "participação de pessoas conhecidas e desconhecidas na investigação, inclusive a identidade das pessoas que ele admite ter subornado".
Com o estabelecimento do acordo, Panzeri poderá se beneficiar de uma "sentença limitada".
Essa sentença incluirá pena de prisão, multa e confisco "dos bens obtidos, atualmente estimados em € 1 milhão".
Quanto à pena de prisão, seu advogado Laurent Kennes explicou à AFP que esta não será superior a um ano, e que parte deste período será cumprida fora da penitenciária, com tornozeleira eletrônica.
O escândalo resultou na prisão da influente eurodeputada grega Eva Kaili, que ocupava uma das 14 vice-presidências do Parlamento Europeu, além de Panzeri e outras duas pessoas.
O caso se concentra em indícios de pagamentos a legisladores europeus para favorecer os interesses do Catar no Parlamento Europeu, embora também se multipliquem as denúncias de participação do Marrocos nessas ações.
Catar e Marrocos, por sua vez, negam com firmeza essas alegações.
O escândalo abalou profundamente o Parlamento Europeu, que destituiu Kaili de suas responsabilidades na vice-presidência. A pessoa encarregada de substitui-la no cargo será designada na quarta-feira.
Depois de concluir seu último mandato como eurodeputado, Panzeri estabeleceu-se em Bruxelas à frente da ONG que fundou em 2019, "Fight Impunity".
O dirigente sindical italiano Luca Visentini reconheceu ter recebido da Fight Impunity uma doação em dinheiro de aproximadamente € 50 mil, mas garantiu que não estava vinculado a nenhuma tentativa de corrupção ou de tráfico de influência em benefício do Catar.
Os envolvidos no caso foram acusados pela Justiça belga de "pertencerem a uma organização criminosa", lavagem de dinheiro e corrupção.