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Porcos mortos em rio chinês chegam a 16 mil. Novo pesadelo?

Autoridades de saúde dizem que a qualidade da água não está sendo afetada. Difícil é confiar - a contaminação dos recursos hídricos é um dos pesadelos ambientais mais crescentes no país

Já se vão 15 dias desde o aparecimento dos primeiros animais mortos nas águas de Xangai (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 22 de março de 2013 às 15h01.

São Paulo - No Dia Mundial da Água , comemorado anualmente em 22 de março, a China parece não ter muito o que celebrar. Um novo levantamento indica que subiu para 16 mil o número de porcos mortos retirados do principal rio de Xangai, o Huangpu.

Já se vão 15 dias desde o aparecimento dos primeiros animais mortos nas águas da maior cidade do país, mas até o momento não foi encontrado nenhum responsável direto. E, ao que tudo indica, novas carcaças continuam sendo jogadas no rio.

As autoridades de Xangai trabalham com a suspeita de que fazendeiros de uma província vizinha estejam por trás do despejamento em massa.

O motivo da morte dos animais também permanece um mistério, embora já corram relatos de que um vírus letal para porcos (não transmissível para humanos) possa ser a causa.

Apesar do número alarmante de animais mortos não parar de crescer, as autoridades de saúde dizem que a qualidade da água não está sendo afetada e que não há risco para a saúde das pessoas. O rio Huangpu abastece 20% da população de Xangai.

Difícil é acreditar. A poluição da água é fonte de preocupação crescente na China e se tornou um dos maiores desafios ambientais do país nas últimas décadas, ao lado da poluição do ar e das altas concentrações de nitrogênio no solo.

Segundo um relatório do Greenpeace da Ásia, cerca de 320 milhões de pessoas (quase um quarto da população chinesa) não tem acesso à água potável no país.


Na esteira da polêmica sobre os porcos mortos, um relatório da Administração Estatal de Oceanos do país revelou a poluição das águas costeiras do país aumentou 180% em um ano. A área afetada soma 68 mil km².

Um caso recente de contaminação que assustou o país aconteceu no dia 31 de dezembro de 2012, quando um vazamento químico de 39 toneladas de uma fábrica de fertilizantes na província de Shanxi afetou duas outras províncias.

A indústria têxtil chinesa, com seus resíduos da produção (metais pesadas, tóxicos e substâncias cancerígenas) também é uma fonte significativa de poluição no país. Estimativas da OMS indicam que a água contaminada causa mais de 100 mil mortes por ano.

De acordo com o Relatório Estatístico Anual de 2010 sobre o Meio Ambiente na China, publicado pelo Ministério da Proteção Ambiental, a indústria têxtil do país gerou quase 2,5bilhões de metros cúbicos de esgoto em 2010. O problema é que nem todo esse esgoto – assim como os porcos – vai parar no lugar certo.

Uma análise feita pela Ong nas cidades de Xintang e Gurao, que concentram boa parte das fábricas de jeans e roupa íntima chinesas, mostrou altos níveis de metais que podem ser prejudiciais à saúde, como cobre, cádmio e chumbo, em algumas ocasiões em níveis até 128 vezes maiores dos limites considerados saudáveis.

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São Paulo - No Dia Mundial da Água , comemorado anualmente em 22 de março, a China parece não ter muito o que celebrar. Um novo levantamento indica que subiu para 16 mil o número de porcos mortos retirados do principal rio de Xangai, o Huangpu.

Já se vão 15 dias desde o aparecimento dos primeiros animais mortos nas águas da maior cidade do país, mas até o momento não foi encontrado nenhum responsável direto. E, ao que tudo indica, novas carcaças continuam sendo jogadas no rio.

As autoridades de Xangai trabalham com a suspeita de que fazendeiros de uma província vizinha estejam por trás do despejamento em massa.

O motivo da morte dos animais também permanece um mistério, embora já corram relatos de que um vírus letal para porcos (não transmissível para humanos) possa ser a causa.

Apesar do número alarmante de animais mortos não parar de crescer, as autoridades de saúde dizem que a qualidade da água não está sendo afetada e que não há risco para a saúde das pessoas. O rio Huangpu abastece 20% da população de Xangai.

Difícil é acreditar. A poluição da água é fonte de preocupação crescente na China e se tornou um dos maiores desafios ambientais do país nas últimas décadas, ao lado da poluição do ar e das altas concentrações de nitrogênio no solo.

Segundo um relatório do Greenpeace da Ásia, cerca de 320 milhões de pessoas (quase um quarto da população chinesa) não tem acesso à água potável no país.


Na esteira da polêmica sobre os porcos mortos, um relatório da Administração Estatal de Oceanos do país revelou a poluição das águas costeiras do país aumentou 180% em um ano. A área afetada soma 68 mil km².

Um caso recente de contaminação que assustou o país aconteceu no dia 31 de dezembro de 2012, quando um vazamento químico de 39 toneladas de uma fábrica de fertilizantes na província de Shanxi afetou duas outras províncias.

A indústria têxtil chinesa, com seus resíduos da produção (metais pesadas, tóxicos e substâncias cancerígenas) também é uma fonte significativa de poluição no país. Estimativas da OMS indicam que a água contaminada causa mais de 100 mil mortes por ano.

De acordo com o Relatório Estatístico Anual de 2010 sobre o Meio Ambiente na China, publicado pelo Ministério da Proteção Ambiental, a indústria têxtil do país gerou quase 2,5bilhões de metros cúbicos de esgoto em 2010. O problema é que nem todo esse esgoto – assim como os porcos – vai parar no lugar certo.

Uma análise feita pela Ong nas cidades de Xintang e Gurao, que concentram boa parte das fábricas de jeans e roupa íntima chinesas, mostrou altos níveis de metais que podem ser prejudiciais à saúde, como cobre, cádmio e chumbo, em algumas ocasiões em níveis até 128 vezes maiores dos limites considerados saudáveis.

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