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"Serei o contrário de Erdogan", promete principal opositor na Turquia

Principal líder da oposição, Muharrem Ince, afirmou que o atual presidente deixou a sociedade turca polarizada ao longo dos 16 anos no poder

A Turquia quer respirar, quer paz, quer segurança, disse Ince (Oman Orsal/Reuters)
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AFP

Publicado em 22 de junho de 2018 às 09h08.

Turquia - "Serei um presidente que congrega [...] Todo o contrário" de Recep Tayyip Erdogan - garante Muharrem Ince, o principal opositor ao chefe de Estado turco em uma entrevista à AFP às vésperas das eleições legislativas e presidencial.

"Há 16 anos, tem um Erdogan que deixa a sociedade tensa, que a polariza, que a divide. Eu serei todo o contrário. Serei um presidente que congrega", promete Muharrem Ince, em sua casa em Elmalik, uma pequena localidade da província de Yalova (noroeste).

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Ince diz estar confiante para as eleições antecipadas de 24 de junho, que se anunciam como apertadas.

Embora Erdogan continue sendo o político mais popular da Turquia e se antecipe que vai liderar a disputa presidencial, as pesquisas mostram que não é garantido que vá receber os 50% de votos necessários que lhe permitiriam ser eleito no primeiro turno.

"A Turquia quer respirar, quer paz, quer segurança", afirma Ince.

"Não um homem esgotado, não um homem que grita e vocifera. Alguém mais jovem, sangue fresco", acrescenta este orador de 54 anos, dez a menos do que Erdogan.

Candidato da principal sigla de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), Ince se impôs como o mais virulento crítico de Erdogan, que reina na cena política turca desde 2003 - primeiro como premiê e, depois, como presidente.

Ince é conhecido por seu estilo aguerrido e por suas indiretas, mas, nesta sexta, estava mais relaxado.

"Sem excluir ninguém"

Para muitos observadores, o estilo polarizador de Erdogan deixa uma sociedade profundamente dividida, entre aqueles que bajulam o chefe de Estado e aqueles que o detestam.

Se for eleito, Ince se compromete a governar "sem excluir ninguém".

"Mulher com véu, ou sem ele, de esquerda ou de direita, turco ou curdo, alevi ou sunita, não há nenhuma diferença", insiste.

Em sua candidatura à Presidência, no início de maio, Ince fez um gesto ao retirar seu emblema do CHP de sua jaqueta para colocar a bandeira turca em seu lugar.

O candidato considera que a Turquia está "preparada" para virar a página de Erdogan.

"Inclusive é o que quer", afirma.

E, para aumentar suas chances, Ince percorre a Turquia, multiplicando os comícios nos quatro cantos do país. Na noite desta sexta, tem um ato de campanha previsto para acontecer em Yalova, sua base familiar e eleitoral.

"Devolver a confiança"

Relativamente discreto sobre seu programa, em particular sobre os principais eixos do que seria sua política externa, Ince se opõe à visão da diplomacia de Erdogan, o qual acusa de "lançar declarações radicais".

Se for eleito, Ince promete contribuir com "inteligência" para a diplomacia turca e "ter os pés no chão".

"Um presidente da República assim devolverá a confiança aos mercados", disse ele, referindo-se à situação econômica, marcada por uma inflação de dois dígitos e pela veloz erosão da lira turca, apesar do forte crescimento.

O que fará se for derrotado? "Não vou deixar a política, isso está claro, mas estou convencido de que serei eleito, eu vejo isso", afirma, sorrindo.

E acrescenta com um tom provocador: "Não precisam fazer essa pergunta".

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