São Paulo e Jinhua, cidade chinesa que exporta R$ 15 bi ao Brasil, fecham acordo para novos negócios
Projeto em fase avançada na Câmara Municipal propõe tornar as cidades "irmãs"; cidade chinesa tem mercado com 75 mil lojas que vendem produtos para o mundo todo
Editor de Macroeconomia
Publicado em 13 de setembro de 2024 às 15h26.
Última atualização em 13 de setembro de 2024 às 15h36.
A cidade de São Paulo e a cidade de Jinhua, no Sudeste da China, assinaram nesta sexta-feira, 13, um memorando de entendimento para cooperarem em áreas de comércio e cultura. A cidade exportou 15 bilhões de reais em mercadorias para o Brasil no ano passado, e corre na Câmara dos Vereadores um projeto de lei para que as cidades sejam irmãs.
São Paulo já tem acordo de cooperação com oito cidades chinesas, entre elas a capital, Pequim, assinado há 20 anos.
"Essa parceria proporciona rica troca cultural e oportunidade para a economia criativa e o turismo", disse o vereador George Hato (MDB), que conduziu a reunião na Câmara Municipal de São Paulo.
Jinhua, que tem 7 milhões de habitantes, é um polo econômico na China. A cidade, que abrange outros distritos menores como Yiwu, a capital mundial das pequenas commodities, exporta para 230 países e regiões do globo, com foco especial nos setores de indústria têxtil e fabricação de hardware. Em Yiwu, um mercado internacional tem 75.000 lojas e vende mais de 2 milhões de produtos diferentes pelo planeta. Recebe 500.000 compradores estrangeiros todos os anos, em especial do Oriente Médio e russos. A ideia é atrair cada vez mais brasileiros.
Jinhua é também um dínamo industrial. No distrito de Yongkong, que faz parte administrativa de Jinhua, são produzidas 850 milhões de garrafas térmicas e 80 milhões de ferramentas eletricas todos anos, que abastecem o mercado interno e são exportadas globalmente.
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Segundo a cidade, há novos setores emergentes como fotoelétrico e biomédica.
Em 2023, as exportações da cidade para o mundo totalizaram 94 bilhões de dólares, ocupando o 6º lugar na China. Jinhua quer se posicionar como um bom lugar para estrangeiros na China: 25.000 estrangeiros vivem ali e, nos últimos três anos, 3.000 empresas com capital estrangeiras foram abertas na cidade. "A autorização de trabalho e a autorização de residência para estrangeiros na China serão processadas no prazo mínimo de 5 dias úteis", diz um material da prefeitura local.
Papel, carne e café
"O presidente Xi Jinpining afirmou que Brasil e China são grandes países em desenvolvimento e parceiros", apontou Zheng Jian, prefeito da cidade chinesa durante o evento. "O comércio de Jinhua com Brasil somou 20 bilhões de yuans (15 bilhões de reais) no ano passado. Temos interesse na produção de papel e celulose, carne bovina", afirmou. "E claro, café. Os cidadãos de Jinhua adoram café."
Jian disse esperar aprofundar a relação entre São Paulo e Jinhua em várias áreas. "Espero ter mais produtos do Brasil no mercado da China", afirmou. "Vou criar um ambiente favorável de investimento do Brasil para a China."
Segundo dados compilados pelo governo de Jinhua, a importação de produtos brasileiros pela cidade aumentou 8,8 vezes de 2019 a 2023, e os principais produtos que embarcaram para a cidade chinesa foram a carne bovina e papel é celulose.
"Esperamos que esse memorando seja apenas o início de muitos outros projetos conjuntos", afirmou Ricardo Gomyde, secretário de relações internacionais da prefeitura de São Paulo. "As relações entre São Paulo e China têm gerado inúmeras oportunidades de intercâmbio em economia, cultura tecnologia e políticas públicas."
"Com Jinhua temos uma nova oportunidade de fortalecer ainda mais essa rede de cooperação", disse .
O governo da capital paulista apresentou oportunidades de investimentos na cidade, em especial nos setores de jogos eletrônicos e apostas esportivas.
Uma apresentação da SP Negócios mostrou que metade das empresas que pediram licenças para operar apostas esportivas estão sediadas na capital.
Iniciativas verdes
Além disso, ambas as cidades têm feito esforço significativos para promover a sustentabilidade, ressaltou o vereador Hato.
"Jinhua é conhecida por suas iniciativas verdes e criação de parques urbanos enquanto a capital paulista tem avançado em projetos de energia renovável e gestão de resíduos", afirmou. "Essa cooperação certamente trará avanços significativos na gestão ambiental."
A cidade chinesa introduziu o conceito de "cidade-esponja", que se utiliza da própria natureza para melhor resistir à ocorrência crescente de tempestades.