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Rússia prossegue ataques na Síria; Obama adverte Putin

A Rússia deu continuidade a seus bombardeios na Síria, revelando que atacou pela primeira vez o reduto do grupo Estado Islâmico

Sírios removem um homem ferido em ataques aéreos atribuídos a forças do governo sírio (Samir Al-Dumy/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 22h40.

Paris - A Rússia deu continuidade nesta sexta-feira a seus bombardeios na Síria , revelando que atacou pela primeira vez o reduto do grupo Estado Islâmico (EI), enquanto o presidente americano, Barack Obama, qualificava a estratégia de Moscou de atacar rebeldes moderados como "uma receita para o desastre".

Moscou realizou nesta sexta-feira seis novos ataques aéreos na Síria, segundo o ministério da Defesa, no terceiro dia de intervenção russa neste país em guerra.

"Seis ataques foram realizados contra alvos do grupo terrorista EI durante 14 voos por aviões Sukhoi Su-34, Sukhoi Su-24M e Sukhoi Su-25", precisou o ministério em um comunicado.

Aeronaves russas visaram pela primeira vez na quinta-feira a província de Raqa, considerada a "capital" do grupo jihadista.

Os ataques russos desta sexta-feira "se estenderam até os subúrbios do oeste da cidade de Raqa e à região do aeroporto militar de Tabqa, mais ao sudoeste, matando pelo menos 12 jihadistas", segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

À noite, Moscou indicou que realizou novos ataques nas províncias de Idleb, em Maaret al-Nooman, e de Hama.

Mais cedo, os bombardeios se concentraram em Homs (centro do país), de acordo com uma fonte militar síria.

Também visaram "posições militares e centros de comando do Exército da Conquista em Jisr al-Chughur" e outras localidade de Idleb, segundo uma fonte no terreno.

O "Exército de conquista" é uma coalizão que reúne a Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) e grupos islâmicos que combatem o regime e o EI ao mesmo tempo.

A Rússia afirma lutar contra o EI e "todos os outros grupos terroristas" na Síria, mas os Estados Unidos e seus aliados acusam Moscou de atacar, principalmente, os opositores do seu aliado, o presidente Bashar Al-Assad, nas zonas nas quais o EI está pouco presente.

Nesta sexta-feira, Obama qualificou a estratégia russa de "receita para o desastre", mas admitiu que trabalhar com Moscou para reduzir as tensões é algo ainda possível.

De acordo com Obama, a estratégia russa "não faz diferenças entre o Estado Islâmico e a oposição sunita moderada que quer a saída de Assad. De sua perspectiva, todos são terroristas, e isso é uma receita para o desastre".

Neste contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu em Paris para discussões sobre a Síria com os líderes francês, François Hollande, e alemã, Angela Merkel.

Após o encontro, o presidente francês e a chefe do governo alemão afirmaram que insistiram com o presidente russo para que sua aviação só ataque o grupo jihadista.

"Ambos insistimos no fato de que o inimigo que temos que combater é o EI", declarou Merkel, durante uma coletiva de imprensa da qual participou também Hollande.

França, Alemanha, Catar, Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos subiram o tom nesta sexta-feira contra a operação militar russa na Síria, chamando-a de "nova escalada" que poderia "agitar o extremismo e a radicalização" neste país.

"Exortamos a Rússia a parar imediatamente seus ataques contra a oposição e a população civil síria, e concentrar os seus esforços na luta contra o" grupo Estado Islâmico, escreveram os governos destes países em um comunicado conjunto.

Durante a reunião desta sexta, Putin e Hollande tentaram "acertar os pontos de vista sobre a transição política" na Síria, segundo fontes diplomáticas francesas.

As potências ocidentais se declaram dispostas a discutir uma solução política com os membros do regime de Damasco, desde que Assad deixe o poder, uma ideia contrária a da Rússia, que apoia o presidente sírio.

Mas os ocidentais já não reivindicam, como fizeram no início da crise, uma partida imediata do presidente sírio. Em 8 de setembro, o presidente Hollande disse que a questão seria levantada "em um momento ou outro", como parte do processo de transição.

Três a quatro meses

A campanha de bombardeios aéreos russos na Síria deve durar de três a quatro meses e vai se tornar mais intensa, segundo afirmou nesta sexta-feira o presidente da Comissão das Relações Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados) do Parlamento russo, Alexei Pushkov.

Pushkov afirmou ainda que os bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos não eram suficientemente eficazes e era necessário passar para outra etapa na luta contra o grupo EI na Síria.

A coalizão internacional já realizou milhares de ataques aéreos contra o EI na Síria e no Iraque sem, contudo, destruir a organização jihadista.

Em paralelo a sua ação militar, a Rússia compartilhou com o Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução antiterrorista que associaria Damasco a uma coalizão internacional ampliada contra os jihadistas.

Neste sentido, o governo sírio disse aceitar participar em discussões preliminares a fim de preparar uma conferência de paz sob os auspícios da ONU.

Segundo o chefe da diplomacia síria Wallid Muallem, seriam "quatro comitês de especialistas sugeridos pelo mediador da ONU Staffan de Mistura para realizar consultas preliminares, não vinculantes".

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Paris - A Rússia deu continuidade nesta sexta-feira a seus bombardeios na Síria , revelando que atacou pela primeira vez o reduto do grupo Estado Islâmico (EI), enquanto o presidente americano, Barack Obama, qualificava a estratégia de Moscou de atacar rebeldes moderados como "uma receita para o desastre".

Moscou realizou nesta sexta-feira seis novos ataques aéreos na Síria, segundo o ministério da Defesa, no terceiro dia de intervenção russa neste país em guerra.

"Seis ataques foram realizados contra alvos do grupo terrorista EI durante 14 voos por aviões Sukhoi Su-34, Sukhoi Su-24M e Sukhoi Su-25", precisou o ministério em um comunicado.

Aeronaves russas visaram pela primeira vez na quinta-feira a província de Raqa, considerada a "capital" do grupo jihadista.

Os ataques russos desta sexta-feira "se estenderam até os subúrbios do oeste da cidade de Raqa e à região do aeroporto militar de Tabqa, mais ao sudoeste, matando pelo menos 12 jihadistas", segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

À noite, Moscou indicou que realizou novos ataques nas províncias de Idleb, em Maaret al-Nooman, e de Hama.

Mais cedo, os bombardeios se concentraram em Homs (centro do país), de acordo com uma fonte militar síria.

Também visaram "posições militares e centros de comando do Exército da Conquista em Jisr al-Chughur" e outras localidade de Idleb, segundo uma fonte no terreno.

O "Exército de conquista" é uma coalizão que reúne a Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) e grupos islâmicos que combatem o regime e o EI ao mesmo tempo.

A Rússia afirma lutar contra o EI e "todos os outros grupos terroristas" na Síria, mas os Estados Unidos e seus aliados acusam Moscou de atacar, principalmente, os opositores do seu aliado, o presidente Bashar Al-Assad, nas zonas nas quais o EI está pouco presente.

Nesta sexta-feira, Obama qualificou a estratégia russa de "receita para o desastre", mas admitiu que trabalhar com Moscou para reduzir as tensões é algo ainda possível.

De acordo com Obama, a estratégia russa "não faz diferenças entre o Estado Islâmico e a oposição sunita moderada que quer a saída de Assad. De sua perspectiva, todos são terroristas, e isso é uma receita para o desastre".

Neste contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu em Paris para discussões sobre a Síria com os líderes francês, François Hollande, e alemã, Angela Merkel.

Após o encontro, o presidente francês e a chefe do governo alemão afirmaram que insistiram com o presidente russo para que sua aviação só ataque o grupo jihadista.

"Ambos insistimos no fato de que o inimigo que temos que combater é o EI", declarou Merkel, durante uma coletiva de imprensa da qual participou também Hollande.

França, Alemanha, Catar, Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos subiram o tom nesta sexta-feira contra a operação militar russa na Síria, chamando-a de "nova escalada" que poderia "agitar o extremismo e a radicalização" neste país.

"Exortamos a Rússia a parar imediatamente seus ataques contra a oposição e a população civil síria, e concentrar os seus esforços na luta contra o" grupo Estado Islâmico, escreveram os governos destes países em um comunicado conjunto.

Durante a reunião desta sexta, Putin e Hollande tentaram "acertar os pontos de vista sobre a transição política" na Síria, segundo fontes diplomáticas francesas.

As potências ocidentais se declaram dispostas a discutir uma solução política com os membros do regime de Damasco, desde que Assad deixe o poder, uma ideia contrária a da Rússia, que apoia o presidente sírio.

Mas os ocidentais já não reivindicam, como fizeram no início da crise, uma partida imediata do presidente sírio. Em 8 de setembro, o presidente Hollande disse que a questão seria levantada "em um momento ou outro", como parte do processo de transição.

Três a quatro meses

A campanha de bombardeios aéreos russos na Síria deve durar de três a quatro meses e vai se tornar mais intensa, segundo afirmou nesta sexta-feira o presidente da Comissão das Relações Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados) do Parlamento russo, Alexei Pushkov.

Pushkov afirmou ainda que os bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos não eram suficientemente eficazes e era necessário passar para outra etapa na luta contra o grupo EI na Síria.

A coalizão internacional já realizou milhares de ataques aéreos contra o EI na Síria e no Iraque sem, contudo, destruir a organização jihadista.

Em paralelo a sua ação militar, a Rússia compartilhou com o Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução antiterrorista que associaria Damasco a uma coalizão internacional ampliada contra os jihadistas.

Neste sentido, o governo sírio disse aceitar participar em discussões preliminares a fim de preparar uma conferência de paz sob os auspícios da ONU.

Segundo o chefe da diplomacia síria Wallid Muallem, seriam "quatro comitês de especialistas sugeridos pelo mediador da ONU Staffan de Mistura para realizar consultas preliminares, não vinculantes".

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