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Rússia ordena retirada de tropas da cidade ucraniana de Kherson

Esse recuo foi anunciado após a retirada, nas últimas semanas, de mais de 100.000 civis da área

Antes de Kherson (sul), as tropas russas já haviam sido forçadas a deixar a região de Kharkiv (noroeste) em setembro, em meio à avassaladora reação ucraniana (Scott Peterson/Getty Images)

Antes de Kherson (sul), as tropas russas já haviam sido forçadas a deixar a região de Kharkiv (noroeste) em setembro, em meio à avassaladora reação ucraniana (Scott Peterson/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 16h15.

A Rússia ordenou, nesta quarta-feira (9), que suas tropas se retirem de Kherson, ante o avanço da contraofensiva ucraniana, em um novo revés que a obriga a abandonar a única capital regional conquistada em quase nove meses de operação militar.

Esse recuo foi anunciado após a retirada, nas últimas semanas, de mais de 100.000 civis da área, uma operação denunciada pelas autoridades ucranianas como uma "deportação".

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Antes de Kherson (sul), as tropas russas já haviam sido forçadas a deixar a região de Kharkiv (noroeste) em setembro, em meio à avassaladora reação ucraniana.

À época, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização de 300.000 reservistas para consolidar as linhas e recuperar a iniciativa no terreno. Dezenas de milhares de membros desse contingente já se encontram em zonas de combate.

"Comece a retirar os soldados", disse hoje na televisão o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, ao general Serguei Surovikin, comandante das operações russas na Ucrânia, admitindo que a decisão de se retirar para a margem direita do rio Dnieper "não foi nada fácil".

"As manobras [de retirada] dos soldados começarão muito rapidamente", declarou o oficial militar.

A Rússia abandona, assim, não apenas seu maior troféu de campanha, mas também a capital de uma das quatro zonas anexadas no final de setembro.

Shoigu ordenou a suas tropas que se retirem da margem direita (ao oeste) do Dnieper, onde fica a cidade de Kherson. O objetivo é estabelecer uma linha defensiva na margem esquerda do rio, que representa um obstáculo natural mais fácil de proteger.

A região de Kherson também ganha importância estratégica, por fazer fronteira com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Logo depois do anúncio, o conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, disse, no entanto, que até o momento não havia visto "qualquer sinal de que a Rússia vá deixar Kherson sem lutar", acrescentando que parte das tropas de Moscou continua na cidade.

O general Surovikin justificou a retirada pelo desejo de proteger os soldados russos e acusou as forças ucranianas de bombardear civis.

"Pensamos, antes de mais nada, na vida de cada soldado russo", declarou.

Ainda segundo ele, o Exército russo "resiste com sucesso às tentativas de assalto" dos ucranianos.

O chefe da administração russa de Kherson, Vladimir Saldo, informou a morte de Kirill Stremousov, um funcionário de alto escalão das autoridades de ocupação em um acidente de trânsito.

Stremousov foi um dos mais fervorosos defensores da anexação de Kherson à Rússia. Sua morte ocorre depois que vários funcionários indicados por Moscou foram alvos de ataques, às vezes mortais, na Ucrânia.

- Ajuda europeia -

Surovikin também anunciou que as autoridades de ocupação "retiraram" 115.000 pessoas da margem direita para a esquerda do Dnieper nas últimas semanas.

Os ocidentais continuam, por sua vez, afirmando seu apoio militar, logístico e financeiro a Kiev.

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), propôs aos 27 países-membros do bloco a concessão de um pacote de 18 bilhões de euros (um valor semelhante em dólares) à Ucrânia para 2023, na forma de empréstimos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, agradeceu pela "solidariedade" europeia.

A possibilidade de os republicanos vencerem as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos gerou temores na Ucrânia sobre a futura posição de Washington, embora a Casa Branca tenha assegurado que o apoio era "incontestável".

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, também considerou que o resultado das eleições americanas não prejudicará, de forma alguma, o apoio militar ocidental à Ucrânia.

"Está absolutamente claro que há um forte apoio bipartidário nos Estados Unidos para continuar apoiando a Ucrânia, e isso não mudou", garantiu.

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