Reconstrução de Palmira é ilusória, diz Unesco
Além da cidadela do século XIII os extremistas destruíram duas joias de Palmira, os templos de Bel e de Baalshamin, assim como o Arco de Triunfo
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2016 às 08h12.
Annie Sartre-Fauriat, membro do grupo de especialistas da Unesco para o patrimônio sírio, duvida da "capacidade de se reconstruir Palmira", depois de ver as destruições e os saques nessa localidade e no museu, também "devastado" pelo grupo Estado Islâmico (EI).
"Todo o mundo se entusiasma porque Palmira foi libertada, entre aspas, mas não se pode esquecer de tudo que foi destruído e da catástrofe humanitária do país. Estou perplexa com a capacidade, inclusive com a ajuda internacional, de reconstruir Palmira", disse à AFP esta historiadora especialista em Oriente Médio .
Sartre-Fauriat integra o grupo de especialistas constituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2013 sobre o patrimônio sírio.
"Quando ouço dizer que se vai reconstruir o templo de Bel, me parece ilusório. Não se pode reconstruir algo que se encontra em um estado de escombros e de pó. Construir o quê? Um templo novo? Talvez haja outras prioridades na Síria antes de reconstruir as ruínas", observa.
Além da cidadela do século XIII, arrasada durante os combates na cidade, os extremistas destruíram duas joias de Palmira, os templos de Bel e de Baalshamin, assim como o Arco de Triunfo, algumas torres funerárias e o Leão de Al-Lat.
Conhecida como "a pérola do deserto", Palmira tem mais de 2.000 anos de antiguidade. É considerada Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
O responsável por Antiguidades e Museus da Síria disse à AFP, nesta segunda-feira, que serão necessários pelo menos cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos, ou danificados em Palmira, ocupada pelos radicais do EI durante dez meses.
"Se tivermos a aprovação da Unesco, serão necessários cinco anos para restaurar os imóveis destruídos e danificados pelo EI", declarou Maamun Abdelkarim.
"Temos pessoal qualificado, temos conhecimento e estudo, mas é necessária a aprovação da Unesco, e poderemos começar os trabalhos em um ano", acrescentou.
Museu saqueado
"Também será necessário que a guerra acabe e o sítio seja protegido", afirma Sartre-Fauriat.
"Enquanto o Exército sírio estiver no interior, não estou tranquila. Não esqueçamos de que o Exército, que ocupou o lugar entre 2012 e 2015, causou muita destruição e saques", lembra a historiadora.
"Não nos enganemos. Não é porque retomamos Palmira do Daesh (acrônimo do EI em árabe) que a guerra terminou. Esta recuperação é uma operação política, midiática, em relação à opinião pública do regime de Bashar al-Assad", completou.
Segundo Sartre-Fauriat, que recebe sem parar novas fotografias e vídeos diretamente da região, "muitos vestígios têm de ser dados por perdidos".
Em um vídeo recebido nesta segunda, vê-se pela primeira vez o interior do museu de Palmira, transformado em tribunal pelo EI. De acordo com fotografias, "os personagens das tampas dos sarcófagos foram martelados, todas as estátuas, derrubadas, decapitadas, quebradas...", lamentou a especialista.
Típicas de Palmira, as lápides "foram arrancadas de forma selvagem das paredes, provavelmente para serem vendidas pelo Daesh no mercado do arte", apontou.
Annie Sartre-Fauriat, membro do grupo de especialistas da Unesco para o patrimônio sírio, duvida da "capacidade de se reconstruir Palmira", depois de ver as destruições e os saques nessa localidade e no museu, também "devastado" pelo grupo Estado Islâmico (EI).
"Todo o mundo se entusiasma porque Palmira foi libertada, entre aspas, mas não se pode esquecer de tudo que foi destruído e da catástrofe humanitária do país. Estou perplexa com a capacidade, inclusive com a ajuda internacional, de reconstruir Palmira", disse à AFP esta historiadora especialista em Oriente Médio .
Sartre-Fauriat integra o grupo de especialistas constituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2013 sobre o patrimônio sírio.
"Quando ouço dizer que se vai reconstruir o templo de Bel, me parece ilusório. Não se pode reconstruir algo que se encontra em um estado de escombros e de pó. Construir o quê? Um templo novo? Talvez haja outras prioridades na Síria antes de reconstruir as ruínas", observa.
Além da cidadela do século XIII, arrasada durante os combates na cidade, os extremistas destruíram duas joias de Palmira, os templos de Bel e de Baalshamin, assim como o Arco de Triunfo, algumas torres funerárias e o Leão de Al-Lat.
Conhecida como "a pérola do deserto", Palmira tem mais de 2.000 anos de antiguidade. É considerada Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
O responsável por Antiguidades e Museus da Síria disse à AFP, nesta segunda-feira, que serão necessários pelo menos cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos, ou danificados em Palmira, ocupada pelos radicais do EI durante dez meses.
"Se tivermos a aprovação da Unesco, serão necessários cinco anos para restaurar os imóveis destruídos e danificados pelo EI", declarou Maamun Abdelkarim.
"Temos pessoal qualificado, temos conhecimento e estudo, mas é necessária a aprovação da Unesco, e poderemos começar os trabalhos em um ano", acrescentou.
Museu saqueado
"Também será necessário que a guerra acabe e o sítio seja protegido", afirma Sartre-Fauriat.
"Enquanto o Exército sírio estiver no interior, não estou tranquila. Não esqueçamos de que o Exército, que ocupou o lugar entre 2012 e 2015, causou muita destruição e saques", lembra a historiadora.
"Não nos enganemos. Não é porque retomamos Palmira do Daesh (acrônimo do EI em árabe) que a guerra terminou. Esta recuperação é uma operação política, midiática, em relação à opinião pública do regime de Bashar al-Assad", completou.
Segundo Sartre-Fauriat, que recebe sem parar novas fotografias e vídeos diretamente da região, "muitos vestígios têm de ser dados por perdidos".
Em um vídeo recebido nesta segunda, vê-se pela primeira vez o interior do museu de Palmira, transformado em tribunal pelo EI. De acordo com fotografias, "os personagens das tampas dos sarcófagos foram martelados, todas as estátuas, derrubadas, decapitadas, quebradas...", lamentou a especialista.
Típicas de Palmira, as lápides "foram arrancadas de forma selvagem das paredes, provavelmente para serem vendidas pelo Daesh no mercado do arte", apontou.