Mundo

Quem é o príncipe saudita que brigou com Musk por controle do Twitter

Bilionário, investidor árabe do Twitter se envolveu em um bate-boca com Musk por oferta do fundador da Tesla para compra da plataforma; príncipe tem participação na Apple, Pepsi e outras cias

Príncipe saudita Alwaleed Bin Talal: briga com Elon Musk por controle do Twitter (Mohammad Obaidi/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Príncipe saudita Alwaleed Bin Talal: briga com Elon Musk por controle do Twitter (Mohammad Obaidi/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 19 de abril de 2022 às 18h18.

Não são raras as figuras no mundo árabe que detém fortunas baseadas nos lucros do petróleo e da construção civil. Mas nem todos expandiram seus negócios como o príncipe Alwaleed Bin Talal, apontado como o indíviduo mais rico da Arábia Saudita. Aos 67 anos, o sobrinho do rei Fahad bin Abdul Aziz Al-Saud é um dos maiores acionistas de empresas como o Twitter e a WarnerMedia – além da Apple, Pepsi e Euro Disney.

Não se sabe ao certo, no entanto, o alcance de sua participação no Twitter. Em 2015, último ano em que o dado foi divulgado, o príncipe detinha 5,2% das ações da companhia. Talal se envolveu em um bate-boca com Elon Musk, fundador da Tesla e da Space X, pelo controle do Twitter, na última semana.

"Não acredito que a oferta proposta de Elon Musk (US$ 54,20) chega perto do valor intrínseco do Twitter dadas suas perspectivas de crescimento”, afirmou o príncipe. "Sendo o maior e mais antigo investidor do Twitter, minha empresa e eu rejeitamos essa oferta". Musk, que revelou uma oferta de 43 bilhões de dólares para comprar todas as ações do Twitter, rebateu a crítica. "Quanto o reino da Arábia Saudita possui do Twitter, direta e indiretamente? Quais são as visões do reino sobre a liberdade de expressão jornalística?", questionou.

LEIA TAMBÉM:

Um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em mais de 16 bilhões de dólares, Talal tem um pouco de conhecimento sobre falta de liberdade. Em 2017, ele foi preso, junto com outros nove príncipes e quatro ministros, pela monarquia da Arábia Saudita, que governa o país, sob a acusação de corrupção. A operação foi transmitida pela Al Arabyia, rede de TV a cabo oficialmente aprovada pelo governo saudita – em geral, os meios de comunicação precisam contar com aval do poder público para operar no país.

As prisões foram vistas como parte da campanha do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para consolidar seu poder – hoje, é ele quem de fato governa o país. Salman confessou ter responsabilidade sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, considerado uma ameaça para a Arábia Saudita, em 2019.

Talal e outros membros da Casa Real saudita acabaram ficando presos pouco tempo – eles ficaram recolhidos em aposentos do hotel Ritz Carlton na capital Riad, um dos endereços mais exclusivos do mundo.

Depois do episódio, no entanto, Talal vinha limitando suas declarações públicas – o imbróglio com Musk representou uma exceção. Alfinetado pelo empreendedor americano, ele preferiu se calar.

O príncipe possui um histórico de contendas com a mídia: já processou o libanês Pierre El Daher, CEO da rede de TV LBCI, uma das mais proeminentes do Líbano, e a revista americana Forbes.

Casado pelo menos quatro vezes, ele teve dois filhos – a vida pessoal do príncipe permanece resguardada, assim como a de outros representantes da realeza saudita.

Fundador da Kingdom Holding, um conglomerado de hotéis, imóveis de fundos de investimento, Talal é considerado atualmente o indivíduo mais rico da Arábia Saudita.

 

Mais de Mundo

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD

Câmara dos EUA evita paralisação do governo com aprovação de pacote emergencial de financiamento

Maduro propõe reforma constitucional para reforçar controle político na Venezuela

Atropelamento em feira de Natal na Alemanha mata duas pessoas e caso é investigado como terrorismo