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Queda de Mubarak mudaria a relação entre o mundo árabe, Israel e potências

Egito, que enfrenta os maiores distúrbios de sua história recente, é o país mais poderoso da região

Protestos contra o governo no Egito: país vive bloqueio eletrônico para impedir manifestações (Peter Macdiarmid/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 21h00.

Os protestos que tomam conta do Egito há quatro dias trazem preocupação sobre as consequências da tensão que domina o mundo árabe. O país é um dos dois únicos estados árabes que tem relações com Israel - o outro é a Jordânia. Além disso, depois de Israel, é o país da região que mais recebe ajuda americana - quase 2 bilhões de dólares por ano. É esperado, portanto, que a repressão seja mais eficiente no país, do que em qualquer outro da região.

Por outro lado, qualquer explosão que tenha sucesso ali ganhará maior repercussão, principalmente levando em conta a proximidade entre o Egito e seus fortes aliados: Israel e Estados Unidos. Se todo este processo ainda culminar com queda do presidente, Hosni Mubarak, há 30 anos no poder, as mudanças nas alianças podem ser mais profundas.

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Os distúrbios do Egito são os mais graves da história recente do país e reivindicam o fim da lei de emergência, que vigora desde a morte do ex-presidente Anwar Sadat, e a realização de eleições parlamentares. “As manifestações têm se mostrado sérias o suficiente para serem entendidas como indicadoras do começo do fim da era Mubarak”, afirma Amin Saikal, diretor do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade Nacional da Austrália.

Segundo ele, os próximos dias vão dizer sobre o futuro do ditador no país. "Ou ele vai ceder à oposição ou impor regras militares mais fortes”, acrescenta Saikal.

Caso Mubarak seja derrubado do poder, as consequências devem ser profundas, principalmente por estremecer o vínculo entre Egito e Israel, um aliado importante. As relações entre os países são boas há mais de 30 anos - o Egito foi o primeiro país árabe a assinar um acordo de paz com os israelenses, em 1979. Agora, Israel teme uma revolução e uma possível tomada de poder pelo grupo radical Irmandade Muçulmana – o que também desperta receio por parte dos Estados Unidos.

“Nesse momento, entretanto, qualquer intervenção de outros países pode ser muito perigosa, por isso EUA e Israel estão sendo cautelosos”, pondera Edgard Leite, professor de história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e especialista em Oriente Médio.

Além dos EUA, a queda do ditador também deve afetar a maneira em que Irã influencia o Oriente Médio, podendo provocar ainda o crescimento e a propagação de um islã militante e anti-Ocidente e, portanto, mudar a vida de 80 milhões de egípcios ou ainda se espalhar a outras nações que enfrentam protestos menores, como a Argélia e a Jordânia. “Nenhum estado quer estar na posição de ser forçado a negociar com organizações que propagam o terror”, pondera Asaf Romirowsky, especialista em Oriente Médio e membro do grupo americano Middle East Forum.

Embora mantendo a cautela, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, defendeu nesta sexta-feira o fim da censura à internet e à telefonia no país, pedindo ainda que o governo do Egito não use a força para reprimir os protestos. "Os egípcios deveriam viver em uma sociedade democrática com respeito aos direitos humanos. Nós acreditamos fortemente que eles deveriam se envolver em reformas econômicas, políticas e sociais", declarou. A União Europeia também se posicionou a favor de reformas no Egito, indicando mudanças urgentes no país e a liberação imediata dos manifestantes detidos.

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