Quais são as próximas etapas da negociação do Brexit?
Após um ano da votação do Brexit, as negociações para a saída do Reino Unido do bloco europeu continuam e a conclusão do processo está prevista para 2019
AFP
Publicado em 28 de março de 2018 às 11h37.
Última atualização em 28 de março de 2018 às 11h43.
Dentro de um ano, em 29 de março de 2019, o Reino Unido deixará - segundo o previsto - a União Europeia , mas as negociações sobre a futura relação entre Londres e Bruxelas estão longe de terminar.
Na sexta-feira, os 27 membros da UE aprovaram as "diretrizes" que deverão orientar o negociador europeu Michel Barnier nos diálogos sobre "o marco da futura relação", que serão celebradas paralelamente às negociações sobre as condições do divórcio.
A seguir, uma síntese do que se sabe sobre a futura saída britânica do bloco europeu:
A data de saída da UE
A princípio, o Reino Unido deixará o bloco em 29 de março de 2019, dois anos depois de ter ativado oficialmente o procedimento de divórcio com a UE e quase três anos depois do referendo de 23 de junho de 2016, no qual 52% dos eleitores britânicos votaram pela separação.
No entanto, a data poderia ser adiada se o Reino Unido e os outros 27 Estados-membros assim o acordarem.
Os termos da saída
Londres e Bruxelas alcançaram um acordo preliminar em dezembro sobre três questões-chave: a conta da saída, os direitos dos cidadãos europeus e a fronteira entre a província da Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
Com relação a este último ponto, na semana passada os britânicos aceitaram integrar a opção de um "espaço regulamentar comum" que inclua a UE e a Irlanda do Norte, pelo menos até que se encontre outra solução satisfatória.
"Os dirigentes vão avaliar em junho se a questão irlandesa foi resolvida e como proceder para uma declaração comum sobre nossa futura relação" com o Reino Unido, explicou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Com relação aos cidadãos, serão preservados os direitos dos mais de três milhões de europeus que residem no Reino Unido e do mais de um milhão de britânicos que moram em outros países da UE e que poderão reivindicar o estatuto de residente permanente.
Por último, o Reino Unido aceitou continuar contribuindo com o orçamento da UE até 2020 e honrar todos os compromissos adquiridos, o que equivaleria - segundo seus cálculos - a uma cifra entre 40 e 45 bilhões de euros.
O período de transição pós-Brexit
Em discurso em 22 de setembro de 2017, em Florença, Theresa May reivindicou a manutenção dos laços atuais com a UE durante um período de transição de dois anos depois do Brexit para evitar uma mudança brutal das normas para os cidadãos e as empresas.
Os 27 aprovaram, no final de janeiro, o princípio de "uma transição 'statu quo'" em que se mantenham a livre circulação de bens, serviços e pessoas, embora Londres já não possa se pronunciar sobre as decisões da UE. Este período vai durar até o fim de 2020.
A futura relação comercial
O Reino Unido quer abandonar o mercado único e a união alfandegária para poder negociar seus próprios acordos comerciais e dar fim à liberdade de circulação de cidadãos europeus, mas deseja um acordo de livre-comércio "o mais amplo possível".
Contudo, Theresa May admitiu que, após deixar o mercado único, "a vida será diferente".
A UE insiste em que o futuro acordo de livre-comércio deveria preservar a indivisibilidade de seu mercado único, lembrando um de seus princípios básicos nesta negociação: nada de comércio "à la carte", setor por setor.
A questão dos serviços financeiros, que interessa especialmente à City, não foi abordada nas diretrizes, mas sim em uma declaração em separado em que os 27 pediram que a Comissão Europeia proponha um mecanismo de equivalência para que o setor financeiro britânico possa continuar tendo acesso ao continente. Um acesso que poderia ser revogado por Bruxelas a qualquer momento.
Se não houver acordo, seriam aplicadas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o Reino Unido, o que equivaleria a barreiras alfandegárias.