Putin diz que disputa por Ártico não vai virar batalha
Rússia e vizinhos travam disputa pelo controle dos hidrocarbonetos da região
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
Moscou - O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que a disputa pelos recursos energéticos do Ártico não resultará em uma "batalha" entre as potências interessadas e prometeu limpar o setor ártico russo.
"Estou convencido de que as atuais divergências sobre o Ártico podem ser resolvidas por meio da cooperação e segundo o direito internacional", disse Putin durante um fórum internacional sobre o futuro do Ártico.
Os países com costa ártica - Rússia, Canadá, Dinamarca, Noruega e Estados Unidos - protagonizam há décadas uma disputa por um quarto das reservas mundiais de hidrocarbonetos da região.
Putin qualificou os prognósticos sobre um conflito pela soberania do Ártico como "infundados", mas reconheceu que existem "grandes interesses econômicos e geopolíticos" na região.
A própria Rússia fez várias reivindicações territoriais sobre o Ártico nos últimos anos.
Em 2001, as autoridades russas apresentaram à ONU uma solicitação na qual expunham que a cordilheira submarina ártica de Lomonosov é uma continuação de sua plataforma continental. Em 2007 uma expedição russa chegou a cravar a bandeira do país no fundo do Oceano Glacial Ártico, no local onde fica o Polo Norte.
Além disso, Putin anunciou hoje que prevê ampliar a presença de cientistas russos no Ártico, com o pretexto de estudar o aquecimento global na região, segundo as agências russas.
O controle do Ártico pode ser uma importante fonte de riquezas para os países envolvidos na disputa. Só o mar de Bárents, de soberania repartida em partes iguais entre Rússia e Noruega, abriga bilhões de toneladas de petróleo e gás.
Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, destacou que seu país atualmente reúne novas provas para apresentar à ONU em 2013 com o objetivo de ampliar os limites da plataforma continental russa.
O Governo russo afirma estar disposto a cooperar, mas que chegar a um consenso é uma tarefa difícil, já que os demais países têm uma concepção diferente do Ártico e preveem apresentar à ONU solicitações similares às da Rússia.
Apesar da atual importância do Ártico, há décadas a atividade militar e comercial castigou o ecossistema da região, que se transformou em uma área de "despejo".
Para acabar com a contaminação radioativa - um dos maiores problemas da região -, Putin prometeu eliminar os resíduos do Ártico russo, cuja contaminação supera até em seis vezes os níveis permitidos.
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