Putin é malvisto em 24 países; no Brasil, só 12% veem líder russo positivamente, diz pesquisa
A imagem da Rússia também ficou arranhada: no Brasil, só 18% têm uma posição favorável a Moscou, uma queda de 16 pontos percentuais em relação a 2019
Agência de notícias
Publicado em 12 de julho de 2023 às 16h37.
Última atualização em 12 de julho de 2023 às 16h46.
A visão sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin , vai de mal a pior desde que ele invadiu a Ucrânia. Uma pesquisa do instituto Pew Research em 24 países mostra que 87% não confiam no russo para fazer a coisa certa em questões internacionais. No Brasil, o índice de desconfiança é de 77%. Só 12% dos brasileiros veem Putin com bons olhos.
Da última vez que o instituto questionou o sentimento dos brasileiros sobre Putin, em 2019, ele inspirava confiança para 61% ante 17%, que já não simpatizavam com o presidente russo naquela época. A imagem da Rússia também ficou arranhada: no Brasil, só 18% têm uma posição favorável a Moscou, uma queda de 16 pontos percentuais.
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O cenário de desconfiança se repete em outros países analisados, com a Argentina, onde 74% das pessoas não acreditam que Putin tomará as melhores decisões. Mas é perto da Rússia que a desconfiança atinge o ápice. Na Suécia — que tenta aderir à Otan abandonando uma neutralidade histórica — 98% têm uma visão negativa do presidente russo. O índice é o mesmo verificado na Polônia, ex-república soviética que integra a Organização do Tratado do Atlântico Norte e a União Europeia.
A visão sobre Putin também varia de acordo com as preferências ideológicas dos entrevistados em alguns países. Pessoas mais à direita do espectro político foram mais propensas a dizer que confiam em Putin para fazer a coisa certa.
A exceção está entre países que frustram os pedidos da Ucrânia e aliados por uma posição firme contra a Rússia. Na Indonésia, que adota uma posição mais neutra em relação à guerra, a visão positiva sobre Putin cresceu em relação a 2019 para 43%. Enquanto a desconfiança teve uma leve queda para 26% no mesmo período.
Na Índia, que costuma se abster em votações da ONU contra a guerra, a confiança em Putin é de 59%, quase o dobro dos 30% que têm uma imagem negativa. Nova Délhi adota um pragmatismo que se reflete em outro ponto da pesquisa. O centro Pew Research perguntou o que é mais importante: ser firme com Moscou pela invasão da Ucrânia ou garantir o acesso as reservas de petróleo e gás da Rússia?
A pergunta foi feita em 11 países onde a dependência da energia russa é uma questão. Em média, 66% dos entrevistados responderam que a posição contra a guerra é prioridade contra 29% preferem a garantia de petróleo e gás. Na Índia e na Hungria é o contrário: mais de 70% acreditam que a questão energética é mais importante que a condenação da guerra.
Percepção sobre Zelensky
A Hungria também se destaca por ter a pior percepção sobre o presidente ucraniano Volodmir Zelensky entre todos os países analisados. No país governado por Viktor Orbán, um aliado de Putin na Europa, 86% dos entrevistados disseram confiar pouco ou nada no líder ucraniano.
De modo geral, Zelensky despertou sentimentos mistos entre os entrevistados. Na média dos países, um pouco mais da metade (51%) têm algum tipo de confiança nele contra 39% que desconfiam.
Para os latino-americanos, a desconfiança supera a visão positiva. Entre os países que foram analisados, o México é o que tem a pior visão sobre Zelensky (65% desconfiam do presidente ucraniano), seguido por Brasil (52%) e Argentina (50%).
Avaliação da Otan
A pesquisa também colheu as percepções sobre os líderes de alguns países da Otan: o americano Joe Biden, o francês Emmanuel Macron e o alemão Olaf Scholz. Entre eles, Biden é o que desperta mais confiança entre os entrevistados — 54% acreditam que ele tomará as melhores decisões no cenário internacional. Macron e Scholz tem 49% e 50% de visão positiva, respectivamente.
Entre os países da Otan, a maior parte tem uma visão positiva da aliança militar, que foi bem avaliada por uma média de 62% dos entrevistados. Mas nenhum país vê tão bem a Organização do Tratado do Atlântico Norte como a Polônia, onde 93% são favoráveis à Otan.