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Propina para sediar Copa de 2010 teria envolvido governo

Uma carta revela como pelo menos dois ministros do governo de Thabo Mkebi foram consultados sobre os pagamentos

Uma carta revela como pelo menos dois ministros do governo de Thabo Mkebi foram consultados sobre os pagamentos (REUTERS/Yannis Behrakis)
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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2015 às 12h14.

Zurique - O governo sul-africano sabia dos pagamentos considerados pelo FBI como propinas para garantir a Copa do Mundo de 2010 no país de Nelson Mandela.

Uma carta publicada pelo jornal Mail & Guardian da África do Sul revela como pelo menos dois ministros do governo de Thabo Mkebi foram consultados sobre os pagamentos. Pretória nega qualquer envolvimento.

A carta era de Danny Jordaan, o organizador do Mundial, ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Nela, ele aponta que debateu a transferência de US$ 10 milhões com Nkosazana Dlamini-Zuma, na época ministra de Relações Exteriores e hoje presidente da União Africana, e Jabu Moleketi, então vice-ministro de Finanças.

A carta é de dezembro de 2007 e Jordaan indica a Valcke opções de caminho para que o dinheiro seja pago para cartolas do Caribe. Oficialmente, os sul-africanos insistem que o dinheiro era parte de um programa social para atender a "diáspora" no Caribe. Mas, para o FBI, o dinheiro era um suborno em troca do voto de Jack Warner, o poderoso vice-presidente da Fifa naquele momento.

Valcke já negou qualquer envolvimento e disse que não renuncia. Segundo ele, quem aprovou o envio de dinheiro foi outro dirigente, Julio Grondona, morto no ano passado.

Mas, na carta, Jordaan pede a Valcke que organize a transferência e indica o conhecimento do caso pelas autoridades. "O governo sul-africano assumiu o pagamento equivalente a US$ 10 milhões para o programa de legado para a diáspora", escreveu.

Segundo o cartola, o vice-ministro Moleketi "recomendou que o dinheiro passe pela Fifa". Moleketi insistiu que a carta era uma 'fabricação' e que jamais falou disso com Jordaan.

A carta ainda revela que o cartola 'discutiu' com a ministra Nkosazana Dlamini-Zuma, que defendeu que o dinheiro passasse pelo Comitê Organizador Local. "Diante disso, eu sugiro que a Fifa deduza do orçamento futuro do COL e que lide diretamente com o pagamento", escreveu Jordaan.

Na prática, a triangulação afastaria o governo de qualquer envolvimento numa transferência de dinheiro. Três meses depois, outra carta instruiria Valcke a fazer o pagamento e pediria que Warner fosse o destinatário.

Numa outra revelação, um cheque enviado ao delator do escândalo, Chuck Blazer, seria um dos indícios de que os sul-africanos repassaram dinheiro. Blazer, aliado de Warner, recebeu US$ 750 mil e o cheque seria a primeira parcela de três pagamentos de US$ 250 mil.

O cheque, porém, foi de um banco de Trinidad e Tobago, país de Warner, e dado ao cartola no aeroporto de Nova Iorque.

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Zurique - O governo sul-africano sabia dos pagamentos considerados pelo FBI como propinas para garantir a Copa do Mundo de 2010 no país de Nelson Mandela.

Uma carta publicada pelo jornal Mail & Guardian da África do Sul revela como pelo menos dois ministros do governo de Thabo Mkebi foram consultados sobre os pagamentos. Pretória nega qualquer envolvimento.

A carta era de Danny Jordaan, o organizador do Mundial, ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Nela, ele aponta que debateu a transferência de US$ 10 milhões com Nkosazana Dlamini-Zuma, na época ministra de Relações Exteriores e hoje presidente da União Africana, e Jabu Moleketi, então vice-ministro de Finanças.

A carta é de dezembro de 2007 e Jordaan indica a Valcke opções de caminho para que o dinheiro seja pago para cartolas do Caribe. Oficialmente, os sul-africanos insistem que o dinheiro era parte de um programa social para atender a "diáspora" no Caribe. Mas, para o FBI, o dinheiro era um suborno em troca do voto de Jack Warner, o poderoso vice-presidente da Fifa naquele momento.

Valcke já negou qualquer envolvimento e disse que não renuncia. Segundo ele, quem aprovou o envio de dinheiro foi outro dirigente, Julio Grondona, morto no ano passado.

Mas, na carta, Jordaan pede a Valcke que organize a transferência e indica o conhecimento do caso pelas autoridades. "O governo sul-africano assumiu o pagamento equivalente a US$ 10 milhões para o programa de legado para a diáspora", escreveu.

Segundo o cartola, o vice-ministro Moleketi "recomendou que o dinheiro passe pela Fifa". Moleketi insistiu que a carta era uma 'fabricação' e que jamais falou disso com Jordaan.

A carta ainda revela que o cartola 'discutiu' com a ministra Nkosazana Dlamini-Zuma, que defendeu que o dinheiro passasse pelo Comitê Organizador Local. "Diante disso, eu sugiro que a Fifa deduza do orçamento futuro do COL e que lide diretamente com o pagamento", escreveu Jordaan.

Na prática, a triangulação afastaria o governo de qualquer envolvimento numa transferência de dinheiro. Três meses depois, outra carta instruiria Valcke a fazer o pagamento e pediria que Warner fosse o destinatário.

Numa outra revelação, um cheque enviado ao delator do escândalo, Chuck Blazer, seria um dos indícios de que os sul-africanos repassaram dinheiro. Blazer, aliado de Warner, recebeu US$ 750 mil e o cheque seria a primeira parcela de três pagamentos de US$ 250 mil.

O cheque, porém, foi de um banco de Trinidad e Tobago, país de Warner, e dado ao cartola no aeroporto de Nova Iorque.

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