Produção de papoula no Afeganistão teve recorde de alta
A informação faz parte de um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2013 às 15h18.
Jalalabad, Afeganistão - A produção da matéria-prima do ópio, a papoula, no Afeganistão aumentou neste ano para níveis recordes, apesar dos esforços internacionais na última década para afastar o país do tráfico de drogas . A informação faz parte de um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc).
A colheita de maio foi de 5.500 toneladas, 49% maior do que a do ano passado e mais do que a produção combinada do restante do mundo. Até mesmo em províncias afegãs com algum sucesso passado no combate ao cultivo da planta registrou reversão dessa tendência, segundo o relatório deste ano da agência antidrogas da ONU.
A retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão no ano que vem deve piorar ainda mais as coisas, disse Jean-Luc Lemahieu, representante regional do Unodoc em Cabul. Ele alertou que, na medida em que a ajuda internacional é reduzida, o governo afegão se tornará cada vez mais dependente de fontes ilícitas de renda.
O aumento da produção começou em 2010, quando agricultores foram rápidos em plantar papoula para aproveitar o aumento dos preços, resultado de uma doença que atacou as plantações no ano anterior e da escalada militar norte-americana no sul, disse Lemahieu à Associated Press.
Segundo ele, dentre os que se beneficiam do tráfico de drogas há agricultores, insurgentes e muitos membros do governo. Lemahieu disse que geralmente eles trabalham juntos.
Khan Bacha, que cultiva papoula num pequeno pedaço de terra na província de Nangarhar, reduto do Taleban a leste do país, disse que os insurgentes cobram dos fazendeiros um "imposto religioso" de um quilo a cada 10 produzidos, embora a taxa seja "negociável". "Eles dizem que estamos numa jihad", disse Bacha. "É o dinheiro de Deus que damos."
Tentativas anteriores da comunidade internacional de combater o cultivo de papoula incluíram a produção de culturas alternativas e o pagamento de agricultores, em algumas áreas, para que não plantassem papoula. Mas a ação não deu certo, já que eles passaram a fazer as plantações em outros locais para ter algum dinheiro caso os pagamentos fossem encerrados.
As plantações também parecem estar se espalhando para novas partes do país. Foram 209 mil hectares em 17 províncias neste ano, contra 154 mil hectares em 15 províncias em 2012, diz o documento.
A maior parte do cultivo de papoula no Afeganistão acontece no sul, sudoeste e leste do país, áreas onde cresce a insurgência do Taleban. Mas foi na província de Cabul e na parte central onde houve o maior aumento: 148% entre 2012 e 2013.
Apesar das notícias, o relatório destaca o aumento dos serviços sociais para lidar com o crescente número de dependentes do ópio no país. "Esses são sinais tangíveis e que dão esperança", diz o documento.
Há cerca de 1 milhão de dependentes de drogas no Afeganistão, 15% dos quais são mulheres e crianças, disse Kanishka Turkistan, porta-voz do Ministério de Saúde Pública. Fonte: Associated Press.
Jalalabad, Afeganistão - A produção da matéria-prima do ópio, a papoula, no Afeganistão aumentou neste ano para níveis recordes, apesar dos esforços internacionais na última década para afastar o país do tráfico de drogas . A informação faz parte de um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc).
A colheita de maio foi de 5.500 toneladas, 49% maior do que a do ano passado e mais do que a produção combinada do restante do mundo. Até mesmo em províncias afegãs com algum sucesso passado no combate ao cultivo da planta registrou reversão dessa tendência, segundo o relatório deste ano da agência antidrogas da ONU.
A retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão no ano que vem deve piorar ainda mais as coisas, disse Jean-Luc Lemahieu, representante regional do Unodoc em Cabul. Ele alertou que, na medida em que a ajuda internacional é reduzida, o governo afegão se tornará cada vez mais dependente de fontes ilícitas de renda.
O aumento da produção começou em 2010, quando agricultores foram rápidos em plantar papoula para aproveitar o aumento dos preços, resultado de uma doença que atacou as plantações no ano anterior e da escalada militar norte-americana no sul, disse Lemahieu à Associated Press.
Segundo ele, dentre os que se beneficiam do tráfico de drogas há agricultores, insurgentes e muitos membros do governo. Lemahieu disse que geralmente eles trabalham juntos.
Khan Bacha, que cultiva papoula num pequeno pedaço de terra na província de Nangarhar, reduto do Taleban a leste do país, disse que os insurgentes cobram dos fazendeiros um "imposto religioso" de um quilo a cada 10 produzidos, embora a taxa seja "negociável". "Eles dizem que estamos numa jihad", disse Bacha. "É o dinheiro de Deus que damos."
Tentativas anteriores da comunidade internacional de combater o cultivo de papoula incluíram a produção de culturas alternativas e o pagamento de agricultores, em algumas áreas, para que não plantassem papoula. Mas a ação não deu certo, já que eles passaram a fazer as plantações em outros locais para ter algum dinheiro caso os pagamentos fossem encerrados.
As plantações também parecem estar se espalhando para novas partes do país. Foram 209 mil hectares em 17 províncias neste ano, contra 154 mil hectares em 15 províncias em 2012, diz o documento.
A maior parte do cultivo de papoula no Afeganistão acontece no sul, sudoeste e leste do país, áreas onde cresce a insurgência do Taleban. Mas foi na província de Cabul e na parte central onde houve o maior aumento: 148% entre 2012 e 2013.
Apesar das notícias, o relatório destaca o aumento dos serviços sociais para lidar com o crescente número de dependentes do ópio no país. "Esses são sinais tangíveis e que dão esperança", diz o documento.
Há cerca de 1 milhão de dependentes de drogas no Afeganistão, 15% dos quais são mulheres e crianças, disse Kanishka Turkistan, porta-voz do Ministério de Saúde Pública. Fonte: Associated Press.